As
mortes e sequelados no nosso trânsito ainda não sensibilizaram os 200 milhões
de brasileiros.
Não
vemos caminhadas, manifestações para interromper 152 mortes por dia num país
acolhedor de todos os povos, mas não sabe como protegê-los.
Não nos
sensibilizamos pelas guerras nas comunidades, com a morte de bandidos,
policiais e inocentes.
“JE SUIS LA VIE DANS LA CIRCULATION”
Os
predadores estão soltos e invadem as cidades saídos de casas, comunidades,
trabalho, lazer e matam, alejam sem piedade, sem remorso, apenas pagam uma
fiança e saem pela porta da frente das delegacias em direção a casa. As vítimas
às vezes são direcionadas para os hospitais, mas a grande maioria é velada e
sepultada com sofrimento da família. Malditos assassinos que dentro da
coletividade são capazes de se transformarem com uso de bebidas alcoólicas,
drogas, com excesso de velocidade, celulares, digitando, enlouquecidos pelos
agentes estranhos à direção veicular. Atropelam, matam, gerando o terror no
trânsito.
Quantos
mais morrerão, somente com o sofrimento da família, sem sensibilizar o povo que
pleiteia através de movimentos, mudanças governamentais, para conquista de
terras, de tetos, de redução de tarifas.
Cai uma
aeronave, morrem 189 pessoas, é notícia internacional. Na realidade ocorreu um
acidente de trânsito que tem repercussão mundial. A sensibilidade é universal.
Surgem movimentos sociais, o Ministério da Aeronáutica faz a perícia, estudam
todas as situações para emitir um laudo que tem cunho de atuar na prevenção dos
acidentes aeronáuticos. A segurança no transporte aéreo é tão positiva que os
acidentes são raros.
Movimentos
sociais sensibilizam autoridades. Criam-se memoriais em homenagem as vítimas do
desastre aéreo. Caminhando pelas rodovias encontramos verdadeiros cemitérios,
múltiplos e precários memoriais a margem das estradas caracterizados por cruzes
colocadas por familiares.
É
TRISTE, MUITO TRISTE, AS MORTES OCORRENDO AOS NOSSOS OLHOS E PERMANECEMOS CEGOS
E MUDOS PARA O GRAVE FATO.
Nada
sensibiliza a todos como no caso do acidente aéreo. Não ocorre revolta a ponto
de se pressionar as autoridades, lideranças políticas, buscando solução
imediata para conter esses absurdos.
Perde o
país grande parcela dos jovens a cada ano, reduzindo de maneira drástica a
produção e arrecadação do país.
Ao invés
de estarmos alheios ao terror que ocorre no nosso trânsito, deveríamos estar
ajustando forças para erradicarmos a doença epidêmica presente dia e noite em
nossas vias.
A guerra
urbana há décadas foi declarada e não vemos a manifestação universal que
estamos a assistir com o que ocorreu em Paris, quando terroristas mataram
dezessete pessoas.
Atentados
ocorrem todos os dias na fúria do trânsito brasileiro com desastres, brigas,
arrastões, sequestros, roubos, assaltos, mortes e por aí vai. O terror evolui
de maneira clara, visível a todos que parecem adaptar-se a situação sem ação
combativa para conter essa epidemia.
Enquanto
isso, o Ministério da Saúde constitui equipes para o combate a larva do
mosquito da Dengue. Vão de casa em casa, de caixa d’água em caixa d’água e com
isso a mortalidade é bastante reduzida. Este é o procedimento que todos esperam
que equipes sejam formadas para de esquina em esquina onde o acidente é
eminente, os órgãos governamentais atuem para erradicação dessa doença
epidêmica no nosso trânsito.
Texto do Dr.
Dirceu Rodrigues Alves Júnior, Diretor
de Comunicação e do Departamento de Medicina de Tráfego Ocupacional da Associação
Brasileira de Medicina de Tráfego.
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