Joaquim
José da Silva Xavier (16 Agosto 1746 - 21 Abril 1792), foi um dos líderes da
revolução brasileira conhecida como Inconfidência Mineira, cujo objetivo era a
independência de Portugal e a criação da República do Brasil.
Quando o
plano foi descoberto pelos portugueses, ele foi preso, julgado e executado em
praça pública por enforcamento. Ele recebeu o apelido de Tiradentes, criado
pelos portugueses para desmoralizá-lo durante o julgamento e execução.
Nascido em
uma família pobre em Pombal, hoje município de Ritápolis (perto de São João Del
Rey, MG), Tiradentes foi adotado por seu padrinho e mudou-se para Vila Rica,
hoje Ouro Preto, MG, depois da morte de seus pais.
Ele foi
criado por seu tutor, que era um médico. Apesar de não ter tido uma educação
formal, Tiradentes lia muito e foi um autoditada, tendo exercido várias
profissões, inclusive a de vaqueiro, trabalhador em minas e dentista. Mais
tarde entrou para o Regimento de Dragões de Minas Gerais, precursor da Polícia
Militar, da qual é Patrono. Como não era membro da oligarquia política na
província, foi sistematicamente relevado nas promoções de carreira, nunca
ultrapassando a patende de Alferes (2º Tenente).
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José Joaquim da Silva Xavier, o Tiradentes, com o uniforme de 2º
Tenente dos Dragões. |
Durante sua
carreira nos Dragões, ele foi Comandante de Patrulha e percorreu várias vezes a
Estrada Real, ligando Vila Rica ao Rio de Janeiro, por onde era escoado toda a
produção de ouro, diamantes, esmeraldas e outras riquezas, enviadas para
Portugal.
Tiradentes
logo percebeu como era explorado o povo brasileiro, obrigado a pagar 20% de
impostos à Coroa Portuguesa, um valor considerado exorbitante por ele e por
muitos outros patriotas.
Suas
viagens ao Rio de Janeiro permitiram que tivesse contato com pessoas que haviam
viajado para a Europa e para os Estados Unidos, já independente naquela
ocasião. Os ideais de liberdade, democracia e república logo se manifestaram na
mente de Tiradentes.
Em 1788,
Tiradentes conheceu José Alvares Maciel, filho do governador da Capitania das
Minas Gerais, que havia recentemente retornado de uma viagem à Inglaterra.
Comparando o progresso industrial britânico com a pobreza do Brasil colonial,
Tiradentes não teve dúvidas de que a liberdade era a única esperança para o
crescimento do país, como nação.
Naquela
ocasião Portugal estava faminto por ouro, para sustentar a Coroa. A escassez
das reservas auríferas e a profunda dependência econômica fizeram com que
Portugal aumentasse os impostos e a fiscalização sobre as atividades
empreendidas no Brasil. Entre outras medidas, as cem arrobas de ouro anuais
configuravam uma nova modalidade de cobrança que tentava garantir os lucros
lusitanos.
No entanto,
com o progressivo desaparecimento das regiões auríferas, os colonos tinham
grandes dificuldades em cumprir a exigência estabelecida. Portugal,
inconformado com a diminuição dos lucros, resolveu empreender um novo imposto:
a derrama. Sua cobrança serviria para
complementar os valores das dívidas de impostos. A cobrança era feita pelo
confisco de bens e propriedades que pudessem ser de interesse da Coroa.
Influenciado
pelos escritos de filósofos liberais
franceses, como Jean-Jacques Rousseau, e pela Revolução Americana, Tiradentes
procurou outros patriotas com os mesmos pensamentos. Muitos deles eram cléricos
da Igreja Católica, militares e membros da aristocracia colonial, tais como
Cláudio Manuel da Costa (alto funcionário público e conhecido escritor), Tomás
Antônio Gonzaga (poeta e intelectual respeitado), Alvarenga Peixoto (eminente
empresário), tenente-coronel Francisco de Paula Freire de Andrade (comandante
dos Dragões) e o coronel Domingos de Abreu e Vieira. O grupo começou a difundir
suas idéias revolucionárias entre os brasileiros da época.
Seu
objetivo era criar uma República Federativa, nos moldes dos Estados Unidos da
América. A capital seria São João del Rey e a primeira obra seria a criação de
uma Universidade. Não existia ensino de nível superior no Brasil e, quem
pudesse, tinha que estudar na Europa.
A bandeira
da nova nação foi criada com um triangulo verde num fundo branco e com as
palavras em latim Libertas Quae Sera
Tamen (Liberdade, Ainda Que Tardia), gravadas nos lados do triângulo.
A bandeira,
substituindo-se o verde pelo vermelho, foi adotada pelo Estado de Minas Gerais
e é usada até hoje.
O plano de
Tiradentes era tomar as ruas de Vila Rica no dia da derrama (Fevereiro de 1789) e proclamar a independência e a criação
da República. O plano foi denunciado ao governador, que cancelou a cobrança dos
impostos, transferindo-o para outra data e ordenando a prisão dos líderes do
movimento.
Tiradentes
refugiou-se, conseguindo escapar. Sem saber que a denúncia tinha
sido feita por um dos membros do movimento, Joaquim Silvério dos Reis,
Tiradentes foi a seu encontro no Rio de Janeiro, onde foi preso no dia 10 de
Maio de 1789.
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Prisão de Tiradentes - quadro de Antonio Parreiras, 1914. |
O
julgamento durou três anos. Tiradentes assumiu toda a responsabilidade pelo
movimento. No total, dez participantes foram condenados à morte, sob a acusação
de traição e conspiração contra a Coroa. Todos, com excessão de Tiradentes,
tiveram suas penas de morte comutadas pela Rainha Maria I e transformadas em exílio
perpétuo.
No dia 21
de Abril de 1792, Tiradentes foi enforcado na praça que hoje tem o seu nome, no
Rio de Janeiro.
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O Martírio de Tiradentes - quadro de Francisco Aurélio de Figueiredo e Melo. |
Seu corpo foi esquartejado. Com seu sangue, um documento foi
escrito declarando sua memória e seus
descentendes como infames. Sua cabeça ficou exposta num poste na cidade de Vila
Rica e partes do seu corpo foram exibidas em várias cidades e vilas entre o Rio
de Janeiro e Vila Rica, para amendrontar a população, que apoiava as idéias de
liberdade de Tiradentes.
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Tiradentes Esquartejado - quadro de Pedro Américo, 1893. |
Tiradentes foi
declarado Herói Nacional Brasileiro, depois da proclamação da República em
1889.
É bom lembrarmos
quem foi, realmente, um herói no Brasil.