|
FNM D-11000 1958 - 150 HP |
A FNM (Fábrica Nacional de Motores), mais conhecida como
Fenemê, foi a primeira fábrica de caminhões do Brasil, criada pelo Governo Federal em 1942 com o objetivo de produzir motores de avião e ajudar no
esforço de combate durante a Segunda Guerra Mundial. A linha de montagem foi construída em Xerém, distrito de Duque de Caxias, RJ.
Em 1946, o governo suspendeu a construção de motores no Brasil,
direcionando a fábrica para a produção de peças para máquinas industriais e
eletrodomésticos, como geladeiras, bicicletas, compressores, etc.
Em 1949 a FNM firmou um acordo com a italiana
Isotta-Fraschinni para produzir seus veículos em território nacional. Nascia,
aí, o FNM D-7300, o primeiro caminhão fabricado no Brasil.
|
FNM D-7300 - Motor diesel 6 cilindros e 100 HP |
Na década de 1950 eu morava em Santos Dumont, MG e a estrada que ligava o Rio de Janeiro a Belo Horizonte passava por dentro da cidade, na Avenida Presidente Getúlio Vargas, onde tínhamos a nossa casa.
Com o início da construção de Brasília, o tráfego de veículos pesados aumentou consideravelmente na cidade.
A estrada, sem pavimentação fora da cidade, era a continuação da Estrada União e Indústria, construída em 1861 pelo empresário Mariano Procópio Ferreira Lage, que obteve a concessão do Imperador Pedro II para fazer a ligação entre Petrópolis e Juiz de Fora. Os 3 km que percorriam a cidade eram pavimentados com paralelepípedos e necessitavam de manutenção constante da prefeitura, pelo excesso de peso dos caminhões que transportavam os materiais para a construção da nova capital federal.
Uma atração adicional era a passagem de cargas com excesso de altura, que requeriam a retirada de fios elétricos e telefônicos. A cidade tinha uma rede de 999 telefones. O número da minha casa era 255 e do trabalho do meu pai era 257. Os telefones eram de manivela e as telefonistas nos davam informações adicionais, como a hora certa e a previsão de retorno da energia elétrica, nos casos de interrupção. Não havia necessidade de dizer o número do telefone desejado, pois as operadoras conheciam todos pelo nome.
Eu e meus amigos tínhamos o hábito de ficar sentado na calçada, em frente à minha casa, contando os caminhões que passavam. Lembro-me bem das marcas Mack Diesel e Leyland, além dos FêNêMês - os mais pesados - seguidos dos caminhões Ford e Chevrolet, mais leves. Havia ainda os Scania e Mercedes-Benz, mas em pouco número, naquela época.
Em 1957 começou a retificação do trecho entre Juiz de Fora e Belo Horizonte, com a rodovia sendo denominada BR-3. Com as obras, foi construído um contorno que retirou o trânsito pesado do centro de Santos Dumont.
A Fenemê não ficou apenas nos
caminhões. No dia 21 de abril de 1960, data da inauguração de Brasília, foi
lançado o FNM 2000 modelo JK, um sedã de luxo
baseado no Alfa Romeo 2000. Era o carro mais caro do Brasil naquela época e foi
muito utilizado pelo próprio Presidente Juscelino Kubitschek.
|
FNM 2000 modelo JK |
Em 1968 a empresa foi privatizada e vendida para a Alfa Romeo (comprada pela FIAT em 1977). A fábrica foi desativada em 1979.
O fim do ano marcava o final das temperaturas frias em Santos Dumont e o início das férias de verão, numa época que o Brasil ainda era um país que tinha futuro.