Entre os 15
maiores produtores de petróleo, Brasil só perde para Noruega quando o assunto é
o alto preço do combustível. Carga tributária e monopólio da Petrobras são
algumas das causas.
Encher o
tanque com gasolina nos postos brasileiros tem significado, nos últimos meses,
um peso significativo no bolso dos motoristas. E o preço salgado não é por
acaso: o valor praticado no Brasil é um dos recordistas no mercado mundial. De
acordo dados da empresa de consultoria Air-Inc, o preço nos postos daqui – de
US$ 1,34 por litro, o equivalente a R$ 4,42 com câmbio de R$ 3,30 – é o segundo
mais caro entre os 15 países que mais produzem petróleo no mundo. A gasolina
brasileira só perde para a da Noruega, onde o preço é ainda mais salgado,
chegando a quase US$ 1,90 por litro.
O dado
chama mais a atenção quando se compara o preço praticado nos postos daqui ao
que vigora na Venezuela, por exemplo. No vizinho sul-americano, com apenas US$
0,001 é possível comprar um litro de gasolina. O caso venezuelano é extremo,
mas, em outros países, o valor de um litro de gasolina também é inferior ao encontrado
no Brasil (veja mais no infográfico). No caso dos EUA, é possível encher o
tanque de um carro popular, com 40 litros de gasolina, por US$ 24,80 ou R$
81,80 – bem longe dos R$ 176,80 brasileiros.
Não há um
fator que, isolado, explique os altos preços dos combustíveis no Brasil. De
acordo com André Suriane, economista da Universidade Federal de Juiz de Fora
(UFJF), um dos motivos é estrutural. “O Brasil não é autossuficiente no mercado
da gasolina. Ainda importamos parte da matéria-prima, o que aumenta o custo do
produto”, explica.
Outro
aspecto que encarece o combustível é a concentração de mercado em várias etapas
da cadeia produtiva. Se soma à hegemonia da Petrobras no que diz respeito à
exploração e ao refino da gasolina – com custos que, de acordo com Suriane, não
são divulgados de forma transparente –, a distribuição também concentrada em
poucas empresas. “Além disso, na estrutura final da cadeia, os postos, ocorre a
prática de cartel em algumas cidades”, diz o economista.
Walter De
Vitto, analista de energia e petróleo da Tendências Consultoria, de São Paulo,
adiciona mais um ingrediente à receita para os preços altos: os impostos. Sobre
a gasolina incidem tributos federais (Cide,PIS/Pasep e Cofins) e estaduais
(ICMS). “Se compararmos o Brasil com outros países, o que mais nos diferencia
na questão da gasolina é a carga tributária muito alta”, afirma.
Com todas
essas questões, mesmo quando o preço baixa nas refinarias, muitas vezes a
redução não é sentida de forma imediata pelo consumidor final. “O que
costumamos dizer é que o preço sobe de elevador, mas desce de escada. Quando há
uma queda na refinaria, a redução demora um pouco mais para acontecer nos
postos”, explica De Vitto.
As soluções
para o problema, entretanto, não são simples. No caso da concentração de
mercado, por exemplo, o entrave é o alto valor dos investimentos para que uma
empresa possa entrar no setor. “É uma aposta muito alta, porque o lucro não é
certo. Obter ganhos no curto prazo é pouco provável”, diz Suriane. Além disso,
ele afirma que o fato dos preços, no Brasil, serem controlados pelo governo
complica ainda mais o cenário. “Essa configuração torna o mercado menos
atrativo para as empresas que desejam investir”, afirma o economista.
De acordo
com dados da empresa de consultoria Air-Inc, entre os 15 maiores produtores de
petróleo do mundo, o Brasil só perde para a Noruega no que diz respeito ao
preço da gasolina. Enquanto aqui o litro do combustível sai por US$ 1,34 - ou
R$ 4,42 - , na Venezuela um litro de combustível sai por US$ 0,001.
O preço da
gasolina no mundo
O valor
encontrado no Brasil se aproxima ao de países como Índia, Japão e Reino Unido.
O preço da
Gasolina nos 15 maiores
produtores
e nos países da OPEP - Organização dos Países Exportadores de Petróleo.
+ Maiores produtores de petróleo . OPEP
Fonte: Gazeta do Povo