Como no nosso país tudo tende sempre a piorar, a qualidade do combustível disponível é de baixa qualidade, além de ser talvez o mais caro do planeta.
Não por incapacidade técnica: a Petrobrás produz gasolina de alta qualidade, dentro das especificações dos Estados Unidos e da União Européia, mas para exportação, somente.
Para os brasileiros - "donos" da Petrobras, no discurso político - restam as batatas.
Ou, especificamente, uma gasolina de má qualidade, com 27% de álcool anidro.
O Pró-Álcool ou Programa Nacional do Álcool foi um projeto de substituição em larga escala dos combustíveis derivados de petróleo, por álcool, financiado pelo governo federal a partir de 1975.
Fazia todo o sentido, na época. Com grandes plantações de cana-de-açucar e profundamente dependente do óleo árabe, a crise de 1973 provocada pela criação da OPEP e pelo embargo de seus membros ao embarque de petróleo para o ocidente, levou o Brasil a ficar de joelhos, enfrentando uma das maiores crises energéticas da nossa história contemporânea.
O programa, criado pelo governo do Presidente Ernesto Geisel,
permitiu a substituição da gasolina pelo álcool,
gerando a produção de 10 milhões de automóveis que não usavam gasolina, diminuindo a dependência do país ao
petróleo importado.
Em 1975 o Brasil produzia 178.000 barris de petróleo por dia (bpd), uma ninharia comparados aos 2,8 milhões/bpd que produz hoje.
Com a redução nos preços relativos do petróleo em razão do aumento da produção mundial e a menor dependência do Brasil pelo petróleo importado, o governo federal iniciou a retirada dos subsídios à indústria alcooleira no final da década de 1990, quando o Pró-Álcool foi extinto.
A partir de 2003, a indústria automotiva iniciou a produção de veículos equipados com motores Flex, que permitem o uso dos dois combustíveis em qualquer proporção.
Durante muitos anos a adição obrigatória do álcool à gasolina ficava abaixo dos 20%. Depois foi aumentado gradativamente, atingindo o seu máximo de 27% agora.
Mas não para usar os benefícios que o álcool anidro oferece: o aumento é exclusivamente para "ajudar" os grandes produtores do combustível.
À nossa custa, é claro!
Alguns efeitos que o álcool provoca nos motores projetados para uso exclusivo de gasolina (com um máximo de 10% de álcool):
- Dissolve parte da película lubrificante de óleo do interior dos cilindros;
- Pela alta taxa de enxofre, facilita a formação de ácido sulfúrico dentro do motor, provocando desgastes das peças internas.
- Tem maior poder corrosivo que a gasolina;
- Pelo menor poder calorífico, gera um consumo maior.
O álcool, qualquer um, é higroscópico por natureza. Isto é, absorve umidade. Quanto maior o volume de álcool adicionado à gasolina, mais água será absorvida pelo combustível. Desde a mistura, durante o transporte e armazenagem e dentro do tanque do seu veículo.
E esta umidade absorvida vai danificar os componentes do motor.
O Wolfmann, que tem experiência profissional no assunto, publicou uma excelente matéria no seu blog, que reproduzo aqui, em parte:
O
combustível recomendado para as HDs é sempre motivo de discussão, mas no
momento a recomendação do uso de combustível de alta octanagem nada tem a ver
com o combustível ideal para uso nas HDs, mas sim com o combustível mais
indicado em virtude da nova mistura.
Os
motores de baixa compressão das HDs (Twin Cam e Evolution) rodam muito bem com
as gasolinas de baixa octanagem, e para quem não sabe a octanagem mede a
capacidade de não explosão da mistura conforme é comprimida, portanto quanto
maior a compressão do motor, maior a necessidade de um combustível de alta
octanagem para impedir a pré-detonação pela compressão, permitindo que a queima
se inicie pelo centelhamento e não pela compressão do cilindro.
Usar um
combustível de alta octanagem não traz prejuízo aos motores HDs, apenas custa
mais caro para o proprietário, por isso sempre alternei o uso de combustível de
alta octanagem (Pódium) com o combustível de baixa octanagem (comum) para ter
um motor mais limpo com custo médio mais baixo.
Atualmente,
o uso da gasolina de alta octanagem passará a ser imperativo para aumentar a
durabilidade dos componentes da admissão de combustível e não para melhorar
queima, performance ou rendimento.
A
mistura E-25 (adição de 25% de álcool) já é prejudicial a esses componentes
(pesquisas mostram que a durabilidade não sofre prejuízo usando a mistura E-10
ou inferior), e usar uma mistura maior só agrava o prejuízo.
Portanto,
a recomendação pelo uso de combustível de alta octanagem feita pelos
fabricantes é apenas um paliativo para evitar uma degradação ainda maior dos
componentes, mas se você não seguir essa recomendação o máximo que pode
acontecer é parar na estrada com um vazamento interno das mangueiras ou um problema
na bomba de combustível porque a sua HD vai rodar como sempre rodou, vai gastar
mais um pouco (4%) e provavelmente você vai ver o tanque esvaziar um pouco mais
rápido. Nada além disso.
Economicamente
falando, ainda será mais barato rodar com gasolina comum, mesmo consumindo
mais, porque a diferença de preço entre as gasolinas de alta octanagem e baixa
octanagem é superior a 10% (quase 20% no preço da Pódium). O preço a ser pago
será na manutenção do sistema de admissão e queima do combustível.
Estudos conduzidos em 2012 pela Auto Alliance — organização sediada em Washington que congrega os 12 maiores produtores de veículos automotivos dos EUA — sobre o impacto da gasolina com 15% de álcool, confirmam as palavras do Wolfmann e concluiu que com esta proporção já se observa danos internos nos motores, especialmente nas válvulas e sedes de válvulas. Além disso, altera a combustão, aumentando a emissão de gases poluentes acima dos limites aceitáveis.
A recomendação da Auto Alliance é que gasolina com este percentual (15%) só seja utilizada em veículos equipados com motor Flex.
A realidade é esta: se o motor do seu veículo não é Flex, ele vai sofrer pelo uso de um combustível com 25% ou 27% de álcool, não importa qual gasolina você usar. Qualquer proporção, acima de 15%, vai danificar o seu motor!
Em outras palavras, fica combinado assim no Brasil que escolhemos para viver: se você ficar o bicho pega. Se correr, entretanto, o bicho come!
Qualquer que seja a sua decisão, você vai pagar mais por ela.
Então você recomenda colocar metade de podium e metade comum ou encher com podium e noutro momento encher com comum??
ResponderExcluirEm viagem procuro alternar os tanques, entre a gasolina comum (BR, Ipiranga ou Shell) e Podium. Na cidade e para passeios curtos, uso a gasolina comum. Quando viajo (não de motocicleta), completo o tanque com Podium.
ExcluirBoa leitura. Parabéns pelo texto.
ResponderExcluirObrigado por nos acompanhar.
ExcluirAmigo acabei de comprar um HD Road king classic zero.Desculpe a minha ignorância mas fiquei um tanto confuso.Que porcaria menos prejudicial devo usar?Que MIJOLINA???
ResponderExcluirVai depender do seu uso. Se a motocicleta é usada constantemente, eu usaria gasolina comum. Se a motocicleta fica muito tempo parada, Podium.
ExcluirE a aditivada???
ExcluirVou comprar uma HD Sporster XL 1200 2015 com pouco mais de 3 mil km, está com garantia até agosto, qual a recomendação em pegar ela pra rodar constantemente, então não é recomendável a DT Clean da Ipiranga, melhor utilizar a gasolina Comum do posto Ipiranga?
ResponderExcluirBom dia estou comprando uma HD 883 vou usar no dia a dia qual gasolina específica devo usar.
ResponderExcluirGasolina comum de boa qualidade.
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