Monja Coen Sensei , nascida em 30 de junho de 1947 e
batizada como Cláudia Dias Baptista de Souza, é uma monja zen budista
brasileira e missionária oficial da tradição Soto Shu com sede no Japão.
A
Monja Coen é também a Primaz Fundadora da Comunidade Zen Budista, criada em 2001
com sede em Pacaembu, São Paulo.
Motociclista de longa data, ela deu os seguintes conselhos,
numa entrevista:
“Quilometro por quilometro, instante por instante. A moto
tem muito isso, você tem de estar inteiro, com atenção permanente. Você e a
moto tem de se tornar um corpo só, e não uma dualidade. Se você pensar que é
você e a moto, você cai. Tem de pensar que é uma coisa só. E prestar muita
atenção porque você está em contato com o vento, sem proteção. Justamente por
isso, seu estado de alerta tem de ser maior.
As pessoas estariam mais saudáveis se andassem de moto
porque é necessário um controle – e isso faz muito bem para o corpo e para a
mente. A moto exige muita consciência.
O que a moto tem de similar com a meditação é que você não
pode ficar guiando a moto divagando, pensando em problemas e dificuldades. Tem
de esvaziar a mente, e isso não significa ficar sem nada na mente, e sim estar
com ela aberta para as inúmeras possibilidades.
Eu costumo dizer que a plena atenção, na meditação, é como
uma lente grande-angular, que não tem foco único, mas está aberta a todas
possibilidades. Ela não vai focar somente você, e sim todo o ambiente ao seu
redor. E mesmo assim você estará em foco perfeito. Este é o foco que a moto
exige: o foco do meu caminho, da direção e de tudo que há à volta.
A moto é como a vida. É ela que diz a você quando mudar a
marcha, você não escolhe. Tem de ficar em sintonia com ela. E essa é a sintonia
que a gente tem de ter com a vida. Quando é que eu não posso acelerar? Quando é
que devo ir mais devagar? A moto é uma filosofia de vida. Se você não ouvir e
sentir, cai. Existe uma frase no budismo que diz assim: “Vá reto por uma
estrada cheia de curvas”. As pessoas pensam que você vai entrar na curva e se
matar, mas não é nada disso. Seja macio na curva, seja a curva quando ela
aparece. E isso a moto ensina, a ser flexível.”
Fonte: Texto publicado originalmente por Giovanni Guida
Júnior no blog Harley-Davidson Group.
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