Diferentes países, diferentes conceitos de cidadania.
Existe um projeto de lei no Senado dos Estados Unidos,
propondo a obrigação de uso de capacetes por motociclistas, em todos os Estados
da União.
Lá, como em uma verdadeira Federação, os Estados tem poderes
para legislar em vários assuntos, sem interferência do Governo Federal. Segurança
no trânsito é uma delas, ao contrário do Brasil, onde até para construir
acostamento em BR que passa pelo meio de uma cidade, é necessário a ação e
aprovação de um funcionário federal em Brasília.
O assunto, lá nos Estados Unidos, está sendo discutido na
Comissão de Comércio, Ciência e Transportes do Senado. Um dos membros da
Comissão, a Senadora Kelly Ayotte do Partido Republicano do Estado de New
Hampshire, se opôs fortemente à Proposta de Lei, com um argumento imbatível.
Disse ela: “A proposta tira o direito do povo americano de
decidir sobre o assunto, a nível local. O Governo Federal deve concentrar seus
eforços em prevenir acidentes ao invés que determinar que equipamento de
segurança os motociclistas devem usar.” Pelas notícias, a proposta deve ser
derrubada ainda na Comissão, nem indo para votação em plenário.
No Brasil, o Governo Federal concentra quase todo poder de
decisão sobre nossas vidas, além de nos impor uma das mais brutais cargas
tributárias do planeta (a segunda maior, na realidade), sem a devida
contrapartida.
No Estado de Santa
Catarina, a BR-101 Sul está em obras de duplicação há quase 20 anos, matando
centenas de pessoas anualmente, em acidentes provocados pelas péssimas
condições de conservação e sinalização da rodovia. Em outras rodovias federais,
que cortam SC no sentido leste/oeste, milhares de pessoas sofrem acidentes,
ficam aleijadas ou morrem, todos os anos, pelos mesmos motivos: rodovias com
elevado fator de trânsito de veículos pesados, com pista simples, muitas vezes sem acostamento, em condições precárias de manutenção e sinalização.
Apesar dos constantes pedidos da população e das autoridades
municipais e estaduais, os processos de duplicação das rodovias (e outras
melhorias necessárias) se arrastam durante anos nos meandros burocráticos de
Brasília, enquanto os cidadãos continuam a morrer em acidentes perfeitamente
evitáveis, pela simples análise do volume de trâfego e adaptação das rodovias
para atender à demanda, com pista bem construídas e com sinalização adequada.
Estradas construídas na década de 1970 continuam nas mesmas condições, 40 anos
depois. Como se o Brasil tivesse parado no tempo, ainda com uma população menos da
metade da que temos hoje e com um volume de veículos inalterado.
Nos próximos dias, após o Natal, inicia-se em Santa Catarina
a temporada de verão. Até o final da semana do Carnaval, no final de Fevereiro,
milhões de pessoas passarão pela BR-101 Sul (e outras rodovias federais),
vindas do Paraguai, Paraná, Mato Grosso, São Paulo, Rio de Janeiro e outros
estados ao norte e do centro-oeste, além daqueles que virão do Rio Grande do Sul,
Argentina, Uruguai e Chile.
Infelizmente, como acontece todos os anos, continuaremos a
ver nos noticiários as reportagem de acidentes quase diários, a maioria com
vítimas fatais. E, como ocorre todos os anos, nada será feito para evitar que
isto aconteça, efetivamente.
Até quando o nosso país continuará a ser um feudo, governado
por políticos e burocratas corruptos e incompetentes?
Até quando os cidadãos brasileiros
aceitarão ser tratados como raça inferior por seus próprios conterrâneos,
alçados ao poder?
Até quando sustentaremos, com nossos impostos, uma das
máquinas administrativas mais corruptas e incompetentes de que se tem notícia
na história contemporânea do Brasil?
Nenhum comentário:
Postar um comentário