terça-feira, 13 de janeiro de 2015

Que saudades do tempo em que "Arrastão" era um sucesso de Elis Regina

Arrastão em Ipanema. Isso NÃO é normal, tampouco é culpa da “sociedade”.
Gosto muito de ler a coluna do Rodrigo Constantino. Ele é muito inteligente e tem uma argumentação irresistível. Está de férias, no exterior. 
A postagem dele, hoje, reflete muito do que eu penso e de como me sinto. 
Faço as deles, minhas palavras. E assino em baixo.
O choque da volta ao Brasil, os sapos escaldados e o garçom engenheiro.
Minhas “quase férias” estão chegando ao fim. Tentei, nesse período, atualizar o blog diariamente, mas claro que o ritmo caiu bastante. Era preciso renovar as baterias para enfrentar o ano que vem pela frente, de muitos desafios e inúmeros problemas econômicos e políticos. Mas não deixei de acompanhar, ainda que com alguma distância, o noticiário brasileiro.
Já sei o que me espera na volta: o velho choque de culturas, o espanto e o lamento por abandonar a civilização e adentrar a terra da malandragem, do jeitinho, em meio aos tiroteios e riscos constantes de assalto ou arrastão. Fica sempre a dúvida no ar: volto por patriotismo ou masoquismo? Quero crer que é a primeira opção, e desejo muito ajudar na construção de um país melhor para minha filha e meus futuros netos.
Não é fácil, porém. Estou há 15 dias saindo para jantar caminhando pelas ruas tranquilamente, com minha filha ao lado, relógio de luxo no pulso, e voltando para o hotel às 23h sem receio algum, sem medo, sem olhar para os lados tenso. Aqui nos Estados Unidos, além desse direito básico de ir e vir ser respeitado, as regras também funcionam, para todos. Não preciso me irritar com os “malandros” que tentam tirar vantagem em tudo.
Como disse, acompanhei as notícias do Brasil, e para não variar, é só desgraça. Temos as maiores taxas de juros bancários desde 1999, e os eleitores de Dilma, aquela que iria “enfrentar os banqueiros”, fazem um silêncio ensurdecedor. O estelionato eleitoral não parece incomodar nossos “intelectuais”, aqueles que se julgam moralmente superiores só por terem digitado 13 nas urnas. Acham que se preocupam com os mais pobres por isso. Monopolizam as virtudes e ignoram os fatos.
Além da situação econômica terrível que vem por aí, há a questão da criminalidade. Arrastão nas praias de Ipanema, em frente ao hotel Fasano. São imagens que chocam qualquer povo civilizado, mas que fazem parte do nosso cotidiano. Arrastão na saída do Theatro Municipal, em plena tarde! E os “intelectuais” ainda dão um jeito de culpar a vítima para proteger os marginais, vistos como “vítimas da sociedade”. Só no Brasil mesmo!
Os sapos escaldados, acostumados com a quentura infernal que vai aumentando gradualmente, parecem tomar como normal aquilo que em qualquer país minimamente avançado seria visto com horror e incompreensão. Um leitor do GLOBO foi no cerne da questão hoje, ao rebater o comentário de uma das vítimas do arrastão:
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Exatamente. Não queremos admitir a peculiaridade que é viver num país sem leis, em que os “seres pensantes”, os professores, os “intelectuais”, ainda conseguem inverter tudo e culpar a vítima pelo crime.  Como um pai que se nega a enxergar o problema com as drogas do filho viciado, nós brasileiros preferimos a fuga para não encararmos de frente o absurdo país que construímos. Deu errado, mas achamos melhor tapar o sol com a peneira.
Fui jantar ontem num restaurante em Park City, Utah, novamente circulando pelas ruas cheias de neve na maior tranquilidade. O único receio era escorregar. O garçom, para minha total surpresa, perguntou: “Rodrigo? Rodrigo Constantino?” Era de Natal. Um brasileiro formado em engenharia, que chegou a trabalhar numa operadora de celular, mas que cansado da falta de oportunidades no Brasil, devido aos infindáveis obstáculos criados pelo governo, foi tentar a sorte nos Estados Unidos.
Hoje, Bruno possui um Green Card, está casado e feliz, e chega a poupar até US$ 15 mil na alta temporada, só com gorjetas. Gosta de viver sob um sistema de meritocracia, que recompensa quem trabalha duro. Sua família era de funcionários públicos, mas ele aprecia mais o risco que a estabilidade. Fez o curso de filosofia do Olavo de Carvalho e gosta de economia. Por isso me acompanhava e me reconheceu.
Bruno é um dos milhões de brasileiros que jogaram a toalha e desistiram do Brasil. E como podemos condenar sua atitude? Como podemos criticar sua decisão, quando lembramos que o eleitor brasileiro colocou o PT no poder por 16 anos? Como atacar sua escolha quando vemos a naturalidade com a qual os brasileiros lidam com um arrastão, uma afronta ao império das leis que deveria ser coibida com as mais severas punições para intimidar novos atos como estes?
A impunidade é o câncer brasileiro, e conta com o apoio dos nossos sociólogos, psicólogos, antropólogos e demais ícones de esquerda das ciências humanas que, via de regra, adoram cuspir no capitalismo, na meritocracia, no império das leis e na propriedade privada, justamente os pilares que fazem dos Estados Unidos a potência que são.
No Brasil, muitos chegam a culpar o dono do Rolex roubado pelo roubo, pois não deveria “ostentar” num lugar tão desigual. Assim como culpam os chargistas pelo atentado terrorista insano de muçulmanos fanáticos. Já nos Estados Unidos é considerado normal ter resultados desiguais, pois seres humanos são diferentes em suas habilidades, dons, esforços, mérito e sorte. A propriedade privada é respeitada. O império das leis não é flexível como no Brasil, para não dar espaço aos “malandros” que criam um país de otários.
Sim, é um texto de desabafo, em tom negativo, quase sombrio. E isso mesmo sem nem ter regressado ainda! É que sei o que me espera. Já antecipo a volta da tensão permanente, do medo de assaltos e arrastões, e de ter que “debater” com figuras que ainda conseguem defender isso tudo e culpar o capitalismo, a economia de mercado, a igualdade perante as leis por todos os males do mundo, enquanto pedem mais estado ainda para resolver os problemas criados pelo excesso de estado.
O Brasil cansa. O atraso intelectual de nosso país testa ao limite a paciência dos mais esclarecidos. Aliás, só o fato de ser um “atentado” falar em “mais esclarecidos”, pois o igualitarismo tosco do politicamente correto se enraizou de vez em nosso país, já desperta uma canseira que quase leva à apatia. Bocejo, mas depois sou tomado pela tristeza. O que fizeram com o meu Brasil?
Patriotismo ou masoquismo? Não sei ao certo. Só sei que em breve estarei de volta, com mangas arregaçadas para fazer a minha parte, para lutar contra o obscurantismo, a esquerda retrógrada, os socialistas, os relativistas culturais, os anticapitalistas de todos os tipos, e claro, os petistas no poder, essa máfia em forma de partido que representa o oposto de tudo que defendo. Não vou aceitar passivamente essa corja implantar o bolivarianismo em meu país.
Vou lutar pelo direito de minha filha e seus futuros filhos andarem com tranquilidade pelas ruas da cidade, algo visto como o básico do básico nos países desenvolvidos, e uma enorme e arriscada aventura em nosso país tupiniquim. Aguardem no local…
Rodrigo Constantino

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