Consolidated PBY 5-A Catalina |
O Consolidated PBY Catalina é uma aeronave anfíbia que foi fabricada
nas décadas de 1930 e 1940 nos EUA, Canadá (620 unidades) e
na União Soviética (27 unidades).
O Catalina serviu em todos os ramos das Forças Armadas dos Estados Unidos e nas Forças Aéreas e Marinhas de muitas outras nações.
Os últimos PBYs
militares em operação serviram até a década de 1980 na Força Aérea Brasileira.
O PBY foi originalmente projetado pela Consolidated Aircraft Corporation (fundada em 1923 em Buffalo, NY e com a fábrica em San Diego, Califórnia) para ser um bombardeiro de patrulha de longo alcance operacional. Sua missão era localizar e atacar navios de transporte inimigos, a fim de interromper as linhas de abastecimento inimigas.
Pensando em um conflito potencial no Oceano Pacífico, onde as
tropas precisariam de reabastecimento em grandes distâncias, a Marinha dos EUA
investiu milhões de dólares no desenvolvimento de hidroaviões (flying boats) de
longo alcance para essa finalidade. Os hidroaviões tinham a vantagem de não
necessitar de pistas, operando em rios, lagos e no mar.
Com o domínio americano no Oceano Pacífico desafiado pelo Japão na década de 1930, a Marinha dos EUA contratou a
Consolidated, a Martin e Douglas, em outubro de 1933, para construir protótipos
concorrentes para um hidroavião de patrulha.
A doutrina naval das décadas de 1930 e 1940 usava hidroaviões em
uma ampla variedade de funções e a Marinha americana adotou os modelos
Consolidated P2Y e Martin P3M para essa função em 1931, mas ambas as aeronaves
tinham baixa potência e eram prejudicadas por alcance e cargas úteis
limitadas.
Consolidated P2Y |
Martin P3M |
O projeto do casco em duas etapas era semelhante ao do P2Y, mas o Modelo 28 tinha uma cauda cruciforme em balanço, em vez de uma cauda dupla reforçada com suporte.
Uma aerodinâmica mais limpa deu ao Modelo 28 um desempenho melhor do que os projetos anteriores.
A construção é toda em metal, com revestimento em chapa de alumínio reforçada, exceto os ailerons e a borda de fuga da asa, revestidos com tecido.
O primeiro voo foi em 28/3/1935 e entrou em serviço ativo na U.S.Navy em outubro de 1936.
O PBY foi a aeronave mais numerosa de seu tipo utilizada pelos
aliados durante a Segunda Guerra Mundial, empregada em guerra anti-submarina, patrulha marítima,
escolta de comboio, ataque noturno, missões de busca e salvamento e transporte
de passageiros e carga.
O Catalina operou em quase todos os teatros operacionais, servindo
com distinção e desempenhando um papel proeminente e inestimável na guerra do
Pacífico. Os PBYs são muito lembrados por seu papel de resgate, salvando a vida de milhares de tripulantes abatidos sobre a água e náufragos de
navios afundados.
O Catalina marcou a primeira vitória ar-ar verificável da Marinha dos EUA sobre um avião japonês, no início da Guerra do Pacífico. Em 10 de dezembro de 1941, os japoneses atacaram o Cavite Navy Yard, nas Filipinas. Numerosos navios e submarinos dos EUA foram danificados ou destruídos por bombas e fragmentos de bombas. Enquanto voava para um local seguro durante o ataque, o PBY do Tenente Harmon T. Utter foi atacado por três caças Mitsubishi A6M2 Zero. O contramestre Earl D. Payne, artilheiro lateral, abateu um dos Zeros, marcando assim a primeira vitória aérea da Marinha dos EUA no conflito.
O Catalina realizou uma das primeiras operações ofensivas contra
os japoneses pelos EUA. Em 27 de
dezembro de 1941, seis Catalinas do Esquadrão de Patrulha 101 bombardearam navios
japoneses na Ilha Jolo, enfrentando uma
forte oposição de artilharia pesada. Quatro Catalinas foram perdidos.
Durante a Batalha de Midway, quatro PBYs da U.S.Navy ( Esquadrões de Patrulha 24 e 51) fizeram um ataque noturno com torpedos contra a frota japonesa na noite de 3 de junho de 1942, inutilizando o petroleiro “Akebono Maru”. Foi o único ataque americano com torpedos bem-sucedido em toda a batalha.
Catalinas voando a partir de bases na costa atlântica dos EUA e da
Irlanda, deram um efetivo apoio contra submarinos alemães, na defesa de
comboios de navios mercantes que levavam armamentos, tropas e suprimentos para
o Teatro de Operações da Europa.
4.051 PBYs de todas
as versões foram produzidos entre junho de 1936 e maio de 1945 para a Marinha,
Forças Aéreas do Exército e Guarda Costeira dos Estados Unidos, nações aliadas
e clientes civis.
A Força Aérea Brasileira voou Catalinas em missões de patrulha aérea naval contra submarinos alemães a partir de 1943.
Um PBY-5 do 1º Grupo de Patrulha, sob o comando do Aspirante Alberto Martins Torres (mais tarde piloto do “Senta a Pua”, com 99 missões voadas na Itália), atacou e afundou o submarino alemão U-199 ao largo da costa sudeste do Brasil, no dia 31/7/1943.
O Arará, PBY-5 do 1º Grupo de Patrulha, atacando o U-199 |
Navios e submarinos afundados na costa do Brasil |
Os hidroaviões também fizeram parte do Correio Aéreo Nacional.
Em 1948, um esquadrão de transporte foi formado e equipado com PBY-5As convertido para o papel de transporte anfíbio. O 1º Esquadrão de Transporte Aéreo (ETA-1) foi baseado na cidade de Belém e voou Catalinas e C-47s até 1982.
Os Catalinas eram convenientes para o abastecimento de destacamentos militares espalhados ao longo da Amazônia e no atendimento às populações carentes da região. Eles alcançaram lugares que, de outra forma, eram acessíveis apenas por helicópteros.
Hoje, o último Catalina brasileiro está exposto no Museu Aeroespacial (MUSAL), na Base Aérea dos Afonsos, no Rio de Janeiro.
PBY-5A/C-10A (oriundo da Real Força Aérea Canadense) voou com a matrícula FAB 6527, de 1949 a 1982 |
Várias empresas comerciais brasileiras usaram o PBY depois da guerra, sendo os principais operadores a Panair do Brasil - que iniciou os Catalinas na Amazônia - e os Serviços Aéreos Cruzeiro do Sul (mais tarde incorporado pela Varig), que assumiu os Catalinas na Amazônia depois que a Panair fechou.
Dois grande amigos e aeromodelistas, Comte. Emílio Celso Moura Chagas e Comte. Roberto Ortega Stonis (já falecido), iniciaram suas carreiras de mais de 30.000 horas de voo em aviões comerciais na Cruzeiro do Sul, nos anos 1960. Ambos foram comandantes-master nas linhas internacionais da Varig, voando MD-11 (Comte. Ortega) e DC-10, B-747 e B-767 (Comte. Celso) até aposentarem.
O Comte. Celso voou nos Catalinas da Cruzeiro na Amazônia por algum tempo.
Outro veterano do PBY Catalina foi meu vizinho, amigo e colega de clube de aeromodelismo, em Ocala, Flórida, Sydney Sherman.
Sid alistou-se na U.S. Navy em 1942 com apenas 16 anos (usando uma certidão de nascimento adulterada!). Foi designado para a Aviação Naval e treinado como observador/artilheiro em Catalinas.
No início de 1943 o seu esquadrão foi
enviado para o Brasil, onde serviu até o término da guerra, incialmente em
Belém e depois em Natal, Salvador e Rio de Janeiro, fazendo patrulhamento anti-submarino
e de escolta de comboios de navios.
Em 2003 o Sid Sherman terminou a construção da réplica de um dos PBY que ele tripulou enquanto fazia patrulhamento costeiro no Brasil, durante a guerra.
O Petty Officer First Class (U.S.Navy, Ret.) Sydney Sherman faleceu em 2013.
Sid Sherman e seu PBY Catalina na pista do On Top of the World R/C Flyers, em Ocala, FL (2004) |
Sid Sherman e eu, na casa do nosso amigo Bob Gale, em Ocala, FL (2011) |
Características gerais do PBY-5A
- Tripulação: 10 (piloto, copiloto, mecânico de voo, radio-operador, navegador, operador de radar e 4 observadores/artilheiros.
- Comprimento: 19,48 m
- Envergadura: 32 m
- Altura: 6.43 m
- Peso vazio: 9,485 kg
- Peso máximo de decolagem: 16,066 kg
- Propulsão: 2 × Pratt & Whitney R-1830-92 Twin Wasp 14-cilindros radial 1.200 hp cada
- Hélice: Tripá, passo controlado
- Velocidade máxima: 315 km/h, 170 nós
- Cruzeiro: 201 km/h, 109 nós
- Autonomia: 4.060 km, 2,190 milhas náuticas
- Teto de serviço: 15.800 ft (4.800 m)
Armamento
- 3 metralhadoras calibre .30 (7.62 mm), duas no nariz e uma na cauda
- 2 metralhadoras calibre .50 (12.7 mm), uma em cada lateral da fuselagem
- Bombas: 4,000 lb (1,814 kg) de bombas ou cargas de profundidade; suportes para torpedos também disponível
Catalina transformado para combate a incêndios |
Ao contrário do que cita o texto, na Base aerea de Belém há um exemplar do Catalina preservado. Alem do Catalina há um C-47 e L-19.
ResponderExcluirAvião muito lento, 201 km/h sua velocidade de cruzeiro.
ResponderExcluirMuito lindo esse avião. Como o C130, C115 e o ATR42, faz um vôo lindo.
ResponderExcluirEstou para entra no ramo de aeromodelismo, e meu projeto é ter esses aviões no meu hangar.
Parece que aqui no Museu Aero Espacial dos Afonsos (Base Aérea Campo dos Afonsos -RJ), tem um exemplar.