Após ter
se empenhado para reduzir as importações de combustíveis, nos nove primeiros
meses de 2014, a Petrobras inverteu o movimento e voltou a comprar mais
combustíveis no exterior.
Devido à
queda na cotação externa do petróleo, a gasolina fora do país está 36% mais
barata, e o diesel, 31%.
De
acordo com dados da ANP (Agência Nacional do Petróleo), em outubro a Petrobras
pediu aval para importar 151 mil toneladas de gasolina, 150% além da média de
julho a setembro.
Em
novembro, o pedido foi de 198 mil toneladas e, em dezembro, chegou a 388 mil
toneladas, ou 546% a mais do que no terceiro trimestre. Houve movimento similar
nos pedidos de diesel.
De
janeiro a outubro, o preço do barril esteve acima de US$ 85, chegando ao pico
de US$ 112 em junho, quando começou a cair – fechou em US$ 51 nesta quarta-feira
(7).
Nesses
dez meses, a gasolina brasileira, por determinação do governo, tinha preço
15,7% mais baixo que no exterior, segundo o CBIE (Centro Brasileiro de
Infraestrutura).
A
Petrobras importa parte do combustível que vende e vinha se esforçando para
derrubar essa importação.
Assim,
as autorizações de importação saíram de uma média mensal de 215 mil toneladas,
nos seis primeiros meses do ano, para 60 mil toneladas de julho a setembro.
Mas,
agora, a gasolina está quase 55% mais cara, e o diesel, 41,5%, que no golfo do
México, segundo o CBIE.
Já a
Raízen, dos postos Shell, obteve aval para importar, em dezembro, 55 mil
toneladas de gasolina. A Alesat pediu para importar 20 mil toneladas. Elas não
haviam registrado pedidos anteriores.
Procuradas,
Raízen e Alesat não comentaram. A Petrobras disse apenas que a política de
preços não acompanha as oscilações de curto prazo no petróleo.
O
movimento das concorrentes da BR Distribuidora, subsidiária da Petrobras, ligou
o sinal de alerta da estatal, uma vez que, se intensificado, poderá levar à
queda na venda de derivados nas refinarias.
O assunto chegou
a ser abordado em reunião do conselho de administração da Petrobras em
dezembro.
Uma
saída seria reduzir o preço, para frear a concorrência. A questão é que os
conselheiros também querem que a estatal aproveite os preços maiores para recompor
seu caixa, após anos de perdas.
Segundo
o CBIE, a Petrobras perdeu R$ 57 bilhões entre 2011 e 2014, com a defasagem.
Considerando a defasagem média de dezembro, a Petrobras tem ganhado R$ 3
bilhões por mês vendendo combustíveis mais caros –e poderá ganhar ainda mais se
puder comprar lá fora.
A ideia
é que os preços só caiam se a importação pelas rivais tornar-se incômoda.
Fonte: Folha de São Paulo - 8/1/2015
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