quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Como os tempos mudaram . . .

Fokker F-100. O avião que permitiu a TAM crescer e se igualar à Varig.
Leio, no site G1, o caso da moça que foi impedida de embarcar no Galeão, no Rio de Janeiro, para Florianópolis, com seu gato.

Segundo a Azul Linhas Aéreas, o container onde estava o pequeno animal era maior do que o padrão aceito.
Fico imaginando quão grande seria. Talvez grande suficiente para transportar um leão?

Isto me faz lembrar como era diferente o tratamento dispensado pelas empresas aéreas aos passageiros, há vinte anos atrás.

Lembro-me de um caso, em especial. A empresa onde trabalhava estava abrindo escritório próprio em Curitiba. Um colega estava vindo de San Francisco, Califórnia  onde era a matriz, para dar treinamento aos novos funcionários. A empresa levava muito à sério o treinamento do pessoal.

Este colega voou dos Estados Unidos para São Paulo, chegando num domingo. O plano era nos encontrarmos na segunda-feira pela manhã no aeroporto de Congonhas e embarcarmos juntos num vôo da TAM para Curitiba.

Logo cedo eu me apresentei no aeroporto Santos Dumont e embarquei num voo da própria TAM, para Congonhas. O avião era um Fokker 100, com um excelente serviço de bordo, com lanche quente, no melhor padrão de empresa.

Ao chegar em São Paulo, desembarquei e fui fazer o check-in para o voo para Curitiba.
Na fila do check-in, com umas quatro pessoas na minha frente, fui abordado por uma funcionária da TAM. Elegantemente vestida, penteada e maquilada, como era o padrão da empresa aérea, a moça perguntou-me se eu tinha pressa para seguir para o meu destino. Ao perguntar, explicou-me que o último vôo para Curitiba, na noite anterior, tinha sido cancelado por fechamento do aeroporto Afonso Pena, por nevoeiro. Como o meu vôo era o primeiro da manhã para lá, eles estavam dando prioridade em acomodar os passageiros da noite anterior

Expliquei que tinha urgência em ir naquele vôo e mencionei o meu colega americano. Ela verificou na prancheta que tinha na mão, confirmando que meu colega já tinha feito o check-in e estava na sala de embarque. Mas que eu não me preocupasse, pois a TAM iria encontrar uma solução para mim. Pediu-me, gentilmente, que aguardasse um pouco, ao lado da fila.

Observei que já havia duas outras pessoas lá. O tempo foi passando e outras pessoas eram remanejadas para um vôo que sairia mais tarde e o grupo a quem eu fiquei designado cresceu, até atingir 8 pessoas. Preocupado, eu insistia com a funcionária da TAM sobre meu embarque e ela sempre procurava me acalmar.

Quando foi feito o chamado para o embarque, pelo sistema de som do aeroporto, fiquei bastante irritado e exigi uma explicação. Ela respondeu-me com simpatia, dizendo que eu chegaria em Curitiba no horário previsto.

Não querendo ser mal educado, contive-me e aguardei. Alguns minutos depois, a funcionária nos levou por uma porta de uso exclusivo de funcionários. Ao chegar no pátio, havia uma van (aquelas feitas em fibra de vidro, sobre chassis da Ford F-100) no nosso aguardo.

Embarcamos na van, que seguiu em direção à cabeceira sudeste da pista, onde ficavam os hangares da aviação executiva. A van parou em frente ao hangar da TAM Taxi Aéreo.

Surpresos, fomos instruídos pela simpática funcionária a abordar um Cessna Citation V, que já se encontrava com a porta aberta e com os pilotos dentro da cabine de voo.

Subimos no avião, o co-piloto fechou a porta, nos instrui sobre o uso de cinto de segurança e as saídas de emergência, convidando-nos a disfrutar do bar, onde havia bebidas (inclusive uísque 12 anos e cerveja importada), sucos e sanduíches.

Cessna Citation V da TAM.
Em seguida decolamos, tendo aterrisado no aeroporto Afonso Pena, em Curitiba, uns 5 minutos antes da chegada do meu voo de carreira.

Desci do avião e fui recepcionar o meu colega americano e recolher minha bagagem.

Depois, já no escritório, liguei para o "Fale com o Presidente", da TAM e apresentei meus cumprimentos ao Comandante Rolin Amaro.

Comte. Rolin Adolfo Amaro (1942-2001)
Acho que vocês se lembram dele. Um dos muitos brasileiros sérios que existiram neste país.

No Brasil daquele tempo em que ministro não sugeria às pessoas: "relaxa e goza."

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