segunda-feira, 19 de julho de 2021

Clubes de aeromodelismo - quem se dedica a eles?

 

Clube Fênix de Radiomodelismo

Há dezenas de clubes de modelismo no Brasil. A maioria deles é de aeromodelistas, aí incluído asa fixa, asa rotativa e drones. Há ainda muitos de automodelismo e nautimodelismo. 

Muitos clubes englobam várias atividades. No Clube que frequento, Clube Fênix de Radiomodelismo - Curitiba, PR - temos aeromodelos, helicópteros, planadores, pylon race, automodelismo, drones, etc. É bem eclético. Mas somos um clube pequeno, no que respeita ao número de associados.

A maioria dos clubes dependem de um grupo muito pequeno de pessoas dedicadas, para mantê-los em funcionamento. 

Clube de Aeromodelismo Alberto Bertelli

A questão que coloco é: Por que tão poucas pessoas se preocupam em cuidar do seu Clube?

Explico: a grande maioria dos clubes tem um quadro social pequeno. E com contribuições mensais reduzidas, entre R$80 e R$150 por associado.

Com o pagamento do aluguel ou arrendamento da área, despesas de manutenção e melhoramentos, os clubes não tem, via de regra, condições de contratar mão de obra para todos os trabalhos necessários. Além, é claro, dos serviços burocráticos feitos pelos voluntários que aceitam cargo de direção.

Mas a grande maioria espera que o clube esteja sempre com tudo "em cima"! Grama cortada, pista bem mantida, banheiros impecáveis, etc., etc. Mas poucos se oferecem para fazer o trabalho que o orçamento do clube não comporta contratar. Isto é típico.

Eu tive a oportunidade de morar fora do Brasil por 10 anos e fui sócio de três clubes de aeromodelismo nos EUA durante este tempo. Uma coisa comum nos clubes americanos é a participação voluntária de seus associados. Há comitês para tudo: manutenção da pista de grama (grande maioria os clubes nos EUA tem pista de grama), manutenção das instalações, trabalho nos eventos (TODO clube nos EUA organiza eventos anuais. Uma tradição!), segurança, etc.

Alguns clubes tem, inclusive, dois tipos de contribuição: plena, onde o sócio paga a contribuição integral ou a parcial, onde o sócio paga menos mas tem que contribuir com uma carga de trabalho mensal em atividades necessárias do clube.

Nos três clubes onde fui sócio (OTOW R/C Flyers, Ocala Flying Model Club e Tri-County R/C Club), em dois havia esta modalidade. No OTOW R/C Flyers não era necessário, pois o clube era privativo dos moradores do condomínio (OTOW Communities) e a administração cuidava da maioria das necessidades de manutenção.

OTOW R/C Flyers

Ocala Flying Model Club

O mesmo se aplica, no Brasil, quando falamos da COBRA-Confederação Brasileira de Aeromodelismo, a entidade máxima do nosso hobby/esporte.

Fundada no Rio de Janeiro em 1959 como de ABA-Associação Brasileira de Aeromodelismo, a entidade tem um longa jornada de serviços prestados ao aeromodelismo, antes e depois de ser oficialmente reconhecida pelo governo federal como entidade representativa.

A COBRA recebe contribuição dos Clubes Filiados (R$500/ano) e dos aeromodelistas (R$150/ano). E oferece um seguro com cobertura de R$100.000 para acidentes com aeromodelos.

Faça suas contas: são R$12,50 por mês!!! Com a gasolina de aviação ou Podium custando mais de R$7/litro e um galão de combustível metanol/nitrometano custando R$200 em média, a contribuição para a COBRA é ridicularmente baixa.

Mas, mesmo assim, o que se escuta é "mas o que a COBRA faz por nós?". Típico, né?

O cidadão quer serviços de graça. Se os serviços que recebe forem bons, aí ele vai pensar se vai contribuir! Tolinho! Esquece que trabalha 5 meses por ano para pagar impostos e ainda tem que custear a segurança no seu prédio de apartamentos/condomínio, plano de saúde, escola das crianças, etc.!

Como um clube de aeromodelismo, a COBRA não faz milagres. Sem a contribuição maciça dos aeromodelistas, não há orçamento para quase nenhuma das necessidades dos aeromodelistas. 

Você gosta de pagar 60% de Imposto de Importação + ICMS por uma peça ou acessório que simplesmente só é fabricado no exterior? 

Mas você gostaria que a COBRA fizesse um esforço para reverter esta situação, não é mesmo? 

Mas sem a participação dos aeromodelistas, a COBRA não consegue fazer isto. Porque custa dinheiro! Uma viagem a Brasília (passagem+hospedagem+alimentação) custa caro. Mas a maioria espera que a entidade faça alguma coisa, não é mesmo? Mas, e os recursos? De onde virão?

Sou membro da ABA/COBRA desde 1959. Sou membro da AMA (EUA) desde 1986.

Pense nisto e reveja suas ações com relação ao seu Clube e à COBRA. 

Acho que vale a pena esta ponderação.

Bons voos e pousos perfeitos!

2 comentários:

  1. Muito bom seu texto!...

    Vivo essa situação em nosso clube!... existe por contribuição de poucos participantes, felizmente fiéis!...
    Não somos afiliados da Cobra,até tentamos, mas tivemos dificuldade até pra criar uma diretoria. Já que existe dificuldade em quem queira assumir compromisso, nem que seja apenas no papel.
    Acredito eu que, apenas por ser sonho de criança e de certa forma, uma utopia minha.
    Não queria, não tenho como embasar estudo, mas vejo o brasileiro como um cético e principalmente, adoram ter vantagens gratuitas, o famoso 0800...
    Vejo comentários de quem possui centena de milhares de reais em aeromodelos se indispor a pagar uma mensalidade em um clube de aeromodelismo e ficar na expectativa de voar por convite ou oportunidade de algum colaborador... isso sim, é difícil de entender...
    Mas é isso!... continuemos com nossas lutas e desafios diários para que o hobby no Brasil não se finde. Que é o que ouço constantemente.
    Parabéns aos guerreiros que organizam pista, constroem seus aeromodelos, lenham e não desistem nunca. Esses sim, são aeromodelista verdadeiros ...

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  2. Parabéns, certamente de alguma forma o seu texto conseguirá contribuir para a melhoria do aeromodelismo brasileiro.

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