sábado, 20 de fevereiro de 2010

Petrobrás e o Preço da Gasolina

Nas últimas semanas tenho recebido um email, vindo de vários amigos, propondo um boicote aos postos BR, como forma de pressionar a Petrobrás a baixar o preço do combustível. O "Diário Catarinense", de Florianópolis, tem uma enquete no seu site, onde pergunta aos leitores suas opiniões sobre de quem é a culpa pelo preço elevado do combustível. Resolvi fazer uma pesquisa sobre o assunto e vejam o que apurei:
  • A gasolina abastece cerca de 60% dos veículos de passeio no Brasil. O Álcool hidratado e o GNV cobrem o resto.
  • Desde janeiro de 2002 o preço da gasolina é liberada, não havendo controle governamental e sendo definido pelo próprio mercado. Os preços são monitorados pela Agência Nacional de Petróleo, para evitar a formação de cartéis.
  • A gasolina é produzida pela Petrobrás como Gasolina "A", sem adição de álcool. O álcool anidro é adquirido pelas distribuidoras (BR, Ipiranga, Shell, Esso, Mimi, Ale, etc) diretamente das usinas e adicionado à gasolina comprada da Petrobrás, na proporção de 20% a 25%, conforme determinações do Conselho Interministerial do Açucar e do Álcool (CIMA). Esta gasolina com álcool é denominada Gasolina "C".
  • A Gasolina A é produzida pela Petrobrás (responsável por cerca de 98% da produção) em 11 refinarias, por duas pequenas refinarias privadas (Ipiranga e Manguinhos), por formuladores, pelas centrais petroquímicas ou importada pelas empresas autorizadas pela ANP.
  • O álcool anidro é produzido, na sua totalidade, por usinas privadas que destilam o álcool a partir da cana-de-açucar.

O mais importante, para nós consumidores, é a composição do preço da gasolina. Na maioria das vezes, as pessoas tendem a culpar a Petrobrás pelo elevado custo da gasolina.

Mas vejam o que concluí, na minha pesquisa:

Preço da Gasolina nos postos de minha região (litoral de SC): R$2,69 por litro

Decompondo o preço final, por grupamento de custos:

Preço cobrado pela Petrobrás: R$0,86/litro ou 32% do preço final Custo do álcool anidro: R$0,27/litro ou 10% do preço final Distribuição e Revenda: R$0,46/litro ou 17% do preço final Impostos Federais: R$0,35/ litro ou 13% do preço final ICMS (Estadual): R$0,75/litro ou 28% do preço final

Somando o custo da Petrobrás (preço do petróleo crú, transporte e refino), mais o custo do álcool anidro, mais o custo de distribuição e revenda (postos de serviços), a gasolina deveria custar R$1,59/litro. O custo dos impostos (R$1,10/litro) aumenta o preço da gasolina em quase 70%.

O que se conclui é que esta campanha, na internet, deveria ser dirigida contra o Governador do seu Estado e contra o presidente da República.

Pense nisso quando votar em Outubro.

(Período de referência: 7/2/2010 a 13/2/2010. Fontes: Petrobrás, ANP e CEPEA/USP)

2 comentários:

  1. apenas para complementar o assunto, neste de mês de fevereiro a demanda pela gasolina cresceu cerca de 20% em razão da diminuição da quantidade de alcool na mistura da gasolina forçando a Petrobrás a importar 1,2 milhão de barris de combustível para atender à demanda.
    A fonte dessa informação é a assessoria de imprensa da Petrobrás.
    Ou seja, o governo decide deixar os usineiros fazerem o que querem e quem paga a conta é a Petrobrás.
    Nas bombas o preço do combustível já teve elevação duas vezes neste mês de fevereiro: a primeira vez logo no início do mês por conta do maior volume de gasolina dentro de um litro de combustível vendido e a segunda vez há coisa de uma semana por conta dessa importação.
    Pensem muito bem na hora de escolher seus governantes pois não adianta escolhê-los pelas promessas que fazem, mas sim levando em conta os erros que já fizeram.

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  2. O inteiro teor do comunicado da assessoria de imprensa da Petrobrás, que envio neste comentário, foi publicado na internet e divulgado em diversos sites, como o motonline (www.motonline.com.br). Fique a vontade para publicá-lo conforme seu entendimento.

    "A Petrobras esclarece que, diante do aumento da demanda de gasolina, conseqüência da redução da oferta de etanol no mercado e da redução de 25% para 20% da da mistura de etanol anidro à gasolina, realizou importação, em fevereiro, de cerca de 1,2 milhão de barris do combustível de vários mercados para complementar o abastecimento nacional, que é realizado com o produto de suas refinarias.

    Esta importação foi esporádica, aproveitando condições favoráveis de mercado e representa apenas o consumo de três dias, nas condições atuais de demanda aquecida. Em função da redução da oferta de etanol houve, nos dois primeiros meses de 2010, um crescimento entre 15% e 20% no consumo de gasolina em relação ao mesmo período de 2009.

    As refinarias da Petrobras têm condições de aumentar a produção de gasolina, porém reduzindo os volumes de diesel e nafta (matéria-prima petroquímica) que são, em parte, importados. A opção mais econômica foi manter a produção destes dois derivados, cuja importação é mais onerosa, e fazer esta importação esporádica de gasolina automotiva. Para os próximos meses, com a chegada da safra de etanol, espera-se a regularização da demanda de gasolina. Importante ressaltar também que esta pequena importação do combustível não terá qualquer influência nos preços que a Petrobras pratica em suas refinarias."

    - Assessoria de Imprensa Petrobras

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