sexta-feira, 20 de abril de 2012

1º Encontro Harley-Davidson de Cuba


A marca Harley-Davidson é um símbolo americano, assim como a torta de maçã e o Super Bowl (final do campeonato de futebol americano). Mesmo assim a Harley-Davidson tem seguidores fiéis em Cuba, onde uma feroz ditadura comunista governa desde 1959.

Pela primeira vez em mais de 50 anos, os harleyros (ou harlistas, como se auto-denominam nos países hispânicos) cubanos puderam se reunir e mostrar suas máquinas.

No último sábado, 15 de Abril, dezenas de motociclistas, vestidos em trajes negros, roncaram suas motocicletas pelas ruas da capital, muitos deles acompanhados de suas garupas e, sem  dúvida o mais importante, compartilhando a paixão por suas Harley-Davidson.

Primeiro Encontro de Harley-Davidson em Cuba

Igual aos seus “irmãos” Harleyros do resto do mundo, os cubanos são tão entusiasmados por suas motocicletas (todas de modelos anteriores a 1959), que conseguiram mantê-las rodando apesar da proibição ferrenha do governo comunista, que baniu da ilha caribenha tudo o que é relacionado aos Estados Unidos.

Os organizadores do evento dizem que há entre 270 e 300 Harley-Davidson rodando nas estradas cubanas. Todas as motocicletas foram construídas e importadas antes de 1960, quando existiam mais de 2.000 na ilha. A maioria foi confiscada pelo governo castrista e utilizadas pela polícia e pelos militares. Nenhuma delas, entretanto, encontra-se em condições de uso.

Harleyros em Havana, na década de 1950
As poucas que foram deixadas com a população, foram conservadas clandestinamente, utilizando-se os mais variados recursos mecânicos para sua manutenção.

Pistões de motores Fiat, pneus de fusca, tubulações caseiras, canos de ferro fundido no lugar de guidões, os cubanos tiveram que usar toda a sua imaginação para manter as lendas rodando. De acordo com as estórias contadas, harleyros do interior, impossibilitados de reparar as câmaras de ar, simplesmente enchiam os pneus com capim e continuavam a rodar.

A situação começou a melhorar a partir dos anos 1990, quando as fronteiras cubanas foram abertas para alguns países e turistas do Canadá e da Europa começaram a trazer algumas peças, enviadas por parentes cubanos residentes fora de Cuba. Mais recentemente, com a permissão de cubanos-americanos entrarem legalmente na ilha, foi possível aumentar o número de Harley-Davidson recuperadas.

Uma das competições do Encontro: a garupa tem que colocar um palito em cada garrafa.
Como no resto do mundo, a comunidade de Harleyros de Cuba é muito unida. Eles compartilham ferramentas, conhecimentos e se ajudam mutuamente para fazer os reparos em suas motocicletas. E, quando fazem seus passeios, escutam músicas dos Credence e de Steppenwolf.

Existem mais de 200 motocicletas Harley-Davidson registradas em Havana e três Moto Clubes, incluíndo o “chapter” cubano da Associação Latino Americana de Motociclismo.

Os harleyros se encontram nas tardes de sábado, em frente ao Hotel Nacional, para mostrar suas máquinas, beber rum com Coca-Cola (sim pessoal, em Cuba!!!) e bater papo. Muitos trazem suas esposas, namoradas e filhos.

Algumas vezes contam com a presença de um diplomata americano pilotando sua DeLuxe 2007, trazida à ilha com isenção diplomática. E faz companhia ao filho mais novo e que tem o mesmo nome do pai, Ernesto “Che” Chevara.

A Harley-Davidson do filho mais novo de Ernesto "Che" Guevara.
O encontro que durou dois dias na belíssima praia de Varadero, teve vários tipos de competições, incluindo a famosa “marcha lenta”. Houve prêmios para a Harley mais antiga, a melhor restaurada, a mais clássica e a que veio de mais longe (ganhou, como não poderia deixar de ser, o diplomata americano).

A intenção dos organizadores é ter o evento todo ano, inclusive com a presença de harleyros de outros países.

Está aí um bom desafio para os Fazedores de Chuva.

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