A
marca Harley-Davidson é um símbolo americano, assim como a torta de maçã e o
Super Bowl (final do campeonato de futebol americano). Mesmo assim a
Harley-Davidson tem seguidores fiéis em Cuba, onde uma feroz ditadura comunista
governa desde 1959.
Pela
primeira vez em mais de 50 anos, os harleyros (ou harlistas, como se
auto-denominam nos países hispânicos) cubanos puderam se reunir e mostrar suas
máquinas.
No
último sábado, 15 de Abril, dezenas de motociclistas, vestidos em trajes
negros, roncaram suas motocicletas pelas ruas da capital, muitos deles
acompanhados de suas garupas e, sem dúvida o mais importante, compartilhando a
paixão por suas Harley-Davidson.
Primeiro Encontro de Harley-Davidson em Cuba |
Igual
aos seus “irmãos” Harleyros do resto do mundo, os cubanos são tão entusiasmados
por suas motocicletas (todas de modelos anteriores a 1959), que conseguiram
mantê-las rodando apesar da proibição ferrenha do governo comunista, que baniu
da ilha caribenha tudo o que é relacionado aos Estados Unidos.
Os
organizadores do evento dizem que há entre 270 e 300 Harley-Davidson rodando
nas estradas cubanas. Todas as motocicletas foram construídas e importadas
antes de 1960, quando existiam mais de 2.000 na ilha. A maioria foi
confiscada pelo governo castrista e utilizadas pela
polícia e pelos militares. Nenhuma delas, entretanto, encontra-se em condições de uso.
Harleyros em Havana, na década de 1950 |
As
poucas que foram deixadas com a população, foram conservadas clandestinamente,
utilizando-se os mais variados recursos mecânicos para sua manutenção.
Pistões
de motores Fiat, pneus de fusca, tubulações caseiras, canos de ferro fundido no
lugar de guidões, os cubanos tiveram que usar toda a sua imaginação para manter
as lendas rodando. De acordo com as estórias contadas, harleyros do interior,
impossibilitados de reparar as câmaras de ar, simplesmente enchiam os pneus com
capim e continuavam a rodar.
A
situação começou a melhorar a partir dos anos 1990, quando as fronteiras
cubanas foram abertas para alguns países e turistas do Canadá e da Europa
começaram a trazer algumas peças, enviadas por parentes cubanos residentes fora
de Cuba. Mais recentemente, com a permissão de cubanos-americanos entrarem
legalmente na ilha, foi possível aumentar o número de Harley-Davidson
recuperadas.
Uma das competições do Encontro: a garupa tem que colocar um palito em cada garrafa. |
Como
no resto do mundo, a comunidade de Harleyros de Cuba é muito unida. Eles
compartilham ferramentas, conhecimentos e se ajudam mutuamente para fazer os
reparos em suas motocicletas. E, quando fazem seus passeios, escutam músicas
dos Credence e de Steppenwolf.
Existem
mais de 200 motocicletas Harley-Davidson registradas em Havana e três Moto
Clubes, incluíndo o “chapter” cubano da Associação Latino Americana de
Motociclismo.
Os harleyros se encontram nas tardes de sábado, em frente ao Hotel
Nacional, para mostrar suas máquinas, beber rum com Coca-Cola (sim pessoal, em
Cuba!!!) e bater papo. Muitos trazem suas esposas, namoradas e filhos.
Algumas
vezes contam com a presença de um diplomata americano pilotando sua DeLuxe
2007, trazida à ilha com isenção diplomática. E faz companhia ao filho mais
novo e que tem o mesmo nome do pai, Ernesto “Che” Chevara.
A Harley-Davidson do filho mais novo de Ernesto "Che" Guevara. |
O
encontro que durou dois dias na belíssima praia de Varadero, teve vários tipos de
competições, incluindo a famosa “marcha lenta”. Houve prêmios para a Harley
mais antiga, a melhor restaurada, a mais clássica e a que veio de mais longe
(ganhou, como não poderia deixar de ser, o diplomata americano).
A
intenção dos organizadores é ter o evento todo ano, inclusive com a presença de
harleyros de outros países.
Está
aí um bom desafio para os Fazedores de Chuva.
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