segunda-feira, 7 de setembro de 2015

Vergonha. Muita vergonha.


O dia 7 de Setembro foi sempre uma data importante na minha vida. Desde criança, morando numa pequena cidade encravada na Serra da Mantiqueira, nas Minas Gerais, meus pais me levavam à rua, neste dia, para assistir o desfile.

Os estudantes desfilavam envergando seus melhores uniformes, carregando a bandeira brasileira com muito orgulho.

Os soldados do 4º Esquadrão de Cavalaria Mecanizada desfilavam pela rua principal da cidade, sob o aplauso da população.

Às vezes tínhamos até alguns aviões da Força Aérea Brasileira sobrevoando a cidade, berço do Marechal-do-Ar Alberto Santos-Dumont, o inventor do avião e Patrono da Aeronáutica.

Pelas ondas-curtas da Radio Nacional, ouvíamos a narração do desfile militar no Rio de Janeiro e vibrávamos com a descrição dado pelos locutores.

E eu via e ouvia tudo isto, com um tremendo orgulho de ser brasileiro. E este orgulho foi cada vez mais consolidado, quando desfilava no Dia da Pátria como aluno do curso secundário e, mais tarde, como militar. O orgulho transformou-se num patriotismo muito forte.

O Batalhão Escolar da Escola de Formação de Oficiais da Marinha Mercante,
da Marinha do Brasil, em um desfile de 7 de Setembro no Rio de Janeiro.
Infelizmente, do Dia da Independência tornou-se um dia lúgubre, onde toda a tragédia brasileira se mostra.

No palanque, figuras repudiadas pelo Brasil patriótico. Pessoas que deveriam estar na cadeia, pelos crimes cometidos contra a cidadania. Assaltantes de banco, guerrilheiros, terroristas, ladrões do dinheiro público e quadrilheiros se posicionam na tribuna, como autoridades. E nossos infelizes militares são obrigados, por sua disciplina e cumprimento estrito do dever, a prestar continência a esses malfeitores.

Mesmo durante a ditadura do Estado Novo, quando o Ditador Getúlio Vargas governava o país com mão de ferro, havia um respeito à sua pessoa e este respeito se mostrava nos desfiles do Dia da Independência.

Hoje, um profundo sentimento de repugnância cerca as pessoas que dirigem os destinos desta pobre nação.

Nas cidades já não há o desfile dos escolares. A bandeira nacional já não é agitada com alegria, nas ruas.

Os cidadãos, como que cansados de serem desrespeitados, simplesmente fazem qualquer outra atividade, menos comemorar a data da nossa liberdade, como país soberano.

Calcados na desculpa da democratização, os políticos brasileiros criaram um monstro em 1988, que chamam de "Constituição Cidadã."

Onde está a cidadania nesta Constituição, pergunto, que permite que os brasileiros sejam desrespeitados por seus representantes, sem qualquer consequência. Onde assassinos, estupradores, traficantes, corruptos e corruptores tem assegurados toda a proteção do Estado e o cidadão nem pode se defender, "algemado" por uma lei de desarmamento que repudiou nas urnas e que lhe foi imposta, mesmo assim.

A impunidade praticamente assegurada e a memória curta dos eleitores de cabresto, permitem que tudo façam, sem que nada lhes seja cobrado. Mesmo o Supremo Tribunal Federal, até então o fiel da balança cidadã, é descaradamente desobedecido e suas decisões contestadas e claramente ignoradas.

Juízes da Suprema Corte são apontados por um governo corrupto e incompetente e aprovados por um Congresso vendido, com o único objetivo de torcer as leis e garantir a impunidade daqueles poucos que são pegos com a mão na massa do dinheiro corrompido e sujo com o sangue das centenas de milhares de brasileiros que morrem todos os anos na carnificina das estradas destruídas, nos corredores fétidos dos hospitais públicos, assassinados nas ruas inseguras das cidades, entregues ao bandidismo num pacto diabólico com o poder público.

Num outro Brasil, que já não existe, o palácio presidencial, o Congresso Nacional e a Suprema Corte eram símbolos da nossa cidadania.


Hoje, os dois primeiros são vistos como um covil de bandidos. E o Supremo Tribunal Federal, o último bastião da legalidade, gradativamente minado por juízes vendidos a interesses excusos dos donos do poder.

E o dia que sempre caracterizou o momento em que passamos a tomar nossas próprias decisões como povo, em busca do bem comum, transformou-se no dia escolhido para protestar contra aqueles que querem nos fazer de lacaios, outra vez.

E a indecência para não ter fim. Segundo o que relata as postagens na Internet e nas redes sociais, o eixo monumental, em Brasilia, está cercado com chapas de aço. Os cidadãos não poderão participar do desfile 7 de setembro. Só convidados "especiais."

Um muro de chapas de aço isola o desfile do 7 de Setembro, em Brasília.
Pela primeira vez na história, um presidente do Brasil e Comandante-em-Chefe das Forças Armadas, vai assistir o desfile do 7 de Setembro isolado em uma "jaula" à prova de povo, como se fosse um animal nocivo. Talvez seja isto mesmo!

Por tudo isto, tenho muita vergonha de ser brasileiro.

Atenção: Esta postagem, com algumas modificações e adições, foi publicada em 7 de Setembro de 2013. Dois anos já se passaram, a população de 204 milhões de cidadãos foi vergonhasamente enganada na campanha eleitoral mais mentirosa da história republicana e minha vergonha de ser brasileiro é ainda maior!

2 comentários:

  1. E agora Senhor Roque vc ainda continua com vergonha ou agora vc está bem mais feliz? Só não vale fazer o gesto do avestruz.

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    1. Eu lhe respondo com uma pergunta, senhor Dellas Olivas: alguma coisa mudou no Brasil que pudesse fazer meu sentimento mudar?

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