quinta-feira, 10 de setembro de 2015

Não invista em moto, por favor


Excelente postagem no blog Old Dog Cycles, que me permito reproduzir, aqui:

"Não, eu não fiquei maluco. Esse ainda é um site de motos, e vou continuar insistindo para que mais e mais pessoas venham para esse mundo e realizem seu sonho de andar em duas rodas.
Por outro lado, já disse e repito: moto só é um investimento para sua felicidade. Comprar uma moto pensando na revenda é um exercício de futurologia. A marca pode sair do país, o modelo não cair no gosto do público, pode começar a ser visada pra roubo e por aí vai. E vamos ser sinceros: qualquer moto vai ser vendida com prejuízo. No momento que você tira uma da concessionária, também vão embora uns 20% do valor dela.

Depois tem o seguro (para quem faz), o risco de ficar sem a moto (para quem não faz), licenciamento, DPVAT, manutenção, gasolina. Tudo isso tem seu preço, que vai se somando numa bola de neve que não para de aumentar.

E porque eu estou dizendo isso? Não tem nada a ver com a frugalidade que mencionei em um post anterior, mas por causa de algumas empresas que estão tentando convencer você que comprar um veículo é um investimento.

Meu amigo, investimento é algo que te dá grana. Tesouro direto, fundo de renda fixa, renda variável, participação em algum negócio, e por aí vai. Já moto é um passivo, que não gera renda, e de vez em quando mete a mão no seu bolso para levar um dinheiro embora.

Parte da crise que estamos vivendo agora, tem um pouco a ver com isso. O governo e os bancos deram crédito a torto e a direito para que todo mundo realizasse seus sonhos, mas uma hora a conta chegou, com pessoas vendo uma dívida no cartão de crédito praticamente dobrar a cada seis meses.

E todos esses eletrodomésticos, carros, casas, vieram às custas de um alto nível de endividamento da população. A fonte secou, já que as financeiras tem medo de calote, e o governo se viu em plena recessão precisando pagar a farra dele. Logicamente, tirando ainda mais dinheiro de você. Ou você acha que a possível volta da CPMF e o aumento do Imposto de renda são para pagar a saúde e educação?

Enquanto isso, esses juros altos e impostos nunca voltam pra você. Seu FGTS rende menos que a inflação, se tornando um investimento pior que a poupança. Seu banco cobra 6% em um empréstimo pessoal, 10% no cartão de crédito, mas chora em te dar 0,8% ao mês em uma aplicação, sendo que é o seu dinheiro que ele está usando para emprestar e ganhar esses juros altos.

Mas eu entendo porque todo esse frenesi em consumir. Nós sempre fomos carentes de tudo, graças a uma longa reserva de mercado, onde não entrava nenhum carro, moto ou eletrônico moderno por aqui. Quando a porta abriu, quem podia começou a aproveitar tudo do bom e do melhor.

E quanto o crédito se tornou disponível, aí sim todo mundo podia aproveitar, mesmo tendo que pagar o dobro que um americano pagaria pelo mesmo produto, com juros até 10x maiores, e ainda por cima ganhando bem menos que eles.

Nós éramos como aquela criança que nunca pôde tomar Coca-Cola em casa, e que resolve beber uma de dois litros quando chega na festa de um amiguinho para matar a vontade. Viramos tudo de uma vez até ficarmos com dor de cabeça.

Felizmente, muitos brasileiros acordaram. Passaram a optar por comprar produtos de real valor agregado, e não apenas o famoso “pagar caro para ostentar”. Começaram a juntar um pouco antes de comprar, ao invés de entrar em um plano sem entrada, mas com juros altíssimos.

Quando um gringo conhecido meu viu o valor da carga de impostos sobre os produtos, e também o lucro quase imoral de algumas categorias, o que ele me disse nunca mais saiu da cabeça:
“Nós ganhamos bem mais e pagamos bem menos em quase todos os produtos, sem falar na saúde e educação que são de graça. No Brasil, vocês não vivem com o salário, sobrevivem.“

Então, por favor, não caia nessa lábia de marketing que algumas empresas estão vendendo: veículo não é investimento. Nenhum bem de consumo é.

 Se você pode comprar uma moto, compre. Mas não se enforque, endivide ou comprometa sua renda porque uma celebridade disse que é a hora de investir. Mesmo que ela seja uma global de decote, ou um galã de novela."

Exemplo típico de propaganda enganosa:


Um comentário:

  1. moto é investimento sim. investimento na minha qualidade de vida. rsrsrsrsrs.

    perfeito o texto.

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