Excelente postagem no blog Old Dog Cycles, que me permito reproduzir, aqui:
"Não,
eu não fiquei maluco. Esse ainda é um site de motos, e vou continuar insistindo
para que mais e mais pessoas venham para esse mundo e realizem seu sonho de
andar em duas rodas.
Por outro lado, já disse e repito: moto só é um
investimento para sua felicidade. Comprar uma moto pensando na revenda é um
exercício de futurologia. A marca pode sair do país, o modelo não cair no gosto
do público, pode começar a ser visada pra roubo e por aí vai. E vamos ser
sinceros: qualquer moto vai ser vendida com prejuízo. No momento que você tira
uma da concessionária, também vão embora uns 20% do valor dela.
Depois tem o seguro (para quem faz), o risco de
ficar sem a moto (para quem não faz), licenciamento, DPVAT, manutenção,
gasolina. Tudo isso tem seu preço, que vai se somando numa bola de neve que não
para de aumentar.
E porque eu estou dizendo isso? Não tem nada a
ver com a frugalidade que mencionei em um post anterior, mas
por causa de algumas empresas que estão tentando convencer você que comprar um
veículo é um investimento.
Meu amigo, investimento é algo que te dá grana.
Tesouro direto, fundo de renda fixa, renda variável, participação em algum
negócio, e por aí vai. Já moto é um passivo, que não gera renda, e de vez em
quando mete a mão no seu bolso para levar um dinheiro embora.
Parte da crise que estamos vivendo agora, tem
um pouco a ver com isso. O governo e os bancos deram crédito a torto e a
direito para que todo mundo realizasse seus sonhos, mas uma hora a conta
chegou, com pessoas vendo uma dívida no cartão de crédito praticamente dobrar a
cada seis meses.
E todos esses eletrodomésticos, carros, casas,
vieram às custas de um alto nível de endividamento da população. A fonte secou,
já que as financeiras tem medo de calote, e o governo se viu em plena recessão
precisando pagar a farra dele. Logicamente, tirando ainda mais dinheiro de
você. Ou você acha que a possível volta da CPMF e o aumento do Imposto de renda
são para pagar a saúde e educação?
Enquanto isso, esses juros altos e impostos
nunca voltam pra você. Seu FGTS rende menos que a inflação, se tornando um
investimento pior que a poupança. Seu banco cobra 6% em um empréstimo pessoal,
10% no cartão de crédito, mas chora em te dar 0,8% ao mês em uma aplicação,
sendo que é o seu dinheiro
que ele está usando para emprestar e ganhar esses juros altos.
Mas eu entendo porque todo esse frenesi em
consumir. Nós sempre fomos carentes de tudo, graças a uma longa reserva de
mercado, onde não entrava nenhum carro, moto ou eletrônico moderno por aqui.
Quando a porta abriu, quem podia começou a aproveitar tudo do bom e do melhor.
E quanto o crédito se tornou disponível, aí sim
todo mundo podia aproveitar, mesmo tendo que pagar o dobro que um americano
pagaria pelo mesmo produto, com juros até 10x maiores, e ainda por cima
ganhando bem menos que eles.
Nós éramos como aquela criança que nunca pôde
tomar Coca-Cola em casa, e que resolve beber uma de dois litros quando chega na
festa de um amiguinho para matar a vontade. Viramos tudo de uma vez até
ficarmos com dor de cabeça.
Felizmente, muitos brasileiros acordaram.
Passaram a optar por comprar produtos de real valor agregado, e não apenas o
famoso “pagar caro para ostentar”. Começaram a juntar um pouco antes de
comprar, ao invés de entrar em um plano sem entrada, mas com juros altíssimos.
Quando um gringo conhecido meu viu o valor da
carga de impostos sobre os produtos, e também o lucro quase imoral de algumas
categorias, o que ele me disse nunca mais saiu da cabeça:
“Nós ganhamos bem mais e pagamos bem menos em
quase todos os produtos, sem falar na saúde e educação que são de graça. No
Brasil, vocês não vivem com o salário, sobrevivem.“
Então, por favor, não caia nessa lábia de
marketing que algumas empresas estão vendendo: veículo não é investimento.
Nenhum bem de consumo é.
Se você pode comprar uma moto, compre. Mas não
se enforque, endivide ou comprometa sua renda porque uma celebridade disse que
é a hora de investir. Mesmo que ela seja uma global de decote, ou um galã de
novela."
Exemplo
típico de propaganda enganosa:
moto é investimento sim. investimento na minha qualidade de vida. rsrsrsrsrs.
ResponderExcluirperfeito o texto.