Artigo de Alexandre Garcia, publicado na revista da Confederação Nacional de Transportes.
Mais uma
vez aproveitei as férias para dirigir na Itália.
Foram três
semanas em que pude fazer observações e comparações.
As estradas
de lá não ficam atulhadas de caminhões pesados porque o país tem trilhos para
transportar a maior parte da carga.
E, a
despeito das altíssimas velocidades que os italianos amam - acima dos 140 km/h
- não vi acidentes.
As estradas
são benfeitas, bem sinalizadas e não acumulam água de chuva.
O socorro e
a fiscalização estão sempre presentes.
Como os
demais países do mundo, a Itália vem reduzindo a cada ano o número de mortes no
trânsito.
A Espanha,
que tinha 10 mil mortos por ano, há 12 anos, agora tem 1.900.
A Espanha
tem 47 milhões de espanhóis e 60 milhões de turistas/ano.
Nós somos
200 milhões e nos matamos no trânsito à razão de 55 mil no ano passado, 60 mil
em 2012, levando em conta as indenizações do seguro obrigatório, o DPVAT.
Nos mesmos
12 anos em que a Espanha reduziu de 10 mil para 1.900, nós quase dobramos o
número de mortes no trânsito.
Todos os
países estão conseguindo essa redução, menos nós.
Aqui
continuamos empregando técnicas de fiscalização ultrapassadas, quase
rudimentares.
Recentemente,
um motorista que já havia tido a habilitação suspensa por vários flagrantes de
dirigir embriagado, por praticar pegas e por acumular dezenas de multas de alta
velocidade, estava dirigindo sem a CNH, alcoolizado e em alta velocidade quando
atingiu o carro de uma família que voltava da confraternização do Dia das Mães.
Matou uma
jovem mãe e sua filha de 1 ano e meio.
Se houvesse
um serviço de inteligência no trânsito, esse motorista estaria sendo
monitorado, já que tem endereço conhecido, e teria sido impedido de matar.
Quanto às
estradas, continuamos a construí-las com técnicas dos anos 50. Apenas
algumas máquinas mais modernas, mas o conhecimento não evoluiu.
Não se
cobra e não se fiscaliza qualidade e segurança.
Afinal, a
vida do brasileiro a cada dia vai perdendo o valor na educação, na saúde, no
trânsito e no dia a dia.
Trânsito e
homicídios disputam a primazia em mortes. Os dois
juntos chegam a quase 110 mil por ano.
Dá 300
mortes por dia! Não há guerra no mundo de hoje que mate tanto.
Quando será
que vamos despertar para valorizar nossas vidas?
Nenhum comentário:
Postar um comentário