terça-feira, 24 de junho de 2014

Estrada e vida


Artigo de Alexandre Garcia, publicado na revista da Confederação Nacional de Transportes.

Mais uma vez aproveitei as férias para dirigir na Itália.  
Foram três semanas em que pude fazer observações e comparações.

As estradas de lá não ficam atulhadas de caminhões pesados porque o país tem trilhos para transportar a maior parte da carga.

E, a despeito das altíssimas velocidades que os italianos amam - acima dos 140 km/h - não vi acidentes.

As estradas são benfeitas, bem sinalizadas e não acumulam água de chuva.
 O socorro e a fiscalização estão sempre presentes.

Como os demais países do mundo, a Itália vem reduzindo a cada ano o número de mortes no trânsito.

A Espanha, que tinha 10 mil mortos por ano, há 12 anos, agora tem 1.900. 
A Espanha tem 47 milhões de espanhóis e 60 milhões de turistas/ano.

Nós somos 200 milhões e nos matamos no trânsito à razão de 55 mil no ano passado, 60 mil em 2012, levando em conta as indenizações do seguro obrigatório, o DPVAT.

Nos mesmos 12 anos em que a Espanha reduziu de 10 mil para 1.900, nós quase dobramos o número de mortes no trânsito.

Todos os países estão conseguindo essa redução, menos nós.

Aqui continuamos empregando técnicas de fiscalização ultrapassadas, quase rudimentares.

Recentemente, um motorista que já havia tido a habilitação suspensa por vários flagrantes de dirigir embriagado, por praticar pegas e por acumular dezenas de multas de alta velocidade, estava dirigindo sem a CNH, alcoolizado e em alta velocidade quando atingiu o carro de uma família que voltava da confraternização do Dia das Mães.
 Matou uma jovem mãe e sua filha de 1 ano e meio.

Se houvesse um serviço de inteligência no trânsito, esse motorista estaria sendo monitorado, já que tem endereço conhecido, e teria sido impedido de matar.

Quanto às estradas, continuamos a construí-las com técnicas dos anos 50. Apenas algumas máquinas mais modernas, mas o conhecimento não evoluiu.

Não se cobra e não se fiscaliza qualidade e segurança.

Afinal, a vida do brasileiro a cada dia vai perdendo o valor na educação, na saúde, no trânsito e no dia a dia.

Trânsito e homicídios disputam a primazia em mortes. Os dois juntos chegam a quase 110 mil por ano.

Dá 300 mortes por dia! Não há guerra no mundo de hoje que mate tanto.


Quando será que vamos despertar para valorizar nossas vidas?

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