quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Costa Concordia: ex-comandante presta depoimento no seu julgamento

O navio cruzeiro Costa Concordia, depois de encalhado na Ilha de Giglio
O ex-comandante do navio de cruzeiro Costa Concordia, Capitão Francesco Schettino, admitiu nesta terça-feira (2/12/14), em seu primeiro depoimento à Justiça italiana sobre o naufrágio do navio, que levou o cruzeiro para próximo do costa para fazer um agrado aos passageiros e um membro da tripulação. O acidente, em 2012, deixou 32 mortos.

Em um interrogatório conduzido, em Grosseto, pelo procurador Alessandro Leopizzi, Schettino negou que tenha tentado manobrar a embarcação perto da ilha para impressionar a bailarina e hostess Domnica Cemortan, apontada como affair do ex-comandante.

No entanto, o italiano confirmou que a mulher estava na cabine de comando na hora do acidente e ressaltou que, "geralmente, em cruzeiros, grupos de pessoas pedem para visitar a cabine e observar as operações de navegação".

"No máximo, deixamos entrar uma dúzia de passageiros por vez", argumentou, explicando que se cobrava entre 50 e 60 euros pela visita.

"Eu quis matar três pássaros com uma pedra", disse Schettino. "A aproximação da ilha favorece o aspecto comercial. Várias vezes naveguei perto da ilha de Giglio", contou Schettino. 

Capitão Francesco Schettino, ex-comandante do Costa Concordia
Questionado sobre a qualidade de sua visão, Schettino também contou que usa lentes de contato e frequenta um médico especialista duas vezes por ano.

O ex-comandante tentou se desvencilhar das acusações e apontar uma série de erros e omissões de seus subordinados como o principal motivo do naufrágio. Ele chegou a acusar o timoneiro indiano Jacob Rusli Bin de falhar durante a navegação.

"Ou somos todos kamikazes, ou eles tinham medo de se comunicar, ou algum oficial mentiu para mim sobre a carta náutica", criticou Schettino, dizendo que em nenhum momento foi informado de que o navio já estava próximo da ilha de Giglio.

O Costa Concordia naufragou em 13 de janeiro de 2012, após colidir com rochas da ilha de Giglio. A embarcação emborcou e ficou encalhada no local até meados de 2014, quando pôde ser rebocada graças a uma complexa operação de salvatagem.

O comandante está sendo julgado por homicídio culposo, por causar um naufrágio e por abandono de navio. Caso seja condenado, ele pode ser condenado a mais de 20 anos de prisão.

Atualização em 12/2/2015. O Comandante Schettino foi condenado a 16 anos de prisão, mas não irá imediatamente para a cadeia. Ele vai poder apelar da sentença em liberdade.

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