Valor dos
pedágios dispara com Lei dos Caminhoneiros e alta da inflação.
Para dar
fim à greve dos caminhoneiros, o governo concordou em retirar a cobrança do
pedágio sobre os eixos suspensos dos caminhões - aqueles que não ficam em uso
quando o veículo está descarregado ou com pouca carga. Agora a fatura chegou
para todos os usuários de rodovias, que terão de bancar o custo que os
caminhoneiros e, principalmente, que os donos das cargas deixaram de pagar.
Desde abril
passado, quando a Lei dos Caminhoneiros foi sancionada, começou uma rodada de
fortes aumentos nos pedágios de rodovias. As concessionárias alegaram que seus
preços sempre levaram em conta a cobrança de todos os eixos dos caminhões.
Assim, a mudança impôs perdas a elas, o que deu base a pedidos de reequilíbrio
econômico financeiro dos contratos.
A Agência
Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) acatou os pedidos e já começou a
conceder os primeiros aumentos. A Concebra, dona dos trechos das BRs 060, 153 e
262, no Distrito Federal, Goiás e Minas Gerais, conseguiu reajuste
extraordinário de 13,14% por causa dos eixos suspensos. Somados a três anos de
correção da inflação (23,21%) e pequenas intervenções, o reajuste total chega
39,4%. Esse índice já foi incorporado às tarifas dos pedágios, que começaram a
ser cobradas em 1º de julho.
A
história se repete nas demais rodovias concedidas. A Via 040, que administrará
a BR-040 de Brasília a Juiz de Fora (MG) e foi autorizada a cobrar pedágio a
partir de hoje, teve aprovação de um aumento de 37% na tarifa.
Desse
total, 13,25% decorrem da Lei dos Caminhoneiros e 21,08% correspondem à
atualização inflacionária de três anos.
Até o momento, a ANTT autorizou o repasse do fim da cobrança do eixo
suspenso em quatro rodovias federais concedidas, mas as demais já entraram com
pedidos de revisão de tarifas.
No total,
são 21 as rodovias federais concedidas, das quais 10 já tiveram o reajuste
ordinário autorizado. Esse aumento está previsto em contrato e ocorre
anualmente. Aqueles ocorridos após a vigência da Lei dos Caminhoneiros, em
abril, vieram combinados com o aumento extraordinário para compensar os eixos
suspensos. Os demais aguardam decisão da agência reguladora.
São
esperados reajustes elevados, por exemplo, nas duas concessões da BR-163, no
Mato Grosso e no Mato Grosso do Sul, pois ambas são eixos de escoamento de
cargas do agronegócio, sobretudo de grãos (soja e milho) e têm intenso tráfego
de caminhões.
Nenhuma das
duas concessões está autorizada, ainda, a cobrar pedágio, porque ainda não
atenderam à exigência do governo de duplicar pelo menos 10% do trecho
concedido. Mas essas obras deverão ser concluídas até o fim do ano. Até lá, os
preços já estarão ajustados.
Outro
traçado que promete um pedágio salgado é a "Rodovia do Frango". O
trecho de 493 km, que corta os Estados do Paraná e Santa Catarina, liga um
bloco de rodovias entre Lapa (PR) e a divisa de SC/RS, passando por Chapecó
(SC).
Estão
previstas seis praças de pedágio, duas delas com preço teto acima de R$ 14,00
cada. Como esse valor é de janeiro de 2014, precisará ser reajustado como os
demais, incluindo efeitos de inflação e da Lei do Caminhoneiro. Ontem, a ANTT
fez mais uma audiência pública para tirar dúvidas sobre a concessão, prevista
para ir a leilão no fim do ano.
Em outras
vias, como as litorâneas, o impacto deve ser menor porque é maior a presença de
veículos de passeio. O aumento atrelado à Lei dos Caminhoneiros também é menor
nas concessões mais antigas, porque o prazo sobre o qual a compensação será
calculada, que vai até o fim do contrato, é menor.
A Rodovia
Presidente Dutra, por exemplo, que é uma concessão de 1996, teve reajuste de
16,5%, dos quais 6,34% são explicados pelos eixos suspensos.
As tarifas de pedágio deverão ter reajustes maiores neste ano também
por causa do efeito da inflação.
Com exceção da concessionária Ecosul, que
administra trechos das BRs 116 e 392, ambas no Rio Grande do Sul e que têm seus
preços corrigidos segundo um índice específico, os demais contratos de
concessão rodoviária federal são corrigidos anualmente, na data de aniversário,
pela variação do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o mesmo utilizado
no sistema de metas do governo.
Esse índice
já acumula 6,17% de janeiro a julho deste ano e, em 12 meses, chega a 8,89%. As
projeções do mercado financeiro são que o IPCA atingirá 9,23% no fim deste ano.
Fonte: O Estado de São Paulo, 30/07/2015
Leia também: Cretinice Institucionalizada e Lei dos Caminhoneiros – Nós pagamos a conta
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