quarta-feira, 1 de julho de 2015

País estranho . . .


O Brasil é um país estranho, para se dizer o mínimo.

A Constituição Federal, promulgada em 1988 e chamada de "Cidadã" por vários políticos de então, em especial o Deputado Federal Ulisses Guimarães, diz:

Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:
I - a soberania;
II - a cidadania
III - a dignidade da pessoa humana;
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
V - o pluralismo político.
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.

Os fatos demonstram, no entanto, que isto é uma grande mentira.

A prova mais recente foi a votacão do chamado "PEC da Maioridade", que propunha reduzir a maioridade penal para 16 anos. Todas, repito, todas as pesquisas realizadas indicaram que mais de 85% da população brasileira é a favor da redução da maioridade penal. Mas os representantes do povo, que deveriam exercer o poder e a vontade do povo, votaram contra.

Mas isto é só um exemplo. Outro, ainda mais retumbante, é a legislação sobre armas de fogo. No dia 23 de outubro de 2005, 64% dos eleitores brasileiros votaram contra o desarmamento. Apesar disto, o governo federal baixou uma série de leis que, na prática, dificultam enormemente a aquisição de uma arma de fogo para defesa pessoal e torna quase impossível obter-se o porte de arma.

Mas não ficamos só nisto. 

A grande maioria da população é contra os gastos do governo com o Poder Legislativo, cujos membros tem remuneração altíssimas, totalmente fora da realidade do país. Mas esta remuneração não é reduzida. Ao contrário, a cada ano se adicionam novos benefícios, aumentando ainda mais o custo que o país tem com o senadores, deputados e vereadores.

A grande maioria da população é contra a a festa de ministérios - atualmente em 39 -  uma situação que chega ao cômico, se não fosse trágica. São tantos e tão inexpressivos, que a grande maioria dos cidadãos não é capaz de citar mais que uns quatro ministros - e olhe lá! - sem errar.

A grande maioria dos cidadãos do país é contra as dezenas de milhares de cargos comissionados, régiamente remunerados, onde parentes, afilhados e "cumpanheiros" são nomeados, na maioria das vezes para fazer coisa alguma. Mas as nomeações prosseguem, sem preocupação com a opinião pública. 

A grande maioria da população acha que os professores, policiais, bombeiros e outros profissionais deveriam ser melhor remunerados. Mas os governos, nos três níveis - Federal, Estadual e Municipal - continuam mantendo, com raríssimas exceções, estes profissionais com salários baixos e, em alguns casos, irrisórios.

A grande maioria é contra a legislação penal, que pune com penas baixíssimas crimes violentos e cria artifícios para colocar de volta para as ruas criminosos que deveriam estar nas prisões, sob a desculpa de que os presídios estão superlotados. Mas o governo gasta dezenas de bilhões em obras superfaturadas para realizar uma competição esportiva, ao invés de investir em penitenciárias, num país que tem mais de 50.000 homicídios por ano.

A grande maioria da cidadania reconhece que a infraestrutura do país é péssima em todos os níveis (terrestre, aéreo e marítimo), mas o governo gasta centenas de bilhões do dinheiro pago pelos contribuintes, financiando obras em países inexpressivos para o nosso desenvolvimento.

A carga tributária suportada pela população é enorme, a nível dos países escandinavos, mas os serviços prestados pelos governos são escassos, de má qualidade e não acessíveis para todos, se igualando aos mais atrasados países africanos.

Mas nas redes sociais ou nas ruas, onde os cidadãos tem oportunidade para expressar sua insatisfação, é maior o número de pessoas que assumem símbolos de defesa de homosexuais do que os que condenam a corrupção, a roubalheira, o descaso das autoridades.

Realmente um país muito estranho . . . 

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