quarta-feira, 8 de julho de 2015

Harley-Davidson do Brasil: Fazendo um bom trabalho de vendas?


Resolvi dar uma olhada nos números da ABRACICLO sobre o volume de vendas por atacado  (direto para os revendedores) de motocicletas.

Comparei os anos 2008 (ainda com o Grupo Izzo e uma tremenda crise economica no mundo) e os anos 2014 e 2015 (cinco primeiros meses), com a Harley-Davidson já com quatro anos de experiência direta no mercado, como operador.

Vamos ver o que os números mostram nas vendas no atacado:

Ano
Operador
Modelos disponíveis
Vendas
Vendas por modelo
2008
Grupo Izzo
11
5.194
472
2014
HD do B
23
7.416
322
2015
HD do B
21
6.617 (*)
315 (*)
(*) Projeção anual baseada nos primeiros 5 meses do ano

Não sei para vocês, mas para mim parece que a Harley-Davidson do Brasil não está fazendo um bom trabalho de vendas, baseado no número de modelos disponíveis, considerando todo o custo envolvido na produção e no estoque de componentes necessários. Qualquer um que saiba o mínimo sobre a indústria de veículos sabe que quanto maior o número de modelos e opções existentes, maior o custo de produção.

Se acrescentarmos a isto a quantidade de novas concessionárias existentes hoje, comparado ao que existia até 2009, a HD do B fica bem ruim na fita.

Em abril de 2012, a HD do B tinha o objetivo de vender 15.000 motocicletas em 2015. Veja matéria sobre isto, aqui.
Está muito, mas muito longe disto.

Qual será a razão?  No meu modo de ver, como harleyro e motociclista, a HD do B peca por alguns motivos básicos:
  • Decidiu colocar-se no patamar "Premium", apesar de ter modelos com preços bem competitivos. 
  • O atendimento nas concessionárias melhorou muito, mas está anos-luz de distância do que se experimenta nos EUA e outros países.
  • Disponibilidade e preço de acessórios e roupas. São poucos os acessórios e roupas disponíveis nas lojas e o preço é absurdo.
  • Disponibilidade de peças, mesmo para trocas e reparos em caso de recall. O famoso vazamento do líquido de arrefecimento nas Ultra Limited levou 8 meses, depois de já ter sido resolvido nos EUA, para ser solucionado no Brasil.  
  • Enquanto a matriz nos EUA busca novos consumidores, procurando atrair jovens, a HD do B tem uma política de preço que só consegue atingir pessoas de meia-idade. A grande maioria dos clientes da Harley-Davidson no Brasil está acima dos 40 anos.
  • Ao contrário dos EUA, não oferece uma política de crescimento dentro da marca, promovendo a troca de uma motocicleta usada por outra nova, aceitando a motocicleta usada como parte de pagamento, com um valor justo de mercado.
  • O custo de manutenção da motocicleta nas concessionárias é ridicularmente alto. Pagar R$1.200,00 pela revisão dos 8.000km, só com troca de óleo e filtro? A hora do mecânico custando mais do que a de um médico com especialização e pós-graduação?
Ou seja, a HD do B decidiu dirigir-se para a um mercado elitizado. Este mercado é pequeno e tende a diminuir. Quantas motocicletas novas uma pessoa, já passada dos 60 anos, comprará no resto de sua vida? E como fidelizar o cliente, com custo de manutenção abusivo?

Bom, dinheiro não aceita desaforo. E os números das vendas da Harley-Davidson do Brasil comprovam isto.

Atualização em 13/7/2015: fiz hoje a revisão de 10.000km do meu Honda CR-V. Custou R$273,00!

Um comentário:

  1. Indico um dos melhores mecanicos do ABC https://www.facebook.com/pages/Formiga-Motorcycles/1621018051460434?fref=ts

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