"Não há respostas fáceis, mas há respostas simples. Temos que ter a coragem de fazer o que sabemos ser moralmente correto." |
Ronald Reagan tinha falhas, sem dúvida, e errou em alguns pontos durante seu governo. Mas o resultado do seu governo foi altamente positivo, especialmente no que concerne à recuperação tanto da economia como da moral do povo. Ele assumiu a presidência após os catastróficos anos de Jimmy Carter, numa era de estagflação por conta dos excessivos gastos do governo, prejudicada ainda mais pela crise do petróleo.
De família
pobre e com pai alcoólatra, Reagan teve uma infância difícil. Mas ainda assim
aprendeu valores básicos, como a crença nos direitos individuais, a
desconfiança da autoridade estabelecida, a capacidade de manter uma postura
positiva mesmo diante de más notícias e uma autoconfiança derivada da noção de
que o conhecimento mais importante está em distinguir o certo e o errado.
Durante a Segunda Guerra Mundial, Reagan foi Capitão da Força Aérea. |
Ele
não usou sua infância difícil como justificativa para posar de vítima, e sim
para aprender lições e superar os obstáculos na vida. Um traço importante de
sua personalidade era não se importar muito
com quem fica com os créditos de uma boa ação, e sim com a ação em si. "A potencialidade
humana tende ao infinito quando não nos importamos com os créditos de nossos
atos corretos, quando estamos mais focados em fazer o certo do que receber
aplausos da platéia," dizia ele.
Um dos
grandes méritos de Reagan era a simplicidade de sua
linguagem, a forma direta e objetiva com a qual expressava suas idéias. Não por
acaso os “intelectuais” detestavam Reagan, considerado um idiota por boa parte
da elite americana. Estavam redondamente enganados, como a história nos ensina.
Em 1981, por exemplo, falando para estudantes, ele foi
categórico ao afirmar que o ocidente iria dispensar o comunismo como um
capítulo bizarro da história humana, cujas últimas páginas estariam naquele
momento sendo escritas. Isso foi dito numa época em que muitos desses
“intelectuais” ainda defendiam o regime comunista. Reagan era um sujeito
objetivo e sincero, e tachou de “império maligno” a União Soviética, o que mais
tarde ficou evidente ser o caso.
Ele era capaz de separar com clareza o certo
do errado, algo que muitos relativistas ainda hoje condenam. Sua convicção
moral o afastou muitas vezes do pragmatismo presente no mundo da política. Ele
não costumava contemporizar muito com o lado podre, ainda que se visse forçado
a escolher o ruim para evitar o péssimo de vez em quando. Ele pode ser
considerado uma espécie de visionário, focando no futuro enquanto todos
pensavam no imediato.
Ele conquistou a afeição do povo americano por parecer um sujeito
comum, e o povo se identificava com ele. Por oito anos consecutivos, a pesquisa
da Gallup mostrou Reagan como o homem mais admirado no país, e quando ele
deixou o cargo de presidente, sua taxa de aprovação estava em 70%, a mais alta
de qualquer presidente americano moderno.
Sua
política econômica, conhecida como “Reaganomics”, consistia basicamente
em redução de impostos, desregulamentação e maiores gastos com defesa. Quando
assumiu o poder, a inflação estava em dois dígitos, próxima dos 12% ao ano. A
firme atuação de Paul Volcker no Federal Reserve (Banco Central dos EUA), apoiada por Reagan, foi
fundamental para conter a espiral inflacionária.
Houve uma fase necessária de
ajuste, mas logo depois o país entrou
num período de sete anos de crescimento ininterrupto. A retomada do crescimento
econômico gerou quase 20 milhões de novos postos de emprego, e Reagan dizia que
não há melhor programa social que o emprego.
O propósito
de um programa de governo deveria ser justamente eliminar a necessidade de sua
própria existência, o oposto do que ocorre no assistencialismo do welfare state. O objetivo de seu governo era criar um ambiente estimulante para a
energia criativa dos empreendedores. Uma de suas primeiras medidas foi acabar
com o controle de preços da gasolina, vigente por uma década. Isso contribuiu
muito para o fim da crise de energia.
Quando seu
plano estratégico de defesa na guerra fria foi anunciado, seus críticos logo o
apelidaram de “Guerra nas Estrelas”, por causa do famoso filme de mesmo nome.
No entanto, o tempo mostrou que o plano fazia sentido, e os soviéticos ficaram
pressionados por não terem a menor condição de acompanhar a escalada de
investimentos militares. Isso fez com que Thatcher concluísse que Reagan venceu
a guerra fria sem disparar um único tiro.
Quem credita Gorbachev em vez de
Reagan pelo colapso comunista o faz ou por má fé ou por ignorância. O líder
soviético, apoiado pelo Politburo, objetivava, na verdade, salvar o regime
falido.
Foi Reagan, com seu programa militar, quem colocou de vez um ponto final
na guerra fria, levando à queda do muro de Berlim em 1989, assim como à
democratização de várias ditaduras, principalmente na América Latina. Reagan
deu o empurrão final no regime que vinha desmoronando por suas próprias falhas
intrínsecas.
O grande
tema abordado freqüentemente por Reagan era a intromissão e incompetência do
governo, além de sua completa inabilidade para resolver os problemas das
pessoas.
"O Governo não é a solução. O Governo É o problema." |
Para ele, a intervenção do governo na economia era resumida
assim: “Se algo se move, taxe-o; se ele continua se movendo, regule-o; e se ele
parar de se mexer, subsidie-o”.
Um governo central grande era visto por ele
como um grande obstáculo para a liberdade, e um instrumento ruim para garantir
a justiça. A lição que ele extraía da era moderna é que colocar poder demais
nas mãos do Estado coercitivo era muito perigoso. Ele se opunha ao coletivismo
comum de seu tempo. Não é possível controlar a economia sem controlar as
pessoas, e Reagan entendia isso. Os elevados impostos e a burocracia
incompetente foram seus grandes inimigos internos, enquanto o comunismo era seu
alvo externo.
Reagan
fazia analogias simples, mas que passavam bem sua mensagem. Certa vez ele
comparou o governo a um bebê, com um canal de alimentação com apetite enorme de
um lado e nenhum senso de responsabilidade do outro.
No seu governo, para melhorar a eficiência do sistema público, tentou colocar as melhores pessoas no comando
e delegar autoridade. Sua equipe era formada por pessoas que muitas vezes nem
mesmo compartilhavam de suas visões gerais, e para Reagan, era importante que o
funcionário tivesse que ser persuadido a ir para o governo, em vez de ser
alguém em busca de um cargo público. Era um homem de ação, e por tudo isso
somado, foi sem dúvida um grande líder.
Ronald Reagan foi homenageado pela Marinha dos Estados Unidos, que deu seu nome ao porta-aviões nuclear USS Ronald Reagan, lançado em 2001 e incorporado em 2003. Foi o primeiro navio da Marinha dos EUA com o nome de um ex-presidente ainda vivo.
A ex-primeira dama Nancy Reagan batiza o USS Ronald Reagan, sob as vistas do presidente George W. Bush, em 4/3/2001. |
Cerimônia de Incorporação do USS Ronald Reagan, em 12/7/2003 |
USS Ronald Reagan em primeiro plano. Ao centro o USS Kitty Hawk e ao fundo o USS Abraham Lincoln. |
Ronald Reagan faleceu em 5 de junho de 2004 de pneumonia, complicada com a doença de Alzheimer. Ele tinha 93 anos. Foi o melhor presidente americano da era moderna.
Baseado em texto original de Rodrigo Constantino
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