A Câmara dos Deputados reúne-se hoje para decidir sobre a
admissibilidade do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. É
oportuno reiterar, nesta oportunidade, os termos da nota publicada neste espaço
na quinta-feira, 7 de abril, sob o título Impeachment é o melhor caminho: “Este
governo, inviabilizado por uma presidente da República inábil e inepta, se
deslegitimou de facto por decisão da maioria absoluta dos brasileiros e precisa
ser afastado o mais rapidamente possível para permitir que se dê início à
reconstrução nacional”. Esta é a dura realidade dos fatos e o País espera que
seus representantes não a percam de vista no momento em que, diante dos olhos
daqueles aos quais devem seus mandatos, se dirigirem ao microfone do plenário
da Câmara para declarar “sim” ou “não” à admissibilidade do processo de
impeachment.
Existem fundamentos jurídicos em abundância para respaldar o
pedido de impeachment. A eles se soma a avassaladora razão de natureza política
que se traduz, em resumo, pela traição aos reais interesses do País, patente a
partir do momento em que o governo petista escancarou a opção por seu projeto
de perpetuação no poder com a prática de um populismo irresponsável que
mergulhou o Brasil na mais grave crise moral e econômica do último quarto de
século.
Dilma deverá ter seu mandato cassado não apenas pelas
“pedaladas” que efetivamente praticou, desrespeitando normas fiscais, ou por
ter criminosamente autorizado despesas públicas à revelia do Parlamento. Dilma
também será apeada do poder porque a esmagadora maioria dos brasileiros está
revoltada com a corrupção endêmica na gestão da coisa pública, estimulada por
um ex-presidente que se apresenta como defensor dos fracos e oprimidos enquanto
confraterniza com empresários poderosos e corruptos; com as deslavadas mentiras
eleitorais de 2014; com a arrogante e desastrada tentativa de impor, na marra,
a hegemonia do lulopetismo ao Parlamento logo no início do segundo mandato; com
a exacerbação do nefasto toma lá dá cá que transformou a Esplanada dos
Ministérios num balcão de compra e venda de diplomas de representação popular.
Dilma deverá ser afastada da Presidência da República porque
sua gerência arrogante e inepta resultou na inflação que corrói os rendimentos
da população de baixa renda e na recessão que rouba os empregos, igualmente, de
chefes de família e de jovens. A perversa combinação de inflação e recessão
resultou na absoluta falta de confiança no governo central por parte dos
agentes econômicos, sem cujo concurso é simplesmente impossível promover o
crescimento econômico e a criação de riquezas que beneficiem o conjunto da
sociedade.
A vitória do “sim” ao impeachment na votação de hoje na
Câmara, sugerida pela debandada dos antigos apoiadores da presidente que se
seguiu à aprovação do relatório da Comissão Especial, será apenas mais um passo
no processo de afastamento definitivo de Dilma. A partir daí, a
responsabilidade será do Senado Federal, onde já se prevê que a votação, por
maioria simples, da admissibilidade do impeachment será realizada dentro de
pouco mais de um mês. Começará, então, a contar o prazo de até 180 dias,
durante o qual Dilma ficará afastada da Presidência, para a decisão final do
Senado.
Todo esse
rito deverá ser conduzido com serenidade de espírito e rigoroso respeito à
Constituição e às leis do País. E o resultado deverá ser acatado por todos os
brasileiros, independentemente de simpatias e ideologias. Pois, após
passar pelas incertezas dos últimos meses, a Nação precisa se reagrupar para
superar a crise. Esse é um dever patriótico ao qual nenhum cidadão poderá
faltar.
O Estado de São Paulo, 17/4/2016
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