quarta-feira, 28 de maio de 2014

Um Fuzileiro em Continência


O Memorial Day é um dos três mais importantes feriados nacionais nos Estados Unidos, junto com o Dia de Ação de Graças e o Dia da Independência. É comemorado na última segunda-feira do mês de maio.

No domingo, há um evento em Washington, DC, que atrai centenas de milhares de turistas: Rolling Thunder – Ride for Freedom, o desfile de milhares de motocicletas pela Constitution Avenue, em homenagem ao militares americanos que foram feito prisioneiros ou desaparecidos em ação.

Desde 2002, o desfile tem um elemento que chama a atenção de todos que participam ou que assistem os vídeos  do desfile: um Sargento Fuzileiro Naval, que fica em posição de sentido, prestando continência para todos os motociclistas que passam por ele. Ele mantém esta posição até o final do desfile, que pode durar até 4 horas!


Mas quem é este Fuzileiro Naval?

Seu nome é Tim Chambers, um veterano que serviu por 15 anos no Corpo de Fuzileiros Navais dos Estados Unidos.

O mais velho de seis irmãos, Chambers nasceu no estado de Oregon, no noroeste dos EUA, filho adotivo de um Fuzileiro Naval veterano do Vietnam. Mas ele aprendeu sua disciplina diretamente de seu avô. “Meu avô ensinou-me a ser cortês, tratar as pessoas com respeito e usar o sentido comum. Como ele sempre aplicava um bom corretivo se eu esquecesse estes pequenos detalhes, a transição para os Fuzileiros Navais pareceu natural,” diz ele com humor.

Chamber alistou-se como voluntário no Fuzileiros Navais em 1994, quando terminou o segundo grau. Seu entusiasmo, energia e patriotismo levaram Chambers a executar missões interessantes nos Fuzileiros, incluindo ser Chefe de Protocolo do General Comandante dos Marines na base americana no Japão e Assistente do General Chefe do Conselho dos Marines, em Washington.

Staff Sargent Tim Chambers, U.S. Marine Corps, Retired.
Servindo em Washington de 2000 a 2003 ele participou na inauguração do Memorial da Segunda Guerra Mundial e foi reconhecido como um dos cinco “Patriotas Mais Importantes” pela Associação Nacional da Família Militar dos EUA.

No dia 11 de setembro de 2001, sua energia e entusiasmo foram duramente testados quando o edifício do Pentágono foi atingido pelo avião pilotado pelos terroristas islâmicos. Ele e outros 10 Fuzileiros, que não estavam no prédio no momento da colisão, voltaram para o local e durante 3 dias e noites participaram dos trabalhos de busca de sobreviventes do atentado. Dois meses depois, os 11 militares foram agraciados com a Medalha de Mérito da Marinha e do Corpo de Fuzileiros Navais.

Transferido para a Califórnia em 2004, Chambers continuou participando do Rolling Thunder.
Todos os anos ele pedia licença do seu Batalhão e retornava a Washington para ficar durante horas prestando continência aos participantes do desfile. Tal atitude lhe valeu elogio do Comandante Geral do Corpo de Fuzileiros Navais, por “servir como um verdadeiro representante dos Fuzileiros.” A partir daí, sempre recebeu licença para participar do evento.

Em 2008, depois do desfile, ele foi chamado por um Ajudante de Ordens do Presidente Bush, que levava o convite presidencial para participar do café-da-manhã comemorativo do Memorial Day, na Casa Branca.

O Sargento Chambers, com familiares e com o Presidente George Bush.
Em 2009 Chambers deu baixa do Corpo de Fuzileiros Navais por ter adquirido uma grave infecção bacteriana resistente, que lhe ataca os nervos das costas e provoca muitas dores, impedindo-o de trabalhar por várias semanas. A bactéria foi contraída durante uma operação cirúrgica a que ele foi submetido em 2005. Mesmo assim, serviu por mais 4 anos, antes de aceitar a baixa honrosa.

Apesar do problema, Tim Chambers comparece anualmente  ̶  sem perder um único evento  ̶  ao desfile do Rolling Thunder. E fica em posição de sentido, prestando continência, por três a quatro horas sem interrupção, num tremendo esforço físico.

O esforço físico é perfeitamente notado na expressão facial do Sgt Chambers.
Perguntado como ele consegue fazer isto, Chambers responde com alegria. “A primeira hora é sempre a mais difícil e eu tenho que lutar mentalmente para conseguir manter minha posição. Depois, quando as motocicletas passam por mim, a vibração dos motores e o ruído do escapamento passam através do meu corpo e levam embora a dor no braço. E fica ainda mais fácil quando as pessoas passam e me olham bem nos olhos e dizem, ‘Bom trabalho, Fuzileiro.”

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