O dia 7 de Setembro foi sempre uma data importante na minha vida. Desde criança, morando numa pequena cidade encravada na Serra da Mantiqueira, nas Minas Gerais, meus pais me levavam à rua, neste dia, para assistir ao desfile.
Os estudantes
desfilavam envergando seus melhores uniformes, carregando a bandeira brasileira
com muito orgulho.
Os soldados
do 4o. Esquadrão de Cavalaria Mecanizada desfilavam pela rua principal da
cidade, sob o aplauso da população.
De vez em
quando, tínhamos até alguns aviões da Força Aérea Brasileira sobrevoando a
cidade, berço do Marechal do Ar Alberto Santos-Dumont, o inventor do avião.
Pelas ondas
curtas da Radio Nacional, ouvíamos a narração do desfile militar no Rio de
Janeiro e vibrávamos com a descrição dado pelos reporteres.
E eu via e
ouvia tudo isto, com um tremendo orgulho de ser brasileiro.
Infelizmente,
do Dia da Independência transformou-se num dia lúgubre, onde toda a tragédia
brasileira se mostra.
No
palanque, figuras repudiadas pelo Brasil patriótico. Pessoas que deveriam estar
na cadeia, pelos crimes cometidos contra a cidadania. Assaltantes de banco,
guerrilheiros, terroristas, ladrões do dinheiro público e quadrilheiros se
posicionam na tribuna, como autoridades. E nossos infelizes militares são
obrigados, por sua disciplina e cumprimento estrito do dever, a prestar
continência a esses malfeitores.
Mesmo
durante a ditadura do Estado Novo, quando o Ditador Getúlio Vargas governava o
país, havia um respeito à sua pessoa e este respeito se mostrava nos desfiles
do Dia da Independência.
Hoje, um
profundo sentimento de repugnância cerca as pessoas que dirigem os destinos
desta pobre nação.
Nas cidades
já não há o desfile dos escolares. A bandeira nacional já não é agitada com
alegria, nas ruas.
Os
cidadãos, como que cansados de serem desrespeitados, simplesmente fazem
qualquer outra atividade, menos comemorar a data da nossa liberdade, como país
soberano.
Hoje, 7 de
Setembro de 2013, anuncia-se protestos nas ruas do Brasil que pensa. Não sei se
estes protestos trarão alguma mudança. Não creio que isto aconteça.
Calcados na
desculpa da democratização, os políticos brasileiros criaram um monstro em
1988, que chamam de "Constituição Cidadã."
Onde está a
cidadania nesta Constituição, pergunto, que permite que os brasileiros sejam
desrespeitados por seus representantes, sem qualquer consequência. Onde
assassinos, estupradores, traficantes, corruptos e corruptores tem assegurados
toda a proteção do Estado e o cidadão nem pode se defender,
"algemado" por uma lei de desarmamento que repudiou nas urnas e que
lhe foi imposta, mesmo assim.
A
impunidade praticamente assegurada e a memória curta dos eleitores de cabresto,
permitem que tudo façam, sem que nada lhes seja cobrado. Mesmo o Supremo
Tribunal Federal, até então o fiel da balança cidadã, é descaradamente
desobedecido e suas decisões contestadas e claramente ignoradas.
Juízes da
Suprema Corte são apontados por um governo corrupto e incompetente e aprovados
por um Congresso vendido, com o único objetivo de torcer as leis e garantir a
impunidade daqueles poucos que são pegos com a mão na massa do dinheiro
corrompido e sujo com o sangue das centenas de milhares de brasileiros que
morrem todos os anos na carnificina das estradas destruídas, nos corredores
fétidos dos hospitais públicos, assassinados nas ruas inseguras das cidades,
entregues ao bandidismo num pacto diabólico com o poder público.
Num outro
Brasil, que já não existe, o palácio presidencial, o Congresso Nacional e a
Suprema Corte eram símbolos da nossa cidadania.
Hoje, os
dois primeiros são vistos como um covil de bandidos. E o Supremo Tribunal
Federal, o último bastião da legalidade, gradativamente minado por juízes
vendidos a interesses excusos dos donos do poder.
E o dia que
sempre caracterizou o momento em que passamos a tomar nossas próprias decisões
como povo, em busca do bem comum, transformou-se no dia escolhido para
protestar contra aqueles que querem nos fazer de lacaios, outra vez.
Por tudo
isto, tenho muita vergonha de ser brasileiro.
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