Era uma
vez, um país que disse ter conquistado a independência energética com o uso do
álcool feito a partir da cana de açúcar.
Seu
presidente falou ao mundo todo sobre a sua conquista e foi muito aplaudido por
todos. Na época, este país lendário começou a exportar álcool até para outros países
mais desenvolvidos.
Alguns anos
se passaram e este mesmo país assombrou novamente o mundo quando anunciou que
tinha tanto petróleo que seria um dos maiores produtores do mundo e seu futuro
como exportador estava garantido.
A cada
discurso de seu presidente, os aplausos eram tantos que confundiram a
capacidade de pensar de seu povo. O tempo foi passando e o mundo colocou
algumas barreiras para evitar que o grande produtor invadisse seu mercado. Ao
mesmo tempo adotaram uma política de comprar as usinas do lendário país, para
serem os donos do negócio.
Em 2011, o
fabuloso país grande produtor de combustíveis, apesar dos alardes publicitários
e dos discursos inflamados de seus governantes, começou a importar álcool e
gasolina.
Primeiro
começou com o álcool, e já importou mais de 400 milhões de litros e deve trazer
de fora neste ano 2012 um recorde de 1,5 bilhão de litros, segundo o presidente
de sua maior empresa do setor, chamada Petrobras Bio-combustíveis.
Como o
álcool do exterior é inferior, um órgão chamado ANP (Agência Nacional do
Petróleo) mudou a especificação do álcool, aumentando de 0,4% para 1,0% a
quantidade da água, para permitir a importação. Ao mesmo tempo, este país
exporta o álcool de boa qualidade a um preço mais baixo, para honrar contratos
firmados.
Como o
álcool começou a ser matéria rara, foi mudada a quantidade de álcool adicionada
à gasolina, de 25% para 20%, o que fez com que a grande empresa produtora de
gasolina deste país precisasse importar gasolina, para não faltar no mercado
interno. Da mesma forma, ela exporta gasolina mais barata e compra mais cara,
por força de contratos.
A fábula
conta ainda que grandes empresas estrangeiras, como a BP (British Petroleum),
compraram no último ano várias grandes usinas produtoras de álcool neste país
imaginário, como a Companhia Nacional de Álcool e Açúcar, e já são donas de 25%
do setor. (SHELL-COSAN)
A verdade é
que hoje este país exótico exporta o álcool e a gasolina a preços mais baixos
um produto com 0,4% de água, importa a preços mais altos um produto inferior
(1% de água), e seu povo paga por estes produtos um dos mais altos preços do
mundo.
Infelizmente
esta fábula é real e o país onde estas coisas irreais acontecem chama-se Brasil
cujo ex- presidente, além de ladrão, ainda é pinguço.
CÉLIO PEZZA
é escritor (
http://celiopezza.com/wordpress/2011/10/02/cronica-86-a-fabula-do-pais-do-alcool-e-da-gasolina/)
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