terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Materiais de Limpeza - Perigo Fatal

Este artigo foi escrito por Steve Garn e publicado na edição de Agosto/2009 da American Iron Magazine. A tradução livre é a seguinte: “Materiais de limpeza comuns podem transformar-se em veneno. É verdade, eu pensei que minha hora tinha chegado! Como foi fácil meter-me num risco quase fatal. Depois de ver e ler tantos rótulos nas embalagens, a gente tem a tendência de não mais prestar atenção neles. Compramos produtos químicos e aerosóis na loja de ferragens e pensamos 'Como isto pode ser perigoso, se posso comprar sem qualquer controle, direto da prateleira?' Vejam como uma pequena porção de fumaça tóxica quase me derruba. Eu tinha um serviço urgente para fazer, soldando quatro tanques de diesel. Tinha que fazer um reparo onde os tanques ficaram furados por causa da corrosão do sal. (*) . Normalmente, eu faço um spray no local com um produto para limpeza de carburadores, seco com um pano e pré-aqueço a área com a tocha de acetileno, para que se evapore todos os solventes. Onde eu compro o limpador de carburador estava com o estoque a zero, daí eu peguei uma lata de limpador de freios e fiz a minha rotina desse tipo de trabalho. Para trabalhar em segurança, eu até abrí a porta da oficina e liguei o exaustor. Comecei a soldar com minha solda TIG, na tarde de quinta-feira, e não tive nenhum problema a princípio. Mas quando eu comecei a soldar numa área que estava bem corroída, encontrei umas gotas do limpador de freios, num recanto meio escondido. Quando a solda se aproximou das gotas, um pequeno jorro de fumaça branca foi lançado no ar e eu quase desmaiei. Saí para o ar livre e sentei-me lá, por alguns minutos. Depois de uns 10 minutos, voltei e fui ao meu escritório checar, na internet, os avisos de precaução impressos na lata do limpador de freios que eu tinha usado. Foi quando todo o meu lado esquerdo começou a tremer descontroladamente, por uns 10 ou 15 minutos (fique sabendo, mais tarde, que estava tendo uma convulsão). Rótulo do Limpador de Freios Quando conseguí me controlar, relí o aviso na lata:”Vapores podem se decompor em gases prejudiciais à saúde ou até fatais, tais como ácido clorídico e, possivelmente, fosgênio ou cloreto de clorformila.” Depois de ler sobre ácido clorídico, comecei a pesquisar o fosgênio. O elemento ativo no limpador de freios é o tetracloretileno, muito usado na indústria química como solvente. Quando exposto a temperaturas excessivas e ao gás argônio (usado nas soldas TIG e MIG), ele libera o fosgênio. O gás fosgênio pode ser fatal se inalado numa dose tão pequena como 4 partes por milhão: basicamente uma baforada. Os sintomas podem ser retardados de 6 a 48 horas, depois da inalação. Não existe antídoto para o envenenamento por fosgênio. Se você sobreviver, os efeitos a longo prazo são bronquite crônica e efisema. Minha respiração estava ainda muito difícil, horas depois, mas eu me sentia melhor. Porisso não procurei um hospital. O gosto e o cheiro de cloro na minha boca e nariz era muito intenso. Por volta da meia-noite eu comecei a tossir e meu peito começou a doer, mas achei que os sintomas passariam depois de uma noite de sono. No dia seguinte, sexta-feira, os sintomas pioraram e meus ríns começaram a doer, assim tomei litros de água e suco de amora. Nos quatro dias seguintes fiquei com prisão de ventre e urinava um líquido claro, sem cheiro. Ainda que me sentisse melhor, algumas vezes, eu estava sempre com muitas dores, além de me sentir fraco e cansado. Aí minha urina ficou muito escura e com um cheiro horrível. Na segunda-feira, nove dias depois do envenenamento, eu perdí o equilíbrio. Ficava confuso e mal podia falar, então resolví ir a um hospital. Meus sintomas, quando cheguei na emergência era nível baixo de oxigenação, nível de açucar fora de controle, vertigem e muitas dores no peito. Fui colocado na UTI, imediatamente. Meus rins haviam parado de funcionar. Meus pulmões estavam danificados e tive que respirar por aparelho. Recebía doses de insulina para estabilizar o açucar no sangue. Como não há antídoto para o gás fosgênio, tudo que se podia fazer era descansar e rezar pelo melhor. Depois de toda uma bateria de testes e exames de sangue, pelo menos por agora, não foi verificada nehuma lesão permanente. Porém exames de ressonância magnética indicaram fluído nos seios nasais e líquido no cérebro. Os médicos disseram que eu tive muita sorte em sobreviver. Depois de quatro semanas, parece que posso vir a contrair efisema e bronquite crônica. Estou tomando remédios para o nariz e usando inalador. Além disso, meus nervos olfativos foram muito atacados. Ainda sinto um cheiro e um gosto de cloro permanente. A insulina estava fazendo pouco efeito, porisso agora estou tomando medicamentos mais fortes. Por que estou contando isso? Espero que possa ajudar a salvar a vida de alguém ou evitar doenças muitos sérias. Os aerosóis de limpeza encontrados em milhares de oficinas mecânicas podem ser muito perigosos, se usados de forma errada. Leiam os rótulos e os avisos de precaução. Verifique os efeitos dos produtos químicos que usa. Só porque nunca aconteceu nada, antes, não quer dizer que você seja imune aos efeitos maléficos.” (*) – É costume, nos países do hemisfério norte, jogar sal nas ruas e rodovias, para derreter o gelo que se forma no alfalto, durante os meses de inverno rigoroso. Os tanques de combustível dos caminhões são muito atingidos pelo sal levantado pelas rodas dianteiras. Steve Garn é o proprietário da Blue Ridge Electric & Welding, localizada no Estado da Carolina do Norte, EUA. Ele pilota uma Harley-Davidson Panhead 1961, montado num quadro feito por ele mesmo. É especializado na fabricação de quadros para motocicletas e bicicletas de competição. A Panhead 1961 do Steve Garn Muitos produtos de limpeza de uso doméstico, também podem causar danos à saúde. Leia sempre o rótulo dos produtos, antes de usá-los. Cuidados maiores devem ser tomados na cozinha, quando o fogão ou forno estiverem em uso.

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