quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

A Harley Tem que Olhar para o Futuro

Tradução livre do editorial da revista American Rider, edição de fevereiro/2010, escrito por Reg Kittrelle, editor sênior. "A Harley-Davidson® fabrica motocicletas maravilhosas, ícones que fazem eco com o passado em todos os aspectos do projeto. Desde o motor V-twin em 45º, o morcegão das Touring, a mudança de marcha com o calcanhar, onde cada um deles – e muitos mais – tem uma ligação direta com o passado glorioso da marca. Isto é bom e correto e eu gosto da idéia de herança e tradição, mas só até um determinado ponto. Entretanto, venho notando, de maneira clara, que a Harley está evitando (na falta de uma expressão melhor) encarar o futuro. Nos anos recentes, The Motor Company lançou dois significativos melhoramentos de engenharia nos modelos Touring: os freios ABS da Brembo e um novo quadro. Ambos produziram uma imediata melhora e já estavam com anos de atraso. Acredito que estes melhoramentos foram mudanças reativas. Em outras palavras, as coisas estavam indo tão mal, que tiveram que fazer alguma coisa. Uma reação, portanto. A Harley coloca uma grande ênfase no estilo das motocicletas e isto é evidente, pois suas máquinas são obras de arte. O problema, para mim, é que isto vem em detrimento da funcionalidade. Um pequeno exemplo, o pedal de mudança de marcha com o calcanhar. Este é um instrumento arcaico, que vem dos dias quando realmente você necessita dele para mudar as marchas do motor. Hoje, serve apenas para os saudosistas e para congestionar a plataforma esquerda. Outro exemplo ainda mais significante: o velocímetro montado no tanque das Softails e da Road King. Colocar o velocímetro no tanque libera o guidão (arte), mas obriga você a tirar os olhos da estrada para checar a velocidade (funcionabilidade). Além disso, o indicador de setas (direita/esquerda) estão ainda mais abaixo da linha de visão do piloto. O botões de corte do motor/partida, instalados no guidão, também estão necessitando um re-desenho já há muito tempo. A Harley tem um projeto para mudá-lo, já há 2 anos. Com sorte, estarão presentes nos modelos 2011. Há outros itens que precisam uma modernização, mas vocês já entenderam o que quero dizer. Estes itens com design de décadas anteriores ainda existem por uma única razão: são sagrados! Eles foram declarados como intocáveis porque, se forem modificados, aparentemente vão afetar a condição de ícone da marca. O fato de que estes itens estão colocando a marca atrás dos concorrentes parece não merecer uma melhor consideração. Não estou sugerindo que a forma tradicional da Harley seja modificada para um jeito mais “redondo”. A Harley tentou isto na V-Rod, um modelo que não teve muito sucesso. Gosto do desenho da Harley, na maioria das vezes, mas alguns componentes poderiam ser modernizados com respeito à funcionalidade, sem causar uma histeria generalizada entre os puristas da marca. Ford, Chevrolet, Chrysler, todos modificaram seus ícones e os trouxeram para o século 21. A Harley poderia fazer o mesmo. Duas outras áreas necessitam a atenção da Harley: motor e suspensão. A suspensão convencional nos modelos mais pesados, já está chegando ao seu limite. Por melhor que seja o novo quadro das tourings, é mais “duro” e menos complacente. Nos modelos mais antigos, o quadro mais flexível funcionava como parte da suspensão; o novo quadro transfere todos os impactos com buracos e irregularidades da pista, diretamente para a suspensão. Gosto do motor Twin Cam 96. É macio, razoavelmente potente, confiável e tem uma boa quilometragem por litro. Funciona, para mim. Mas eu sempre piloto sózinho. Carregue uma touring com todo a bagagem para 15 dias, mais sua garupa e você vai sofrer nas subidas. A boa notícia é que há uma solução, já na prateleira: o Twin Cam 110, que equipa os modelos CVO. Mais de 50 anos atrás, o então presidente da General Motors, Charles Wilson, supostamente fez este comentário: “O que é bom para a General Motors é bom para o país.” Naquele tempo pode ser que havia uma verdade nisso, mas a arrogância que esta linha de pensamento trás é igual a um câncer que, lentamente, mata o seu hospedeiro. A Harley-Davidson® tem mostrado a mesma arrogância algumas vezes, acreditando que os outros vão sempre seguir suas tendências. Isto, também, pode ter sido verdadeiro no passado." Não concordo, necessáriamente, com tudo que o Reg Kittrelle escreve, mas ele tem razão em criticar os puristas por insistirem na manutenção de certos ícones da marca. Um ponto que considero totalmente relevante − e que não foi mencionado por ele − é o sistema de arrefecimento dos motores Twin Cam, a ar. A maioria dos concorrentes já usam arrefecimento a líquido. Claro que há soluções no mercado, para minimizar este efeito, bastante desagradável no verão. O próprio quadro das Touring, agora, tem um novo direcionamento do escapamento do cilindro traseiro, que amenizou o sofrimento do piloto nos dias quentes e com tráfego congestionado. Eu encontrei algumas adaptações que melhoraram o problema. Uso um pelego, constantemente, e instalei um radiador de óleo. Melhorou muito, mas ainda é um pouco desconfortável nos dias mais quentes.

2 comentários:

  1. o motor da minha Fat é o TC 88 e já tive a sorte de rodar com uma Fat EVO 1340. Em termos de aquecimento, a carburada é muito melhor... em termos aproveitamento nem chega perto, enquanto a minha Fat chega a 20 km/l na estrada a EVO não chegou à 15 km/l.

    Modernidade? A verdadeira marca da modernidade padece pela falta de tradição: o motor Revolution da V-Rod.

    Um palpite que pode ser uma solução: uma Fat Boy (ou uma Electra Glide, tanto faz desde que seja um modelo tradicional) equipado com um motor Revolution com a capacidade mítica de 1340 cc. Talvez aí nascesse a tradição que falta para esse excelente motor... e de quebra terminava com o problema dos "ovos cozidos".

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  2. se vc quiser uma moto que:
    1) não esquente;
    2) não vibre;
    3) não seja barulhenta;

    Compre uma moto japonesa ... hondas, suzukis, entre outras ...

    As HDs são como cavalos de uma raça única que nunca cruzou com outra. As motocicletas podem não ser as melhores nos aspectos citados, mas são de uma raça sem mistura.

    Vc soh consegueria alterar as caracteristicas com manipulação genética. O problema é que isso pode criar um monstro. Creio que ninguem gostaria de correr esse risco. Nem consumidores nem a HD.

    Um abraço. C.

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