Texto de Luciano Pimentel.
"No mar, desde tempos imemoriais, o valor de um
Capitão só é realmente verificado e testado nas tempestades, nas grandes ondas
anormais, nos tufões, ciclones ou furacões, nos momentos difíceis da relação
comercial entre as partes interessadas na viagem comercial marítima, na busca
por consenso na solução das crises internas de relacionamento entre os
tripulantes .
Para o direito marítimo, uma viagem ainda é considerada uma
“AVENTURA MARÍTIMA“, no sentido jurídico do termo.
Ao longo da minha carreira no mar, nas diversas funções de oficial de navegação que ocupei antes de ter a chance dada pelo meu armador de assumir a nobre função de Capitão de um navio mercante, em todas as travessias oceânicas pude verificar isso (nas vinte vezes que cruzei o Cabo da Boa Esperança, nas travessias do Canal da Mancha passando pelo Golfo de Biscaia, pelo Mar Báltico, pelas monções de SW de verão do Oceano Índico, pelos tufões do Mar da China, pelos estreitos de Gibraltar e de Hormuz, no Golfo Pérsico, Mar Vermelho, Golfo de Áden, estreito de Bab El Mandeb, no golfo da Guiné empestado de piratas....).
Nunca me aconteceu de esperar apenas
boas e agradáveis notícias. Com os pés fincados no convés dos navios que estive e com o meu ceticismo natural, sempre esperei de um Capitão a força moral de
enfrentar as adversidades e de tomar decisões difíceis, nos guiando sempre
para o cumprimento de nossa missão ou para o porto seguro mais próximo.
Tomo a liberdade para fazer uma ponte entre mar e terra, neste momento conturbado que o pais passa. Usando a imaginação, o país como um navio mercante, e o presidente como um capitão, o que deveríamos esperar de um presidente?
Digo: a verdade, a franqueza em dizer a tempestade que
se aproxima, a força moral de enfrentar as adversidades e tomar as decisões
corretas e justas, por mais que sejam impopulares. A nobreza de buscar o
consenso e a união da nação, respeitando empresários, classe media e
trabalhadores.
Governar em nome do Brasil e não em nome de um projeto de poder
partidário. Um presidente para ser considerado estadista, deve sobretudo ter a
capacidade de ir em público e anunciar a nação o momento difícil, (o momento
Churchill de “sangue, suor e lágrimas ), de ter a capacidade de falar não com
ódio e arrogância nos olhos, mas com o tom correto de gravidade que a situação
mereça, sem prejuízo da clareza e da busca por entendimento.
Um presidente não pode defender os saqueadores da riqueza nacional, assim como o capitão de um navio não pode defender os ratos do porão. A nação e o navio afundarão no mar da desonra e serão tratados como cascos soçobrados de escória.
Nos últimos treze anos, os presidentes da era “lulopetistadilmista” falaram em nome dos saqueadores e dos ratos que corroeram a riqueza nacional.
Definitivamente, eles nunca tiveram a nobreza dos grandes capitães!"
Luciano Pimentel é Capitão de Longo Curso da Marinha Mercante Brasileira e Comandante de navios da Petrobrás.
Fotos: Luciano Pimentel
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