quarta-feira, 18 de março de 2015

Rodovias concedidas : mágica ou corrupção?

Ponte Presidente Costa e Silva, ligando Rio de Janeiro a Niterói.
Cada vez fico mais intrigado com a aritmética por trás das concessões de rodovias no Brasil.

O mais gritante, sem dúvida, são as rodovias do Paraná e do Rio Grande do Sul, com os pedágios mais caros do país, junto com a famigerada Via Lagos (RJ-124), no Rio de Janeiro.

Quando a BR-101 (em Santa Catarina), a BR-376 (no Paraná) e a BR-116 (entre SP e RS) foram privatizadas, as propostas vencedoras (todas da antiga OHL) apresentaram valores bem baixos, comparados com outras rodovias federais concedidas. A diferença do valor do pedágio por quilômetor concedido destas rodovias, comparados com o que é cobrado nas rodovias mencionadas acima, é gritante.

Hoje foi feito o leilão da Ponte Presidente Costa e Silva, mais conhecida como Ponte Rio-Niterói.
Atualmente o pedágio é de R$5,20, bastante elevado para os quase 14 km de ponte. A concessão atual se encerra dia 31/5/2015.

Praça de pedágio na Ponte Pres. Costa e Silva (Rio/Niterói).
A empresa vencedora foi a Ecorodovias, que começará a operar a ponte a partir de 1/6/2015 pelos próximos 30 anos e que cobrará o pedágio de R$3,70 ou  29% mais barato do que o cobrado atualmente.

Até aqui, tudo bem. Vassoura nova varre melhor.

O que eu gostaria que me explicassem ou, ainda melhor, desenhassem para mim, é a conta feita pela atual concessionária da ponte, a CCR.

Esclareço: a CCR cobra R$5,20, certo? 

Valor corrigido e aprovado pelo DNIT, baseado em planilhas e relatórios apresentados pela concessionária, para justificar o valor do pedágio a ser cobrado, considerando o custo de operação da ponte e sua manutenção, acrescido da justa remuneração da concessionára.

Mas a proposta da CCR, no leilão para operar a ponte por mais 30 anos, foi de cobrar R$4,70!!!!
Alguém pode me explicar a mágica?

Ou será que os aumentos do valor do pedágio ao longo dos anos, solicitados pela CCR e aprovados pelo DNIT, sofreram algum tipo de síndrome do crescimento espontâneo?

Algo parecido com os valores das obras da Petrobras, talvez?

Um comentário:

  1. Roque, depende muito do investimento feito no 1o contrato e do investimento necessário a ser feito na continuação desse contrato.

    Explico: O investimento feito no 1o contrato tem que ser recuperado/diluído ao longo do prazo do contrato, o que significa que o valor cobrado, além do custo operacional, tem um custo de amortização do investimento inicial, logo uma redução de 5,20 para 4,70 não é absurda, pois os 50 centavos adicionais seriam para amortizar o investimento feito inicialmente. Coisa que quem pegar a estrada agora teria como benefício.

    Claro que isso tudo vai por água abaixo se o edital prever novos investimentos nos mesmos montantes do contrato inicial, mas certamente não é o caso, pois a iniciativa privada pegou as estradas em péssimas condições e atualmente a situação é muito melhor.

    No entanto não tem como explicar a diferença de 3,70 do novo vencedor para 4,70 do fornecedor atual.....ainda bem que está mudando....

    ResponderExcluir