Hoje foi o dia mais difícil, de toda nossa aventura Costa-a-Costa nos Estados Unidos.
Atravessar o Deserto de Mojave, no Parque Nacional do Vale da Morte, no mês mais quente do verão é um desafio e tanto.
Saímos de Las Vegas bem cedo, pela manhã, para aproveitarmos temperaturas mais amenas. A idéia era fazer a parte pior do Vale da Morte na parte da manhã.
Na verdade, funcionou enquanto estávamos no nível mais elevado, a 3.300 metros de altitude. Mas à medida que íamos descendo em direção ao Vale da Morte, a temperatura aumentava progressivamente.
Saímos de Las Vegas com 34 graus Celsius e ao chegarmos na entrada do Parque Nacional, já tínhamos temperatura de 41 graus Celsius e ainda eram 9 horas da manhã!
Quando chegamos a Badwater, o ponto mais baixo da América do Norte (85,5 m abaixo do nível do mar), já estávamos com 48 graus no termômetro.
Este ponto do deserto é como se estivéssemos num lago de sal. Brota uma água salgada do solo, mas com um índice de salinidade tão grande, que não permite a vida de quase nenhuma espécie, a não ser uns insetos que conseguem colocar seus ovos nessa água salobra.
Prosseguimos pelo Vale da Morte, com a temperatura aumentando ainda mais, até que chegou ao seu máximo do dia, por volta das 13:00 horas: 52 graus Celsius (125 graus Fahrenheit).
Neste ponto, a vontade era esquecer a motocicleta e pular, de cabeça, dentro da van de apoio e aproveitar o seu eficiente ar condicionado.
Mas não nos demos por vencidos e continuamos em frente. Depois de mais alguns quilômetros, começamos a subir, outra vez, até atingirmos o patamar de 2.000 m acima do nível do mar.
Ainda estávamos no deserto, mas a temperatura já havia retornado a níveis mais suportáveis (naquelas circunstâncias): agradáveis 43 graus Celsius.
As Montanhas Rochosas, ainda com seu gelo eterno, era uma visão deslumbrante neste "inferno" que estávamos atravessando.
Ao chegarmos em Ridgecrest, Califórnia, por volta das 15:00 horas, o corpo já apresentava o desgaste dessa aventura no deserto. Uma sensação de exaustão, sentida por todos os que estavam de motocicleta. Mesmo as pessoas que estavam em carros ou na van de apoio, reclamavam do calor excessivo.
Algumas lições aprendidas nestas passagens pelos desertos de 5 Estados na América: roupa apropriada é fundamental; água, muita água, é essencial.
Para enfrentar estas temperaturas elevadas, temos que ter o corpo todo coberto, para evitarmos uma exposição demasiada ao sol e ter uma insolação.
A maioria de nós havia adquirido jaquetas apropriadas para enfrentar tais condições. São jaquetas leves, feitas de tecido sintético e toda perfurada, permitindo a passagem do ar. Mesmo sendo muito leves, as jaquetas oferecem uma proteção adequada, inclusive no caso de uma eventual queda, pois são muito resistentes à abrasão.
O uso de luvas é fundamental, pois podemos ter queimaduras de até terceiro grau, se não tivermos as mãos protegidas. O uso de bloqueadores solar é recomendável, mesmo com as roupas adequadas.
Outra grata comprovação, foi verificar que minha decisão de trazer nossos capacetes do Brasil foi muito acertada. Ao alugar as motos, recebemos capacetes do tipo aberto, que deixa o rosto todo exposto ao sol e ao quente vento do deserto.
O meu capacete Shark provou ser uma excelente compra. Além de oferecer uma proteção maior para a cabeça, o uso deste capacete, fechado, mostrou-se ser muito agradável. O sistema de ventilação funciona perfeitamente, oferecendo uma proteção integral, sem desconforto.
Água, muita água, é essencial. E sempre comia uma ou duas bananas, para repor o potássio perdido na transpiração.
No final, rodamos 520 km pelo Deserto de Mojave, a maior parte no Vale da Morte.
Veja todas as fotos aqui.
Nenhum comentário:
Postar um comentário