sábado, 14 de janeiro de 2017

Os transatlânticos que navegaram por aqui.

Da segunda metade do século 19 até os anos 1960, os transatlânticos eram a principal opção de transporte para viajar entre os continentes. 

Para atrair público, as companhias investiam na criação de cartazes que ressaltavam a qualidade das embarcações e dos destinos de viagem, como este, da companhia norte-americana Moore-McCormack Lines, que utilizava uma ilustração do Pão de Açúcar. 




O S/S "Brasil" da Moore-McCormack Lines em New York, iniciando outra viagem
ao Brasil e à Argentina.
Eu me lembro dos anos 1962 e 1963, antes de ingressar na Marinha, quando passeava pela Av. Rio Branco, no Rio de Janeiro. No trecho entre a Praça Mauá e o Edifício Avenida Central havia dezenas de agências de viagens, que vendiam passagens nestes navios, os mais modernos a navegar pelo Atlântico Sul. Eu costumava passar por elas, pedindo cartões-postais dos navios, para minha coleção.


S/S "Brasil Star" da inglesa Blue Star Lines.
O livro "Transatlânticos no Brasil," de Carlos Cornejo e Ana Luisa Martins (Ed. Capivara, R$ 85), relembra a história de algumas dessas embarcações que passaram pelo Brasil entre 1851 e 1960, com 400 imagens de cartazes e cartões-postais. 



Algumas das ilustrações mostradas no livro:





 



Hoje, a costa brasileira é frequentada por navios de cruzeiro e somente durante a temporada de verão.


Cruzeiros no porto do Rio de Janeiro, no carnaval de 2012
O Brasil também teve o seu tempo de glória, com navios de passageiros que faziam a rota entre Santos e Manaus e entre o Rio e Buenos Aires. 

Durante a década de 1960 a Companhia Nacional de Navegação Costeira  posteriormente incorporada ao Lloyd Brasileiro, P.N.  operava os "Cisnes Brancos", como eram chamados os 4 navios da classe: "Princesa Isabel", "Princesa Leopoldina", "Anna Nery" e "Rosa da Fonseca".


"Anna Nery"
"Rosa da Fonseca" entrando na barra do Rio de Janeiro
Os navios de passageiros brasileiros foram desativados no início da década de 1970 e vendidos para armadores estrangeiros, pondo fim ao transporte de passageiros na costa brasileira, até o advento dos navios de cruzeiro.

4 comentários:

  1. Comandante,

    Como sabe, naveguei por 10 anos. Foram por volta de 150 cidades em 45 países. (Um dia tomando um café com um simpático capitāo português, pedi para que ele fizesse a conta), o resultado é de quase 3 mil dias a bordo, mais de 30 travessias pelo Atlântico, é aproximadamente 146.000 milhas náuticas.

    Em 2011 no momento mais intenso de minha carreira, eu era Diretor Musical do maior navio de passageiro na Costa Brasileira, Mariner of the Seas. Com ele, era possível atracar somente em Santos, Rio e Salvador. Conversando com o Capitāo, ele já mostrava o desinteresse do RCCL pela nossa costa. Condições dos portos, taxas portuárias, e tantas outras coisas em que perdemos feio para Europa, Caribe, etc. Neste período, o Brasil recebia mais de 20 transatlânticos. Desde entāo, infelizmente, me parece que este número só encolhe.

    Como você disse, hoje a nossa costa é frequentada somente durante a temporada de verāo, e vamos ver até quando as CIAs aguentarāo.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Ricardo, obrigado por nos acompanhar. O Brasil tem um dos mais elevados custos portuários do mundo. Uma soma de tarifas altas e baixa produtividade. Na navegação de cargas, o custo é repassado para o frete e, daí, para o produto. Quem paga a conta é o consumidor. No caso de navios de cruzeiros, o preço da passagem sobe e o passageiro desaparece. O Brasil é um país que não deu certo. Simples assim.

      Excluir
  2. Exato.
    Há portos do Caribe, que sāo financiados pelas próprias CIAs de cruzeiro. (tentaram isso em Santos, me parece). Há portos no mundo, onde em 05 minutos depois da gangway, você está na rua. Barcelona, é assim e com uma diária de fazer inveja para Santos. Em Santos, acredite, você pode levar até uma hora do navio até o terminal.
    Salvador, tem uma diária surreal (a mais cara do BR), impraticável se consideramos a qualidade do terminal.

    Sim, o Brasil é um país que nāo deu certo.
Hoje, depois de encerrar a carreira a bordo, a única razāo de estar aqui, para mim, tem um nome, família.

    ResponderExcluir
  3. Moramos em Santos e as taxas portuárias são as mais altas do mundo, exemplo outro dia passagem navio turismo R$ 1.79o,00 por pessoa + taxas portuárias R$ 1.320,00!! absurdo!!

    ResponderExcluir