Furacão Irma, Categoria 5 - 2017 |
Por que
é tão improvável que um furacão tão intenso como o Irma atinja o Brasil? A
explicação está na temperatura da água do mar. Esses fenômenos climáticos são
resultados de uma espécie de choque térmico do oceano com a atmosfera. E o
Atlântico Sul não apresenta condições favoráveis à formação de furacões. O que
não significa que o Brasil esteja imune.
Os
furacões se formam em regiões de águas quentes. Quando massas de ar frio se
encontram com a água aquecida, formam-se os ventos que dão origem às
tempestades, explica o geólogo Adalberto Scortegagna, que coordena a área de
Geografia no Colégio Bom Jesus.
No
Brasil, as águas do Atlântico não atingem temperaturas tão altas quanto as do
mar do Caribe ou do Golfo do México. Por lá, as águas chegam a 27ºC, até 28ºC,
nesta época do ano. A única região brasileira que chega perto disso é o
Nordeste. Mas aí falta o outro lado da moeda: não há massas de ar frio de
grande impacto, por lá. Sem o choque térmico, não há furacão.
Pela
lógica, a região brasileira com potencial para ser atingida por furacões é o
Sul. Isso porque estas tempestades migram das regiões mais quentes para as mais
frias.
As
regiões atingidas por furacões e tufões (fenômeno idêntico, mas com origem na
Ásia), ficam entre 20 e 30 graus acima da linha do Equador. Caso da porção Sul
dos Estados Unidos e do Japão, ao Norte; e da Austrália, ao Sul. Curitiba, por
exemplo, fica na mesma latitude que a Flórida, mas no hemisfério Sul.
Como o
Atlântico Sul é mais gelado, os furacões aqui são raros. Mas não impossíveis.
Furacão Catarina, Categoria 1 - 2004 |
Em 2004,
a tempestade Catarina deixou 11 mortos e quase 30 mil desalojados, em Santa
Catarina e no Rio Grande do Sul. Em seu trajeto, a temperatura do Atlântico
ficou entre 24 e 25°C.
Alguns
meteorologistas (principalmente norte-americanos) classificaram o Catarina como
um furacão de nível um. No Brasil, a classificação mais popular é de ciclone
extratropical.
É
possível que o Brasil tenha mais furacões no futuro. Principalmente se for
confirmado o aquecimento global e a temperatura média no Atlântico subir um ou
dois graus, explica o geólogo Adalberto Scortegagna.
“Mas não
podemos ser alarmistas. Mesmo se confirmado o aquecimento, tem que lembrar que
o tempo geológico é diferente do tempo dos homens. O Catarina talvez seja o
primeiro de uma série de furacões. Mas isso não significa que vão ocorrer
outros com poucos anos de intervalo”.
O
geólogo lembra ainda que os ciclones extratropicais, comuns no Sul do Brasil no
início do ano, são justamente resultado desse choque térmico entre águas
aquecidas e ar frio. São tempestades acompanhadas de ventos fortes, que podem
deixar um rastro de destruição. Mas com uma intensidade muito menor do que a
dos furacões.
Fonte: Gazeta do Povo, Curitiba
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