Um F4U Corsair do Esquadrão VMF-122. O piloto é o Ten. Leroy E. Anheuser |
Seus caças
F4U Corsair estavam a apenas 10 minutos de voo de uma ilha dominada pelos
japoneses, mas o inimigo, sem suprimentos, não se apresentava para o combate.
O comandante do esquadrão, Major J. Hunter Reinburg contou em seu livro
autobiográfico (Combat Aerial Escapades: A Pilot’s Logbook) que os caças
nipônicos fugiam do combate individual e os fuzileiros só cumpriam missões de
ataque ao solo.
Ilha Peleliu, no Oceano Pacífico. |
O Major
Reinburg, determinado a levantar a moral do esquadrão naquela ilha úmida sem
comida fresca e sem refrigeração, teve uma idéia. A equipe de manutenção cortou
a ponta de um tanque auxiliar de combustível e o montou numa painel de acesso
lateral. Neste painel ficava uma caixa hermética que normalmente estocava
munição das metralhadoras .50. Nesta caixa, o sargento do rancho colocou uma
mistura de leite enlatado e pó de cacau. A idéia de Reinburg era subir até um
altitude considerável, onde a temperatura ficava abaixo de zero e retornar com
um presente para seus subordinados: dezoito litros de sorvete de chocolate!
Depois de
decolar numa missão que ele registrou como sendo de “teste do sistema de oxigênio”,
o Major Reinburg circulou a 33.000 pés sobre a ilha de Palau – ocupada pelos
japoneses – bem acima do alcance da artilharia antiaérea (28.000 pés), que
gastava sua munição tentando abatê-lo. Depois de 35 minutos de voo, ele
retornou para sua base com uma carga inútil. A mistura estava fria mas não
tinha congelado, uma falha que a manutenção associou à proximidade do painel ao
potente motor do Corsair.
O brasão do VMF-122 na sua versão moderna. O esquadrão opera com os modernos Lockheed Martin F-35 Lightning II. |
Para a
segunda tentativa, registrada como um “voo de teste do super-compressor”, a
equipe de manutenção aparafusou as caixas de munição nos painéis de inspeção
das asas, bem longe do motor, aumentando a quantidade para 36 litros, o
suficiente para os 100 fuzileiros do Esquadrão.
Desta vez a
mistura congelou! Mas o Major Reinburg não estava satisfeito: a mistura não
tinha sido “batida” para tornar-se bem cremosa. A solução foi instalar umas
pequenas hélices nas caixas, ligadas por parafusos que acionavam pequenas pás no
interior das caixas de munição. A ação do vento fazia as pequenas hélices
transformarem-se em liquidificadores aéreos e bater a mistura para o ponto
certo!
O resultado
foi um sorvete de chocolate cremoso e suave.
Um piloto do Esquadrão VMF-122 saboreando um sorvete. |
Os voos da
Operação Congelar se tornaram rotina, revezando pilotos e aviões. Um dia,
entretanto, o Oficial de Operações do Grupo, Coronel Caleb Bailey mandou um
duro recado para o Major Reinburg, dizendo que a história de “voos de teste”
não enganavam ninguém. “Eu tenho meus espiões. Digam ao Reinburg que estou indo
até aí, amanhã, para pegar minha parte!!!”
Os
Fuzileiros do Esquadrão VMF-122 não foram os únicos a fazer sorvete no ar,
durante a guerra.
Tripulantes dos B-17 na Europa carregavam mistura de sorvete
regularmente em seus voos de bombardeiro sobre alvos no continente. E, pelo
menos uma vez, usaram um P-47 Thunderbolt para criar uma delícia: sorvete de creme
com frutas enlatadas!
A título de curiosidade histórica, um dos comandantes do Esquadrão VMF-122 foi o famoso Coronel Gregory "Pappy" Boyington.
Criatividade e história, que maravilha Roque.
ResponderExcluircuriosíssima história !
ResponderExcluirFalar em curiosidade, creio ter sido o Cel "Pappy" que, comandando um esquadrão de P40 na China, desenvolveu técnicas de combate contra o temível Zero japonês, estou certo ?
Sim, o Coronel Gregory "Pappy" Boyington, USMC, lutou na China como parte do American Volunteer Group (AVG), os famosos "Flying Tigers". Na sua autobiografia (que tenho autografada) ele conta que destruiu 6 Zeros nos pouco mais de sete meses que ficou lá. Na época ele era 1o.Tenente nos Fuzileiros Navais e atuou como Líder de Vôo no AVG.Ele abateu 26 aviões inimigos durante a guerra e recebeu a Medalha de Honra do Congresso, por decreto do Presidente Franklin D. Roosevelt.
ExcluirAdmirável ter uma autobiografia autografada pelo Cel. Boyington.
ExcluirO cara era fera. Sem ele os Norte-Americanos teriam tido muito mais dificuldades.
Abraço.
Bom dia
ResponderExcluirEu vi ontem o filme Irmãos de honra ( Devotion ) , e queria tirar uma dúvida !!! os pilotos do Corsair F4u, Não usavam paraquedas ?
na cena da queda de Jesse browm, ele não pulou do avião e veio a ficar preso nas ferragens. Ele poderia ter sido salvou com um Paraquedas.
os pilotos da segunda guerra usavam paraquedas!
pode me explicar?
meu email: csi.rocha@hotmail.com
Boa noite. Com certeza os pilotos usavam paraquedas. Às vezes eles preferiam tentar um pouso de emergência, mais próximo da área sobre o controle aliado, para evitar ser feito prisioneiro, caso saltasse de paraquedas na área controlado pelo inimigo. Foi o caso, neste evento. Uma tática muito usada também na guerra do Vietam.
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