Era 26 de
março de 2010 quando o jovem Rafael Souza de Abreu, 16, virou mais um número
para pesquisadores de segurança pública.
Nessa data,
ele foi morto com oito tiros perto da casa de um amigo em Santos (SP).
Segundo seu
pai e a Promotoria, o rapaz foi confundido
com um ladrão de uma loja de roupas e foi morto em represália a um furto que
não praticou.
Assim, ele
passou a ser um dos 8.686 adolescentes e crianças assassinados naquele ano e
engrossou a lista que, desde 1980, aumentou 376%. No mesmo período, entre 1980
e 2010, os homicídios como um todo cresceram 259%.
Os dados
são do "Mapa da Violência 2012 - Crianças e Adolescentes do Brasil",
pesquisa que será lançada hoje.
O
levantamento analisa as informações do Ministério da Saúde sobre as causas das
mortes de pessoas entre zero e 19 anos de idade.
O ritmo de
crescimento da morte entre jovens é constante. Em 30 anos, só teve queda quatro
vezes. Nos demais aumentou entre 0,7% e 30%.
Um dado que
chamou a atenção do sociólogo Julio Jacobo Waiselfisz, coordenador da pesquisa,
foi quanto os homicídios de jovens representava no total de mortes. Em 1980,
eles eram pouco mais de 11% dos casos de assassinato. Já em 2010, 43%.
"Os
homicídios de jovens continuam sendo o calcanhar de aquiles do governo. Esse
aumento mostra que criança e adolescente não são prioridade dos governos",
disse.
Entre os
Estados em que houve maior aumento dos assassinatos de jovens estão Alagoas,
com uma taxa de 34,8 homicídios por 100 mil habitantes, Espírito Santo (33,8) e
Bahia (23,8).
Segundo
Waiselfisz, vários fatores influenciam o aumento em determinadas regiões. Um
deles é a interiorização dos homicídios.
"Antes,
a maior parte dos crimes acontecia nos grandes centros. Agora, com a melhor
distribuição de renda, houve uma migração da população e os governos não
conseguiram implantar políticas públicas para acompanhar essa mudança",
disse.
Os Estados
que apresentaram as menores taxas foram Santa Catarina, (6,4), São Paulo (5,4)
e Piauí (3,6).
Fonte: Folha de São Paulo
Os grifos são meus.
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