sábado, 8 de outubro de 2011

Welcome Home!

Cheguei ontem e fui recebido no melhor estilo Brasil do "nunca antes".

O vôo da American pousou britânicamente no horário: 09:00 horas. A partir daí, fui trazido brutalmente para a realidade brasileira. Acho que foi a maneira encontrada por alguém "lá de cima" para fazer-me entrar na rotina do país que, um dia, ia ser o "país do futuro".

Saindo do avião deparamos com uma fila imensa no corredor do "Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro - Galeão - Maestro Antonio Carlos Jobim". Era a fila para passar na imigração. Exemplo típico de serviço prestado por qualquer orgão público neste país de mentiras. Uma loooonnnnga hora na fila, para ter o número de seu passaporte digitado no computador por uma funcionária terceirizada. Coisa de paizinho de quinto mundo, sem dúvida. O aeroporto do Galeão tem um nome maior do que seus terminais e imensamente maior do que os serviços que presta a seus usuários.

Bom, pensei, com a demora na fila da imigração, quando chegarmos na área de bagagem será só pegar as malas e sair. Ótimo!
Ledo engano. Ao chegar nas esteiras, encontramos uma situação de puro caos. Parecia uma reunião de torcida organizada de clube de futebol com treino de escola de samba! Gente tentando tirar a mala das esteiras, outras empurrando o carrinho para o Duty Free, outras tantas tentando achar o fim da fila para a alfândega. Coisa de louco!!!!

A esteira 10 indicava: "vôo American 905 - Desembarque iniciado às 09:10". Olhei pro meu relógio e pensei que estava no fuso horário da Ilha da Trindade. Meu relógia indicava que eram 10:20 e minha mala ainda não tinha saído daquele "buraco negro" na parede do aeroporto. As pessoas ficavam cada vez mais impacientes, não só pela demora da entrega das malas mas também pela expectativa da fila - que dava voltas no restrito espaço de bagagem do aeroporto - para passar pela alfândega. Para variar, não havia nenhum funcionário da Infraero na área. Na esteira do meu vôo uma mala bem grande caiu e ficou na parte interna do carrosel. O dono da mala fez o que deveria ser feito: apertou o botão de parada de emergência, passou pela esteira e recolheu sua mala. Feito isto, destravou o botão, para que a esteira voltasse a funcionar. Surpresa!!!! Não funcionou . . . E a sirene de emergência continuava a soar. E nenhum funcionário aparecia para saber o que estava acontecendo!!!! Imaginem se fosse, realmente, uma emergência, involvendo uma pessoa (ou pior, ainda, uma criança) que precisasse de cuidado.

Bom, apareceu um funcionário da empresa aérea, viu a situação e foi atrás da Infraero para resolver o problema. Finalmente a esteira voltou a funcionar e as malas, em conta gotas, voltaram a sair do "buraco negro" na parede.

Nesta altura, já eram 11:00 horas e a fila para a alfândega aumentava ainda mais, pois a fiscalização não absorvia o número de pessoas que saíam da área de bagagem.

Finalmente a minha mala apareceu. Recolhemos a mala e encaramos a fila para a alfândega.

Nesta altura, meu filho estava do lado de fora do aeroporto, enfrentando outro problema. Falta de espaço no estacionamento! Como tudo o que ocorre no Brasil quando se trata de infraestrutura, o estacionamento não comporta o volume gerado pelo aeroporto. Como qualquer aluno do primeiro ano do curso de Logística sabe, a solução tem que antecipar o problema. Senão, é o caos. Os aeroportos, portos, rodovias, estradas, ruas e caminhos do Brasil atestam isto. Claro, seria esperar muito, no Brasil do "nunca antes", que se fizesse de forma diferente. Se dependesse dos nossos governantes, teríamos que ficar na fila ainda por uns 10 anos, para ter uma linha telefônica . . .

Por que eu acho que deveria ser diferente? Essa minha mania que querer que o Brasil melhore . . .

Bom, depois de encarar a fila por quase uma hora, apareceu finalmente uma funcionária da Infraero. Não tomou nenhuma providência, nem mesmo para organizar a fila, que já tinha se tornado um foco de desentendimentos. Não por que as pessoas aplicassem a "lei de Gerson"; simplesmente não dava pra saber onde começava a fila interminável.
Alguém perguntou a esta funcionária se não poderia ter preferência para mães com crianças de colo (havia várias na fila). A funcionária respondeu que havia um funcionário na alfândega para atender os passageiros com preferência, inclusive idosos. E que deveríamos sair da fila e seguir pela lado direito do corredor. Sendo assim, saímos da vala comum, quero dizer da fila comum, desculpem, e fomos procurar o tal lugar preferencial.

Chegando lá, não encontramos nenhuma indicação de atendimento preferencial (como determina a lei), mas havia um funcionário da Infraero. Questionado, a resposta foi: "não sei não. O senhor procura um 'cantinho' por aí . . ."
Voltamos para a vala comum, desculpem outra vez, voltamos para a fila comum, pedindo desculpas às pessoas que lá estavam e não entendiam por que estávamos "furando" a fila (era simplesmente impossível retornar de onde viemos). Depois de mais uns vinte minutos, conseguimos chegar até a fiscalização. Haviam exatos 2 funcionários da Receita Federal para atender os passageiros de um 20 vôos internacionais!!

Muito solícitos e compreensivos, os agentes fiscais procuravam agilizar o trâmite, sem poderem, efetivamente, fazerem muita coisa.

Com uma sensação de alívio e de muita raiva, conseguimos sair do aeroporto, depois de mais de 3 horas de filas e esperas. Comparando, gastamos 8 horas para percorrer os 6.875 km entre Miami e Rio de Janeiro e "sómente" 3,5 horas para os poucos mais de 300 metros entre a porta do avião e a saída do Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro, Galeão, Maestro Antonio Carlos Jobim, etc, etc.

Mas estava de volta para minha terra. Ah, como eu me ufano de ser brasileiro . . .

3 comentários:

  1. É Wilson, e mesmo assim o pais continua crescendo.

    Imagine se tivessemos uma estrutura minimamente decente e impostos não criminoso...

    Parabens pelo espetacular blog q sigo.

    abraços

    LUIZ OTÁVIO

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  2. Wilson, infelizmente esse á o Brasil que irá receber dois eventos de magnitude mundial. Lamentável mesmo.

    E reforço o elogio do Luiz, parabéns pelo Blog que também sigo.

    Grande abraço

    Leo Filardi

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  3. Luiz e Leo,
    obrigado por seguirem o blog e pela sua opinião sobre seu conteúdo.
    Quando eu era adolescente, dizia-se que o Brasil crescia à noite, enquanto os políticos dormiam . . .

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