A irresponsabilidade de governos

Interessante como os nossos governantes (em qualquer nível) gestionam a coisa pública de maneira irresponsável. A imprensa publicou, no início desta semana, o anúncio feito pelo Governo do Paraná, de sua intenção de construir um super-porto na entrada da Baía de Paranaguá. Um investimento de R$400 milhões, que serão bancados pela APPA (Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina). Interessante. O Governador do Paraná é o polêmico Roberto Requião, grande amigo do aprendiz-de-ditador Hugo Chavez, da Venezuela e re-eleito por pequena margem de votos. No melhor estilo nepotista, nomeou seu irmão, Eduardo Requião, como Superintendente da APPA, já no seu primeiro mandato. Pois bem, o primeiro-irmão declarou aos jornais que a APPA já tem, em caixa, R$320 milhões "para investir em obras de ampliação e melhoramentos," dando início imediatamente nas obras de construção do tal super-porto. Apesar dessas notícias, não se apresentou o projeto desta mega-obra, nem se conhece, nos meios marítimos brasileiros, estudo de viabilidade econômica que justifique a construção de um novo porto na Baía de Paranaguá. Ainda mais quando se sabe que, tanto o Terminal de Containers de Paranaguá como o Terminal da Ponta do Félix, estão muito longe de terem sua capacidade de crescimento exaurida. Coincidentemente, no mesmo dia, a Capitania dos Portos do Estado do Paraná (orgão da Marinha do Brasil), proibiu as manobras noturnas de navios no canal de acesso ao porto de Paranaguá, administrado pela mesma APPA de caixa cheia, "em virtude da atual deficiência em seu balizamento." Para os menos conhecedores das coisas marinheiras, o canal de acesso ao porto de Paranaguá sofre a dor crônica de assoreamento (cada vez menor profundidade) e deficiente sinalização náutica, que coloca em risco a entrada e saída de navios na Baía de Paranaguá. Dragagem do canal e melhor sinalização náutica? Ah, fica para mais tarde. Como diria o Lulla, nunca neste país se disse e se fez tanta besteira.