terça-feira, 13 de agosto de 2019

E o Tucano caiu . . .

Emb-312 T-27 Tucano, serial 1348 da FAB, em operação na fronteira ocidental do Brasil.
Nos meados dos anos 1980 construí meu primeiro aeromodelo baseado no Emb-312 T-27 Tucano, da Força Aérea Brasileira.

Não foi uma experiência de sucesso. Explico: a fuselagem, de fibra de vidro, era muito pesada. As asas e o estabilizador, leme e profundores eram construídos em madeira e poliestireno expandido (isopor). O trem de pouso retrátil era a ar-comprimido e muito pesado, também.

Na época consegui as plantas de um aeromodelo construído pelos técnicos da Embraer, que serviram de base para fazer o movimento dos ailerons e dos flaps o mais escala possível.


Para propulsão usei um O.S. 61 FSR.

Voou. Sem dúvida, voou. Mas voou muito mal. Pesado, uma tremenda tendência para estolar. Fiquei com ele pouco tempo.

No final de 2018 me deu vontade de construir outro. Já nas pistas tinha visto alguns modelos disponíveis no mercado. Escolhi o T-27 Tucano 20cc da DNA, pois era o que tinha o menor tempo de entrega.

Resolvi reproduzi-lo com as cores usadas pela FAB na fronteira ocidental, isto é, camuflado. Não foi uma boa decisão, como contarei abaixo.

O kit é bem feito, com alguns detalhes de escala. As proporções não são as melhores, mas eu não pretendia usá-lo em uma competição de FAI F4C.


Recebi o kit no início de dezembro e gostei.

A partir de janeiro comecei a montá-lo.





Usei um motor DLE 20RA de 20cc.


No dia 4 de junho fomos fazer o voo inicial, no Clube Fênix, aqui em Curitiba.

Clube Fênix de Radiomodelismo, Curitiba, PR
O dia estava muito bom para voar. Temperatura amena, vento tranquilo. Ao meu lado estava o meu amigo Alexandre Aguirre Seixas, aeromodelista com muita habilidade e um excelente co-piloto para vôos de estréia.

Fomos para a pista na parte da tarde. Levamos algum tempo ajustando o motor, definindo a atuação das superfícies de comando e verificando o centro de gravidade.

Quando achamos que estava tudo pronto, abastecemos o tanque e nos preparamos para o primeiro vôo, por volta das 16:45 horas.

A decolagem foi tranquila, o T-27 pediu pouca trimagem para fazer um voo reto e nivelado. Não apresentava nenhuma tendência ruim. Fiquei satisfeito.

Fiz umas passagens em diversas velocidades e até comentei com o Alexandre que o Tucano voava muito bem.

Neste momento, decidi levar o aeromodelo para uma altitude maior, onde iria testar sua reação ao estol.

Estava voando da direita para a esquerda (leste para oeste) e iniciei a curva para a direita - contra o vento - e começando a subir.

Neste momento a posição do sol já começando a baixar a noroeste e a posição do avião mostrando a parte de baixo da camuflagem, fez com que eu perdesse a noção de sua atitude. Perdi o avião!!!

Instintivamente cabrei o aeromodelo para saber o que estava acontecendo. Grande erro! O Tucano estolou violentamente, entrando em um parafuso apertado, do qual não consegui sair.

Direto para o chão!!!.

Foram dois dias de buscas. Eu e o Alexandre achávamos que o aeromodelo teria caído em uma área a sudoeste da pista.

Procuramos o aeromodelo caído até começar a escurecer. Aí, tivemos que deixar a busca no dia seguinte.

Na quarta-feira, 5 de junho, eu e minha querida Rosangela fomos ao Clube logo cedo. Estava frio e com um pouco de garoa. Fui equipado com botas e um facão do mato. Preparado para o resgate.

Rosangela Roque tentando encontrar um avião camuflado,
neste ambiente!!!!
O problema é que estávamos procurando no lugar errado!

Nesta altura eu já havia pedido ajuda aos colegas do Clube. Acontece que um dos nossos colegas, Enrique Broens, tinha recentemente inaugurado uma aeronave de Busca e Salvamento, equipado com câmera de vídeo e se prontificou a me ajudar.

Este aeromodelo foi projetado e construído por Enrique Broens e já
participou em várias operações de Busca e Salvamento no nosso Clube.
Chegamos cedo na pista na quinta-feira, 6 de junho. O Enrique preparou seu aeromodelo SAR e decolou, com a câmera ligada e gravando. Fez um voo de pouco mais de 6 minutos, cobrindo toda a área a oeste e sudoeste da pista.

Depois de pousar, fomos ver as imagens no computador. Bingo!!! Lá estava o T-27 Tucano, em uma área que não havíamos inicialmente procurado.



Enrique Broens e o meu T-27 Tucano
Infelizmente foi perda total do aeromodelo. A fuselagem de fibra absorveu toda a carga do impacto com o solo e ficou destruída. As asas abriram a cobertura de fibra, tornando sua reparação impossível. Por sorte nem o motor nem o equipamento eletrônico ficaram avariados.


O piloto sobreviveu e foi doado a um garoto de 6 anos, Bernardo, um dos nossos vizinhos e que sempre está curioso sobre o que estou fazendo com meus aeromodelos na garagem.

Na média, fiquei bem. Afinal, a última perda total de um aeromodelo aconteceu comigo em Ocala, Flórida, em 2002, quando meu SIG Spacewalker 1/3 (motor Zenoah G-38) caiu durante a rampa para pouso, por defeito em um receptor novo!


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