Há algo de mágico em ser proprietário de uma Harley-Davidson, que é quase impossível explicar para uma pessoa que não seja.
Parte da mágica é a camaradagem. Nós não vamos a uma revenda Harley-Davidson para comprar camaradagem, mas na estrada nos damos conta de como ela faz parte dos “equipamentos obrigatórios” da nossa Harley. Não é surpresa que nos tornemos tão apaixonados pela marca. Nós somos afortunados, como seres humanos, de termos esta camaradagem que as outras pessoas, muitas vezes, não entendem.
Fazer amigos durante a infância ou adolescência é muita mais fácil do que fazê-lo depois de adultos.
Na fase escolar (escola/faculdade/academia militar), estamos todos juntos por muitas horas, todos os dias, em atividades comuns, o que facilita o desenvolvimento da amizade/camaradagem. Até mesmo a nossa pouca idade ajuda, já que não temos, naquela fase de vida, nenhum tipo de restrição ao relacionamento, que só vem depois das primeiras decepções que a vida adulta nos reserva.
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Às vezes fica difícil fazer novos amigos, especialmente em cidades muito grandes, com todo o estress envolvido, a pressa, o imediatismo. É muito mais fácil iniciar uma conversação e desenvolver uma camaradagem com pessoas que tem o mesmo interesse comum.
É o caso dos proprietários de Harley-Davidson. Você encontra com uma pessoa que nunca viu antes, mas se sente à vontade para iniciar uma conversa, pelo simples fatos de que ambos (ou ambas) tem a mesma paixão. Sim, paixão. Por acaso você conhece alguém que tenha uma Harley e não seja apaixonado pela máquina? Eu nunca conheci um. É como se fossemos crianças/adolescentes, outra vez.
Eu morei em várias cidades, estados e até países diferentes, desde minha infância.
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Aquí não, aqui foi diferente. E não só pela forma hospitaleira com que o catarinense nos recebe.
Pouco depois que cheguei em SC, conhecí um cliente da empresa onde trabalho (hoje um grande amigo) e saímos juntos para almoçar. Estrito almoço de negócios. Mas ao entrar no carro (ele havia se oferecido por apanhar-me), notei o adesivo da Harley-Davidson na camionete. Bingo! Já começamos a falar sobre o assunto. Eu tinha uma Yamaha DragStar, na época, recém comprada. Mas imediatamente fui convidado a participar do grupo. Acho que o fato de que eu gostava de Harleys, ter Harley no sangue (meu pai foi Harleyro por muitos anos, quando jovem), veio à tona e me transformou em um Harleyro potencial.
Daí a comprar minha primeira Harley e ser aceito como um veterano neste grupo, foi um passo. E dos pequenos.
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Surpreso? Pois aconteceu comigo. Vários Harleyros, que são meus amigos desde então, conhecí pela primeira vez quando foram me “escoltando”, de Balneário Camboriú até Curitiba (bons 450 km, ida-e-volta!), para buscar minha primeira Harley, uma Softail DeLuxe. E, aconteceu de novo, quando troquei por uma Ultra Glide.
Ser Harleyro é muito mais do que pilotar um veículo de duas rodas. É sentir-se parte de uma grande família, desde o momento em que você chega, pela primeira vez.