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sexta-feira, 27 de março de 2020

F-5E Tiger II: o mais antigo está na FAB

F-5E Tiger II da Força Aérea Brasileira
O primeiro F-5E Tiger II construído pela Northrop voa com as cores da FAB.

O F-5E de matrícula 11417 na USAF foi construído em 1972 e apresentado em junho daquele ano nas instalações de Hawthorne.

F-5E serial number 1417 na U.S. Air Force
Northrop Plant - Hawthorne, CA

Linha de montagem dos F-5
A aeronave seguiu para a Base Aérea de Edwards, onde realizou o seu primeiro voo no dia 11 de agosto de 1972, dando início ao programa de ensaios da aeronave.

Em 1988, a FAB adquiriu um lote de 22 caças F-5E usados da USAF (além de outros quatro F-5F). Estas aeronaves pertenciam aos esquadrões “Aggressors” baseados nas Bases Aéreas de Willians, no Arizona (já desativada) e Nellis, perto de Las Vegas, Nevada.

As aeronaves estavam entre os F-5E mais antigos do mundo, sendo que 15 deles faziam parte do primeiro lote de 30 unidades produzido pela Northrop.

Um deles era exatamente o “1417”. 

No Brasil o “1417” recebeu a matrícula FAB 4856. Além dele, foi recebido também o segundo F-5E produzido pela Northrop (1418), matriculado como FAB 4857.

O FAB 4856, já modernizado como F-5EM
O segundo F-5E mais antigo do mundo, #11418
Em outubro de 1974, durante o governo do Presidente Ernesto Geisel, a FAB recebeu o sinal verde do Governo Americano e encomendou à Northrop 42 caças Northrop F-5 (36 do modelo E, Tiger II e 6 do modelo B), ao preço na época de 72 milhões de dólares.

A aquisição dos F-5 permitiu à FAB equipar três dos seus Esquadrões de Caça, na época.

Em 28 de fevereiro de 1975 teve início, em Palmdale, Califórnia, a “Operação Tigre”, o traslado dos primeiros F-5 da FAB para o Brasil.

Em 12 de março de 1975 chegaram os 3 primeiros F-5 ao Brasil, do modelo B - biplace de treinamento - na Base Aérea do Galeão.

Em 3 de outubro do mesmo ano chegaram à Base Aérea de Santa Cruz os 6 primeiros F-5E, que já estavam no Brasil, mas em Anápolis, aguardando o término das obras na pista da BASC.

Devido à atrição - perda de aeronaves em acidentes - em 1989 a FAB teve que buscar mais F-5E usados na USAF, adquirindo quatro caças F-5F (por US$ 5,9 milhões) e 22 F-5E (por US$ 7,1 milhões). Os jatos americanos pertenciam a esquadrões Aggressors da USAF e chegaram ao Brasil com seu esquema de cores característico.

Em 2008 a FAB comprou também 11 caças F-5 adicionais (sendo 3 F-5F) da Jordânia, com o objetivo principal aumentar o número de aeronaves biplaces na FAB.

Um programa de modernização dos aviões F-5 Tiger II da FAB estava sendo pensado desde o final da década de 1980, visando dotar os aviões com aviônica estado-da-arte e recuperar seu poder de combate do início de carreira.

O Programa de Modernização só recebeu autorização para ser implementada no ano 2000, num contrato de US$ 285 milhões para 46 aviões.

Os trabalhos de modernização foram realizados pela Embraer em sua unidade de Gavião Peixoto, SP. Além da Embraer e da israelence Elbit, o programa F-5BR contou com a participação das empresas Honeywell americana (plataforma de navegação inercial), da italiana Galileu (radar multimodo) e da Elisra, também de Israel (RWR).

O Programa F-5BR tornou o F-5E/F compatível com os A-29 Super Tucano e, futuramente, com os A-1M. Com a padronização, os custos de manutenção estão sendo reduzidos.

Empregando tecnologia de 4ª geração e equipado com telas digitais, o cockpit do novo F-5EM proporciona baixa carga de trabalho para o piloto. A configuração permite o controle total dos sistemas através de comandos instalados no manche e na manete de potência (HOTAS).

Dois computadores de alto desempenho e um sistema integrado de navegação INS/GPS/Radar Altimeter também foram incluídos. Três telas multifuncionais em cores e um visor tipo HUD (que projeta informações à frente do piloto) levam ao F-5EM o que de melhor existe em interface homem-máquina. Todos os sistemas de visualização e iluminação do F-5EM foram projetados para o uso com óculos de visão noturna.

Caças F-5EM da Força Aérea Brasileira
O F-5EM também incorpora sistema de visor de mira no capacete, tipo DASH, enlace de dados, sistema de planejamento de missão e capacidade para treinamento virtual em vôo.

A aeronave está qualificada com o armamento padrão já existente na FAB, como os mísseis ar-ar de curto alcance MAA-1 Piranha, bem como bombas e casulos externos.

Também estão disponíveis os sistemas de armamento (convencional e inteligente) usados nos caças de nova geração, como o míssil Python IV e o Derby israelenses, o último com capacidade BVR (Além do Alcance Visual) e bombas guiadas a laser.

Com a modernização, os F-5 da FAB ganharam uma sobrevida de 15 a 20 anos e devem continuar operando até 2030, quando toda a frota terá sido substituída pelo SAAB Gripen F-39, atualmente em fase de testes na Suécia.

O caça F-5A voou pela primeira vez em 30/7/1959 e o F-5E em 11/08/1962.

A produção dos F-5 durou de 1959 a 1987 e um total de 847 F-5A, B e C foram construídos.  As versões E e F tiveram um total de 1.399 aeronaves produzidas.

0s F-5E foram utilizados pela U.S.Air Force de 1975 a 1990.

A Marinha dos EUA continua usando os F-5E como “agressor” nas bases de treinamento nos Estados Unidos, inclusive na famosa Top Gun (Naval Strike and Air Warfare Center, Naval Air Station Fallon, Nevada).

domingo, 22 de março de 2020

Bob Violett: o aeromodelismo mundial está de luto

Robert "Bob" S. Violett - 1941-2020
Robert S. Violett, mais conhecido como Bob Violett pelos milhares de amigos que fez no aeromodelismo, faleceu ontem 21/3/2020, em Winter Springs, Flórida, onde residia. Bob tinha 78 anos.

Aeromodelista, aviador-naval, piloto de linha aérea, empresário, inventor, Bob Violett teve muitas facetas, mas, sem dúvida, o impulso que deu ao aeromodelismo rádio-controlado a jato será seu legado.

Aeromodelista desde criança, Bob Violett levou sua paixão pela aviação para a vida profissional. Oficial da Marinha dos Estados Unidos, Bob combateu na Guerra do Vietnã pilotando os aviões caças/ataque ao solo A-4 Skyhawk e F-8 Cruzader, operando a partir de porta-aviões. Bob acumulou mais de 1100 horas de vôo, 378 pousos em porta-aviões e 76 missões de combate na Marinha. Recebeu a medalha “Distinguished Flying Cross”, entre outras honrarias, pelo seu serviço na guerra.

Dave Dollerhide, Bob Violett e Larry Elmore ao lado de um A-4C Skyhawk
no evento Sun 'n Fun, em Lakeland, FL, 2015.
Após seu serviço na U.S. Navy, Bob tornou-se piloto comercial, voando pela Eastern Airlines, na época uma das “Big Four”, como eram chamadas as maiores empresas aéreas americanas da época (as outras eram a American Airlines, TWA e a United Airlines).

No final dos anos 1970, Bob decidiu por se aposentar da aviação e se dedicou à sua maior paixão: aeromodelos a jato, radio-controlados.

Inicialmente projetando jatos movidos a “ducted fan”, Bob criou a Bob Violett Models – BVM – empresa conhecida mundialmente por seus modelos e cujos kits venceram centenas de competições em todo o mundo.

Além de suas atividades como empresário e inventor, Bob Violett competiu por muitos anos em Escala, Acrobacia e Pylon, tendo inclusive sido campeão mundial FAI na categoria.

Em 1981 Bob Violett criou a BVM, onde criou clássicos como o BobCat™, KingCat™, Bandit™ e Ultra Bandit™.




BVM Renegade, mais recente lançamento. 3 metros de envergadura e comprimento.
Bob Violett participou como competidor em 31 edições do famoso Top Gun Invitational, tendo recebido o prêmio maior, “Mr. Top Gun”, duas vezes: em 2002 com seu F-100 e em 2006 com o seu F-86.

Bob Violett e sua filha Patty, como Mr. Top Gun 2002. O avião, um F-100 é sua criação.
Bob Violett, Mr. Top Gun 2006, com seu projeto F-86.
Sua filha, Patty, foi uma companheira constante nas pistas e no trabalho, onde exerce as funções de Gerente Administrativa da BVM.

Que o Senhor o receba em Seu Reino.

Fair winds, sailor!

sexta-feira, 20 de março de 2020

TOP GUN 2020: evento adiado e novas datas já definidas



O evento esta inicialmente previsto para o primeiro fim de semana de Maio e teve que ser adiado em função das restrições impostas pelo vírus chinês.

As novas datas serão de 28 de Outubro a 1 de Novembro de 2020, no Paradise Field, Lakeland, Flórida.

Veja mais detalhes do evento aqui.

segunda-feira, 16 de março de 2020

Florida Jets 2020: T-27 Tucano brasileiro é premiado outra vez. Conheça o seu piloto

Comte. Ralph Espósito, na cabine de um Boeing da UPS
O aeromodelista Ralph Espósito ganhou outra premiação no Florida Jets, um dos maiores eventos de jatos rádio-controlados do mundo.


Organizado anualmente em Lakeland, Florida pela Frank TianoEnterprises, o evento reúne aeromodelistas de várias partes do mundo num fly-in que já se tornou uma tradição no aeromodelismo.

Realizado entre 11 e 14 de março deste ano, o evento contou com a presença de 132 pilotos. 

Ralph Espósito já tinha recebido um prêmio no ano passado, pelo realismo do cockpit do seu T-27. 
Este ano o prêmio foi confirmado com o cockpit acrescido dos pilotos-robôs que ele instalou.

O cockpit é obra do Flábio Pereira, da Flabio Cockpits de Curitiba. O Flábio constrói cabines muito realistas para aeromodelos. Tenho acompanhado o seu trabalho e é simplesmente espetacular.

O impressionante cockpit criado por Flábio Pereira.
Os pilotos-robôs desenvolvidos pelo próprio Ralph acrescentam um realismo ainda maior. 
A propósito, o Ralph e sua esposa Andrea comercializam os pilotos-robôs através de sua empresa Miami Animatronics.


O aeromodelo é um T-27 Tucano TurboProp  45, fabricado pela Juniaer Modelismo e equipado com uma turbina Kingtech 45 TP.


O Ralph também construiu um veículo rebocador para movimentar o seu T-27 do hangar até a área de voo.


O paulista Ralph Espósito é modelista desde os seis anos, quando começou a montar kits da Revell. Cinco anos depois construiu seu primeiro aeromodelo, um Ugly Stick da Casa Aerobrás.

Em 1981, com quinze anos, venceu o Campeonato Paulista de combate U-Control e participou do Campeonato Brasileiro de VCC em Recife.

Perseguindo sua paixão pela aviação, Ralph entrou para a EWM Escola de Aviação e para o Aeroclube de São Paulo, onde recebeu sua carteira de Piloto Privado.

Em 1983 mudou-se para o Estado de Nebraska, nos EUA, para cursar a Universidade de Nebraska.

Lá, foi aceito em um programa desenvolvido pela NASA, para ser o primeiro astronauta brasileiro, como Mission Specialist. O acidente com o ônibus espacial Challenger em janeiro de 1986 provocou o cancelamento do programa.

O astronauta Buzz Aldrin, da Apolo 11, entregando uma placa ao Ralph,
em nome da Astronaut NASA Foundation.
Ralph Espósito com o astronauta Neil Amstrong, o primeiro homem
a pisar na lua - Missão Apolo 11.
Ralph Esposito mudou sua proa e concentrou-se na aviação, obtendo suas carteiras de Piloto Comercial, Instrumentos e Instrutor de Voo. Logo depois começou a voar em serviços de táxi aéreo, passando logo a comandar os Embraer Emb-110 Bandeirante para a Braniff Internacional, baseado em Kansas City, Mo. Mais tarde entrou na Delta Airlines, voando os Boeing 727. Mas ficou lá por pouco tempo.

Em 1990 foi contratado pela UPS, inicialmente baseado em Louisville, Kentucky. 
Em 1998, com a criação da Base Miami da UPS, Ralph Espósito foi transferido para a Flórida, onde vive e trabalha até hoje.

Na sua carreira na UPS, Ralph pilotou Boeing 727 e 747, além do Douglas DC-8.

Atualmente é comandante de Boeing 767 e 777.


Boeing 767-300F, matrícula N335UP, uma das aeronaves comandadas
pelo Comte. Ralph Espósito na Base Miami da UPS
Participando de eventos importantes, como o Florida Jets e Top Gun - entre outros, desde 2006, Ralph vêm conduzindo uma belíssima carreira no hobby e na aviação comercial de carga.

Aliás, quando lhe perguntam por que prefere voar cargueiros ao invés de voos comerciais de passageiros, ele é enfático: a UPS oferece melhores salários e condições de trabalho do que qualquer outra empresa aérea!

Bons voos, Captain Ralph!

Warbirds RC Forever: evento cancelado



Como já é do conhecimento do Mundo estamos passando por uma Pandemia de Coronavirus (Covid-19) e é por este motivo que a Comissão Organizadora vem por meio deste documento avisar o CANCELAMENTO do Warbirds R/C Forever 2020. Não é a noticia mais feliz que gostaríamos de dar.

            Pela emoção gostaríamos muito de rever os amigos e fazer uma bela festa mas pela razão não podemos correr o risco de proliferar esta doença. Um dos motivos desta decisão, esperamos que compreendam, é pensar que em nenhum momento nós teríamos o espirito Warbirds 100% no decorrer do evento e pra gente isso é muito importante. 

            Pedimos que cada participante que já pagou sua inscrição entre em contato com o Flademir (16-991746606) para ser ressarcido do valor da inscrição no período máximo de 30 dias. Futuramente quando tudo voltar a normalidade vamos remarcar uma nova data e assim faremos uma bela festa.  
   
            Agradecemos a compreensão de todos mas precisamos prezar pela  saúde de todos acima de tudo.                              
                                                                                                                                 
                   Comissão Organizadora Warbirds R/C Forever 2020


Veja mais sobre o evento cancelado, aqui.

quarta-feira, 11 de março de 2020

Harley-Davidson: King of Kings - que comece a última batalha!

A motocicleta "roadXter" é a representante brasileira na competição
Criação da concessionária Autostar Harley-Davidson tem como base o modelo Roadster™
Após muitas edições épicas do Battle of the Kings em todo o mundo, a competição anual de customização das concessionárias Harley-Davidson está pronta para terminar com uma batalha final. Neste ano, 15 vencedores anteriores se reúnem para disputar a coroa no "King of Kings".

A competição sempre mostrou o melhor no que diz respeito à capacidade de customização e criatividade dos Custom Kings, que podem ser encontrados em todas as concessionárias Harley-Davidson em todo o mundo. 

FXGTS Coast Glide: vencedora do Battle of the Kings 2019
Em 2019, a coroa Custom King foi conquistada pela concessionária Laidlaw Harley-Davidson (Califórnia, EUA), com sua impressionante customização baseada na Sport Glide®, chamada de "FXGTS Coast Glide".

A grande final do King of Kings usará a icônica plataforma Sportster® como fonte de inspiração para a customização. Desde 1957, a Harley-Davidson Sportster® tem servido como a mais perfeita tela em branco para todo tipo de customização. Com suas linhas clássicas, o característico motor Evolution™ V-Twin e uma enorme seleção de peças e acessórios genuínos da Harley-Davidson, é fácil construir sua bobber, cafe racer, tracker ou chopper perfeitas.

A competição King of Kings será composta por uma única rodada de votação online global. 

A concessionária Autostar Harley-Davidson, da cidade de São Paulo, está representando o Brasil no King of Kings com a “roadXteR”, sua motocicleta customizada tendo como base a H-D® Roadster™. A inspiração veio das máquinas de corrida, em especial as Café Racer dos anos 1960 e conta com pintura tipo aço escovado no tanque, uma ótima obra de arte. 

Os votos poderão ser realizados até o dia 31 de março de 2020 por meio do site www.h-d.com/customkings
A motocicleta vencedora e o King of Kings de 2020 serão anunciados no mês de abril.

Jon Bekefy, gerente geral de Global Brand Marketing da Harley-Davidson Motor Company, já está ansioso pela batalha final: “O Battle of the Kings tem sido uma vitrine incrível para o DNA de customização que está no centro da nossa marca. Ele inspira nossas concessionárias a mostrar exatamente o que é possível, mas também inspira os clientes em todo o mundo que eles podem ter uma motocicleta verdadeiramente única - independentemente da escala de seu orçamento. Depois de anos de uma competição fantástica, mal podemos esperar para ver o que os vencedores anteriores de todo o mundo construirão este ano!”

Para votar em sua motocicleta preferida e obter informações sobre a competição King of Kings, visite o site www.h-d.com/customkings.


Fonte: Harley-Davidson do Brasil

domingo, 8 de março de 2020

CEO da Harley-Davidson deixa a Motor Company


Após cinco anos de queda nas vendas e com o valor das ações quase reduzido pela metade, Matt Levatich, Presidente e Principal Executivo da Harley-Davidson, está saindo da empresa.

O gigante das motocicletas anunciou na sexta-feira, 6 de março, que Levatich renunciou ao cargo de presidente e CEO e ao seu posto no Conselho de Administração. A declaração não diz se a decisão foi iniciada por ele ou pelo Conselho, mas ele vai ajudar a Motor Company a encontrar um substituto permanente, até o final de março.

Na realidade a Harley-Davidson precisa de uma nova diretoria. Atualmente não há um único diretor que tenha alguma experiência relevante no setor. Essa pode ser uma questão importante quando se trata de selecionar o novo CEO.

Na verdade Matt Levatich não pode ser totalmente responsabilizado pelos problemas que Harley-Davidson  vem enfrentado nos últimos anos.

A empresa está sofrendo cinco anos consecutivos de queda nas vendas em meio a um declínio mais profundo do setor. Vendeu 218.000 motocicletas em todo o mundo em 2019, ou um pouco acima do número vendido em 2010, enquanto as vendas de motocicletas nos EUA estão no nível mais baixo em 16 anos.

O principal grupo de harleyros, homens de meia idade, está envelhecendo e tem sido difícil atrair pessoas mais jovens para a marca. O preço elevado das motocicletas Harley-Davidson também não ajuda nesta desvantagem competitiva.

A verdade é que as soluções que Levatich tentou implementar para curar os problemas da empresa não funcionaram e foram duramente criticadas pelo harleyros em todo o mundo.

Matt Levatich optou por apostar em motocicletas elétricas, começando com o LiveWire, com preços considerados exorbitantes.


Jochen Zeitz, ex-CEO da fabricante de tênis Puma e membro do Conselho de Administração da HDMC assumiu o papel de presidente e CEO em exercício até um substituto seja contratado.

Os desafios que o novo CEO enfrentará não serão fáceis.

A HDMC deve continuar no caminho que Levatich iniciou, investindo ainda mais em motocicletas elétricas e no crescimento internacional ou deverá voltar a ser uma marca dedicada a uma parcela específica do mercado, o nicho sagrado dos amantes da marca?


Ou deverá ser ousada e começar a produzir bicicletas menores e com preços mais atrativos para o mercado dos EUA, além de fabricar uma motocicleta esportiva para desafiar os rivais estrangeiros?

Outra coisa que o Conselho de Administração da Harley-Davidson também precisa decidir é se escolhe alguém de dentro da indústria do motociclismo ou tenta alguém de fora, mais uma vez?

A Harley-Davidson é uma marca que sobreviveu ao seu tempo, mas talvez precise de alguém com a visão mais ampla de revitalizar o nome e conseguir alcançar um público diferente, para continuar no mercado.

quinta-feira, 5 de março de 2020

Novas Fragatas para a Marinha do Brasil

Concepção artística das Fragatas da Classe Tamandaré
Nesta quinta-feira (5/3/2020),a EMGEPRON, empresa estatal independente vinculada ao Ministério da Defesa por intermédio do Comando da Marinha do Brasil, e a Águas Azuis, empresa formada pela Thyssenkrupp Marine Systems, Embraer Defesa & Segurança e Atech, assinaram o contrato para a construção dos quatro navios da Classe Tamandaré de última geração, no valor de R$9,1 bilhões, com entrega prevista entre 2025 e 2028.

A construção será realizada 100% no Brasil, no Estaleiro Oceana em Itajaí (SC), com expectativa de taxas de conteúdo local acima de 30% para o primeiro navio e de 40% para os demais. 


A Thyssenkrupp fornecerá a tecnologia naval de sua comprovada plataforma de construção de navios de defesa da Classe MEKO® (sigla em alemão que significa navio de múltiplo emprego), que já opera em 15 países. 

HMAS Perth, fragata da classe MEKO, da Marinha Australiana.
A Embraer integrará sensores e armamentos ao sistema de combate, incorporando ao programa seus 50 anos de experiência em soluções de tecnologia de sistemas e suporte em serviço.

A Atech, uma empresa do Grupo Embraer especializada em engenharia de sistemas para aplicações de Defesa, será a fornecedora do CMS (Combat Management System) e do IPMS (Integrated Platform Management System, da L3 MAPPS) e receptora de transferência de tecnologia em cooperação com a ATLAS ELEKTRONIK, subsidiária da Thyssenkrupp Marine Systems que produz o CMS e sistemas de sonar.

Características dos navios da Classe Tamandaré:
Tipo: Fragata
Deslocamento: 3.500 toneladas
Comprimento: 107,2 m
Boca: 15,95 m
Calado: 5,2 m
Tripulação: até 136 militares


Navios contratados:
                                 Fragata Tamandaré, entrega em 2024
                                 Fragata Jerônimo de Albuquerque, entrega em 2025
                                 Fragata Cunha Moreira, entrega em 2026
                                 Fragata Mariz e Barros, entrega em 2028

quarta-feira, 4 de março de 2020

Você pensa que seu aeromodelo é grande? Veja este Concorde na escala 1/6


Transportar, montar e voar um aeromodelo deste tamanho não é uma tarefa fácil.

Veja no vídeo como se faz:


Veja mais sobre este aeromodelo aqui.

Harley-Davidson tem taxa 0%, desconto de R$ 7.200,00 e supervalorização de até R$ 10 mil em março


Durante todo o mês de março de 2020, a Harley-Davidson do Brasil oferece condições especiais e imperdíveis para a compra de motocicletas das famílias Sportster®, Softail® e Touring em todas as concessionárias da marca no país.

TAXA A PARTIR DE 0%
Para os interessados nas motocicletas Touring, a Harley-Davidson do Brasil oferece excelentes condições de financiamento para os modelos Ultra Limited e Road King® Special (ANO/MODELO: MY 19/20 e MY 20/20): taxa 0%, entrada de 60% e saldo em 24 vezes. Caso não queira financiar, mas sim utilizar uma motocicleta seminova no negócio, a marca oferce supervalorização na usada: R$ 6 mil para a Road King® Special e R$ 7 mil para a Ultra Limited.




Além disso, todos os modelos da família Softail® da Harley-Davidson do Brasil contam com taxa de 0,99%, 30% de entrada e e saldo em  36 vezes. A mesma condição também se aplica aos modelos Road Glide® Special, Street Glide® Special, e Road Glide® Limited, da família Touring.

DESCONTOS DE ATÉ R$ 7.200,00
Os interessados na Harley-Davidson® Fat Boy® 107, ano/modelo 19/20 e 20/20, aclamada estrela internacional de cinema nas mãos de Arnold Schwarzenegger, também está com oportunidade única. A motocicleta tem seu preço de R$ 74.800,00 por R$ 69.900,00 e, quem utilizar uma seminova na compra ainda conta com supervalorização de R$ 5 mil.


Já a precursora das mudanças recentes em motos da marca, a Harley-Davidson® Fat Bob™ 114, ano/modelo 19/20 e 20/20, conta com uma condição imperdível: Fat Bob™ 114 com preço de Fat Bob™ 107. Neste mês a motocicleta tem seu preço de R$ 74.800,00 por R$ 67.600,00, além de supervalorização de R$ 3 mil na motocicleta usada, tudo isso para tornar mais fácil a realização do sonho de possuir uma H-D única e que é um divisor de águas. Vale lembrar que as condições de taxa para financiamento também são válidas para ambos os modelos.


SUPERVALORIZAÇÃO DE R$ 10 MIL
Quem utilizar uma motocicleta seminova na compra da musculosa FXDR™ 114 (ano/modelo 19/19), equipada com o forte motor Milwaukee-Eight® 114, que entrega 16,11 kgf.m de torque a 3.500 rpm, filtro de ar esportivo, escapamento 2 em 1 de design irreverente, suspensão dianteira invertida, rodas e balança em alumínio contará com uma supervalorização de R$ 10 mil.


SEMINOVAS VALORIZADAS
Além das ofertas mencionadas acima, a Harley-Davidson do Brasil oferece ainda supervalorização da seminova dos clientes interessados em utilizar uma motocicleta usada na compra de uma H-D zero quilômetro até o dia 31 de março.

Clientes que desejam adquirir o modelo Fat Boy® 114 contam com supervalorização de R$ 7 mil, enquanto que aqueles que comprarem os modelos Sport Glide®, Low Rider® S, Street Glide® Special, Road Glide® Special e Road Glide® Limited em março de 2020, terão supervalorização na seminova de R$ 5 mil. Quem quiser colocar uma motocicleta seminova no negócio com a intenção de adquirir o modelo Fat Bob™, a valorização é de R$ 1 mil.

FAMÍLIA SPORTSTER®
Vale lembrar ainda que a a família Sportster® segue com preços reduzidos e condições especiais de financiamento: taxa 0,99% com entrada de 30% e saldo em 48 vezes. Porta de entrada para o mundo Harley-Davidson no País, equipada com o motor Evolution® de 883 cm³ de cilindrada, muita atitude e pegada urbana, a Iron 883™ (ano/modelo 20/20) tem seu preço de R$ 43.900,00 por R$ 39.900,00.

Já a Iron 1200™, com acabamentos escurecidos, grafismo ousado e retrô no tanque de combustível, equipada com o motor Evolution® de 1.202 cm³ de cilindrada, ano/modelo 20/20, tem seu preço de R$ 47.400,00 por R$ 43.900,00.

Fonte: Harley-Davidson do Brasil

terça-feira, 3 de março de 2020

Pista curta? Não existe isto, para estes pilotos!


Esta é a competição STOL (Short take off and landing) realizada anualmente no mês de maio na cidade de Valdez, no Alaska, que exige desempenho e precisão impressionantes, tanto da aeronave quanto do piloto.
A competição atrai aviões de várias partes da América para mostrar suas capacidades de decolagem e pouso curto (STOL).

A competição Valdez STOL é uma versão mais formal do bush flying, típico da aviação no Alaska, onde as pistas são sempre muito curtas. 

Na competição a aeronave taxia para a linha de partida, onde pára com o trem principal. O piloto aciona os freios e acelera até o motor atingir a potência máxima e, em seguida, tenta decolar imediatamente, com o mínimo de rolagem possível.

A pista é pavimentada e permite aos juízes ver exatamente quanto espaço o piloto precisou para decolar e pousar.

Na aterrissagem as rodas principais não podem pousar antes da linha e a distância é medida desde a linha até onde as rodas do trem principal param.


 O evento completo, conhecido como Valdez Fly In, dura três dias.

Além da competição STOL, há um Beach Landing (pouso na praia), na sexta-feira à noite, além de outras atividades, incluindo um show aéreo com apresentações acrobáticas.

O evento começou como uma forma de impulsionar a temporada turística da cidade e tem sido realizado todos os anos desde 2004. Valdez recebe cerca de 2000 espectadores, o que é bem expressivo, considerando que a cidade tem cerca de 4000 habitantes. 
Entre 70 e 150 aeronaves participam do evento.

A cidade de Valdez é particularmente adequada para a competição STOL: está localizada no Golfo do Alaska, ao nível do mar (que oferece o melhor desempenho possível à aeronave) e o aeródromo tem uma brisa constante vinda do oceano.

Em 2017, Frank Napp estabeleceu um novo recorde mundial, tanto na decolagem quanto na aterrissagem, em um Little Piper Cub 1939 altamente modificado. Ele decolou em apenas 13 pés (4 m) e pousou em apenas 10 pés (3 m)!

Em 2018, de Dan Reynolds estabeleceu um novo recorde mundial de pouso em 9 pés e 5 polegadas (2,87 m)!

Para comparação, um piloto típico de uma pequena aeronave monomotor precisa de 300 a 450 metros para pousar em uma pista pavimentada.


segunda-feira, 2 de março de 2020

O Vulcan da RAF que pousou no Galeão durante a Guerra das Malvinas

XM597 do 50 Squadron, RAF Waddington. Estava no 101 Squadron durante
a Guerra das Malvinas.
No dia 3 de junho de 1982, o Squadron Leader  (Major) Neil McDougall comandava o Avro Vulcan XM597 da Royal Air Force na missão Black Buck 6, uma das operações de bombardeio britânicas que visavam atacar o aeroporto de Stanley, nas Malvinas, a partir da Ilha Ascenção, no meio do Atlântico, num percurso de mais de doze mil quilômetros ida e volta. 

Essas missões exigiam um plano de reabastecimento em voo bastante complexo, que totalizava onze operações de REVO. Armado com quatro mísseis antirradar Westinghouse AGM-45 Shrike, o principal objetivo do Vulcan XM597 era destruir o radar AN/TPS-43, instalado pelos argentinos, seu principal sensor nas ilhas.

Nesse dia, como passaram a fazer, os argentinos propositalmente mantiveram o radar desligado justamente para evitar esses ataques; assim, McDougall e sua tripulação sobrevoaram a área por cerca de quarenta minutos sem conseguir detectar e atacar o AN/TPS-43. No entanto, o Batalhão Antiaéreo 601 do Exército Argentino, procurando abater o Vulcan, ligou um radar Skyguard de controle de tiro; os sensores do Vulcan detectaram suas emissões e lançaram dois Shrike, destruindo-o e matando três operadores de radar do 601.

No retorno da missão, surgiu o primeiro problema do XM597: a sonda REVO quebrou e ele não pôde ser reabastecido. A mais de 600 milhas a leste da costa do Brasil, sua única possibilidade seria rumar para o Rio de Janeiro e tentar um pouso no Aeroporto Internacional do Galeão. O Flying Officer (1º Ten)  Chris Lackman, copiloto e responsável por monitorar o consumo de combustível, fez os cálculos e informou, solenemente, que não apenas Ascensão estava fora do alcance, mas, se continuassem voando a 20.000 pés, o combustível não seria suficiente nem mesmo para chegar ao Brasil.


McDougall subiu a 40.000 pés, onde a atmosfera mais rarefeita ajudaria o Vulcan a economizar combustível e pediu ao Flight Lieutenant (Capitão)  Brian Gardner, piloto reserva, para livrar-se dos documentos classificados: códigos, informações sobre alvos, frequências VHF, UHF e TACAN, call signs, mapas, planos, etc. Gardner pegou uma lata de ração, esvaziou-a e colocou nela os documentos junto com alguns objetos pesados para garantir que afundaria. A parte complicada seria descarta-la. E disso advinha o segundo problema do XM597. Só há uma forma de entrar e sair de um Vulcan: pela escotilha sob o nariz, no piso da cabine. Mas a 40.000 pés, devido à pressão, abri-la sem despressurizar seria mais ou menos como estourar uma garrafa de champanhe – com a tripulação fazendo o papel de rolha. McDougall não podia descer pois isso aumentaria o consumo de combustível. E, à essa altitude, a temperatura girava em torno de quarenta graus Celsius negativos.

Considerando isto tudo, abrir a escotilha a 40.000 pés não era muito recomendável. Ainda assim, ele deu ordens para a tripulação vestir as máscaras de oxigênio e despressurizou a cabine. 

Cuidadosamente, McDougall desacelerou o máximo que ousava – à grande altitude, a velocidade de estol do bombardeiro era maior do que em baixa, e foi necessária muita perícia com os manetes na desaceleração. Gardner posicionou a lata de ração na escotilha, vestiu o cinto e operou o mecanismo hidráulico de abertura. O ar frio rugiu para o interior da cabine do Vulcan. A doze quilômetros da superfície do Atlântico, Gardner soltou a lata e a viu cair e ser arrebatada pela corrente de ar. Puxou a alavanca para fechar a escotilha, mas, não tendo sido projetada para fechar em velocidade e grande altitude, ela se recusou a selar, impossibilitando a re-pressurização da cabine.


Dois mísseis Shrike – fornecidos pelos americanos – ainda estavam nas asas do bombardeiro. A perspectiva de aterrissar um avião de guerra britânico armado em um movimentado aeroporto civil no Rio de Janeiro não era lá muito animadora. Portanto, os mísseis tinham que ser descartados, e isso significava dispará-los. McDougall inclinou um pouco o nariz da aeronave e os mísseis foram lançados; um caiu no mar, mas outro falhou e não disparou, ficando literalmente “pendurado” no pilone. Então o terceiro problema assombrou McDougall e a tripulação: o míssil Shrike remanescente não funcionou possivelmente por um problema de ignição; assim, o bombardeiro aterrissaria num aeroporto civil com um míssil antirradar ativo pendurado na asa; um míssil que eles tinham tentado disparar, portanto não havia como saber o que aconteceria.


Cabe aqui uma breve observação sobre o funcionamento do AGM-45 Shrike. Após o operador ativa-lo, ele deve ser apontado em direção do radar-alvo para que o sensor do míssil capture o sinal e “trave” o alvo; neste momento o míssil emite um sinal de retorno informando o operador, que então efetivamente comanda o disparo. Isso significa que, mesmo que o míssil não tenha captado um sinal de radar e “travado” o alvo, ele pode ser disparado – e esse foi o procedimento adotado para “livrar-se” dos Shrike. No entanto, com a falha, não havia como saber qual seria o comportamento do míssil a partir de então. Seguiram rumo ao Rio de Janeiro. 

Míssil AGM-45 Shrike anti-radiação 
O AEO (Oficial Eletrônico de Voo) Rod Trevaskus mudou para a frequência internacional de socorro, contatou o controle de tráfego aéreo do Brasil e declarou a emergência de combustível. Através da máscara de oxigênio, sua voz parecia a do Pato Donald; some-se a isso o barulho forte do vento entrando na cabine pela escotilha aberta, e a comunicação se tornou bastante complicada. Tentando disfarçar sua identidade, Trevaskus descreveu a aeronave apenas como um “jato quadrimotor militar” e informou sua posição.

 MAYDAY, MAYDAY, MAYDAY. Este é um jato quadrimotor militar britânico a aproximadamente 500 milhas a leste do Rio de Janeiro no nível de voo 430, com uma emergência a bordo e muito pouco combustível. Solicitamos pouso imediato no aeroporto mais próximo”.

 Aqui é o controle do Brasil; informe seu indicativo, país de origem e destino”.

Este é o Ascot 597, um jato quadrimotor britânico com seis almas a bordo, com falta de combustível e sem pressão na cabine. Solicitamos assistência imediata e permissão para desviar para o aeródromo mais próximo”.

Ascot 597, NEGATIVO. Você não tem permissão para entrar no espaço aéreo do Brasil. Por favor, indique seu país de origem e destino final”.

Após alguns momentos, Trevaskus mudou de frequência e insistiu:

MAYDAY, MAYDAY, MAYDAY. Somos um jato quadrimotor britânico, a 480 milhas a leste do Rio no nível de voo 430, estamos criticamente sem combustível e precisamos de assistência imediata”.

NEGATIVO, NEGATIVO, você deve retornar. Você não tem permissão para entrar no espaço aéreo do Brasil. Você deve se identificar. Informe o seu aeródromo de partida e o seu destino”.

Nesse ponto, um segundo controlador brasileiro, este com sotaque americano, assumiu a comunicação, continuando com firmeza:

Quadrimotor britânico, identifique-se e indique sua origem e destino”.

Então o Flight Lieutenant David Castle, navegador, disse a Trevaskus:
Pelo amor de Deus, Rod, já que ele insiste, diga que somos de Huddersfield (cidade em West Yorkshire, Inglaterra, que conta com um pequeno aeródromo particular)! Eles não vão saber onde é!”.

Controle do Brasil, este é o Ascot 597, no nível de voo 430, de Huddersfield”, disse Trevaskus ao persistente controlador.

Ascot 597, Roger, aguarde...”.


Ao mesmo tempo, sem que eles soubessem, quando o Vulcan se aproximou da costa passou a ser monitorado pelo CINDACTA, que acionou dois caças Northrop F-5 Tiger do Esquadrão Pif-Paf sediado na BASC (Base Aérea de Santa Cruz), pilotados pelos capitães-aviadores Raul José Ferreira Dias e Marco Aurélio dos Santos Coelho; eles foram orientados com o código “Rojão de Fogo”, significando que se tratava de uma operação real.


Ao sobrevoarem a Baía de Guanabara, bem próximos do centro do Rio de Janeiro, os F-5 romperam a barreira do som e o estrondo foi ouvido a quilômetros de distância. Muita gente preocupada ligou para os bombeiros, para a defesa civil, para a Light (concessionária de energia elétrica na época), para a prefeitura… Dado o “susto” e os prejuízos com a quebra de vidraças, conta-se que houve quem exigisse providências da Aeronáutica quanto à indisciplina dos pilotos! Os caças encontraram o Vulcan e passaram a escolta-lo.

Inicialmente foi solicitado ao bombardeiro que desviasse para pousar na BASC, mas, com muito pouco combustível restante nos tanques, McDougall recusou. Quando cruzou a costa, o controlador de tráfego lhe deu autorização para a pista 10/28, mas isso significava que o Vulcan teria que fazer um circuito sobre a cidade e ele não tinha combustível para tanto. O controlador então o orientou para a pista 15/33 (na época 32/14), mais curta, mas bem à sua frente.


O Vulcan estava a quase seis quilômetros de altura e a pista a cerca de dez quilômetros à sua frente. McDougall desacelerou, abriu os freios aerodinâmicos e levou o bombardeiro a uma descida quase vertical. No final da manobra, o Vulcan estava a cerca de oitocentos pés acima do solo e a 2.400 metros do final da pista. A velocidade era de 300 mph, ainda muito alta para a aterrissagem, por isso McDougall levantou o nariz para que a enorme asa em delta do bombardeiro ajudasse a reduzi-la.

Quando voltou a nivelar, estava a 155 mph, 250 pés de altitude e a 1.200 metros do ponto de aterrissagem, parâmetros normais para o Vulcan. Após o pouso, restavam menos de 2.000 libras de combustível nos tanques; as manobras de aproximação foram uma soberba demonstração das habilidades de voo do Squadron Leader Neil McDougall.

Os F-5 mantiveram o Vulcan sob escolta até a sua aterrissagem, após o que fizeram duas passagens sobre a pista para se assegurar do pouso e rumaram de volta à BASC.

Enquanto diplomatas brasileiros, britânicos e americanos (preocupados com o Shrike) negociavam uma resolução para o incidente, McDougall e a tripulação permaneceram internados na Base Aérea do Galeão por quase uma semana. 

Segundo alguns relatos, os britânicos não tiravam seus uniformes – não podiam, já que não dispunham de outras roupas. Dizem que, após algum tempo, sua presença era notada à certa distância... 
Depois de alguns dias os brasileiros lhes compraram algumas roupas. Refletindo o animado espírito brasileiro, a tripulação britânica foi presenteada com roupas multicoloridas bem ao estilo do carnaval carioca. Conta-se que, quando surgiram no rancho da Base vestindo as novas roupas, foram aplaudidos!


Após a conclusão das negociações diplomáticas e o reparo da sonda do Vulcan, em 10 de junho, finalmente McDougall e sua tripulação partiram de volta a Ascenção, mas não sem antes fazer um tour num Super Puma da FAB sobre a cidade, o Pão de Açúcar e a costa carioca, além de uma noite na cidade com direito a cerveja, tudo patrocinado por seus colegas da Força Aérea Brasileira.

Quanto ao Shrike, os relatos dão conta de que teria ficado retido no Brasil. Há quem especule que ele acabaria servindo como base para o projeto do míssil brasileiro MAR-1, no entanto, nada disso foi oficialmente confirmado ou desmentido por ninguém, nem no Brasil, nem na Grã-Bretanha.

O Vulcan XM597 com as marcas das duas missões contra a Argentina
e o internamento na Base Aérea do Galeão
O Squadron Leader McDougall, foi merecidamente condecorado com a Distinguished Flying Cross pela liderança e habilidade demonstradas ao trazer o Vulcan XM597 com segurança para o Rio de Janeiro. E, finalmente, não restaram dúvidas quanto a um ponto muito importante: o Aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro, é muito longe de Huddersfield.

Fonte: Site O Velho General, artigo de Albert Caballé Marimón