Brasil, il, il . . .
Para a
grande maioria dos brasileiros, conforme as pesquisas de opinião publicadas nos
últimos 10 anos, o poder legislativo é o menos confiável de todas as
instituições do país.
E não é por
acaso, todos sabemos.
Hoje foi
publicada mais uma pérola do trabalho “magnífico” que suas excelências prestam
em troca dos R$8,5 bilhões de reais – dinheiro de nossos impostos – que gastam por ano, em Brasília.
Publicado
no blog Radar On-line, do competente jornalista Lauro Jardim :
Motociclistas
serão obrigados a usar, além do capacete, joelheiras, cotoveleiras, botas e
coletes de proteção. Não pagarão nada por isso. Todos os equipamentos deverão
ser incluídos como acessórios das motocicletas, no ato da compra, ou seja, as
montadoras terão que arcar com os itens.
A mudança
no Código Brasileiro de Trânsito consta no projeto de lei do deputado Fernando
Ferro, do PT de Pernambuco, que está na pauta da reunião de hoje da Comissão de
Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, marcada para às 14h30m.
O projeto
já começou a ser discutido, em altíssima temperatura. Parte dos deputados
discorda da necessidade de mais accessórios de segurança, outros consideram
absurda a hipótese de as montadoras pagarem a conta. Uma terceira via de
parlamentares teme que a qualidade dos equipamentos varie de acordo com o preço
da moto comprada.
Fato é: a
CCJ deverá pegar fogo daqui a pouco.
Não é uma
maravilha? Claro, as montadoras serão obrigadas a nos fornecer tais equipamentos, mas não colocarão o seu custo no preço das motocicletas . . .com certeza!
Ah, outra coisa; não poderemos comprar e usar os equipamentos de segurança que quisermos. Não, só os aprovados por algum orgão público, com certeza.
Quem sabe
eles aprovam também uma lei que nos obrigue a andar de capacete de aço, colete
a prova de balas e sómente em veículos
blindados. Assim poderíamos reduzir substancialmente o nível de homicídios no
Brasil, que chegou a 52.198 assassinatos em 2013.
Ou, ainda, obrigar por lei todo cidadão brasileiro a carregar um extintor de incêndios, todo o tempo. Poderíamos até economizar, eliminando os Corpos de
Bombeiros do país!!!!!!
Suas
senhorias não apresentam nenhum projeto para obrigar os governos a manter as
rodovias em boas condições de uso e punir quem não o fizer.
A má qualidade de pavimentação, sinalização
e engenharia das rodovias, estradas, avenidas e ruas brasileiras tem, na sua
maioria, o mesmo status das trilhas de burro, usada pelos mascates nos séculos
18 e 19, guardadas as devidas proporções.
Morreram mais
de 60.000 pessoas em acidentes de trânsito no Brasil em 2013. Somos o quarto pior país do mundo, neste item. Isto representa
um aumento de 65% desde 2002. Naquele ano 37.018 pessoas foram mortas em
acidentes de trânsito.
A malha
rodoviária brasileira tem cerca de 1,5 milhão de quilômetros. Destes, apenas
212 mil quilômetros ou meros 13% são considerados “pavimentados”. Os outros 87% não tem qualquer tipo de
pavimentação: é terra, mesmo.
Segundo o DNIT, esta é uma estrada pavimentada. |
O relatório
anual de 2013, publicado pela Confederação Nacional dos Transportes (CNT),
indica os seguintes dados referentes às estradas “pavimentadas” no Brasil:
- 89% apresentam problemas de pavimentação (buracos, desníveis, pavimentação desgastada, falta de acostamento, etc.)
- 78,7% das rodovias sob gestão pública apresentam deficiências importantes na sinalização
- 55,8% tem a faixa central desgastada ou inexistente.
- 63,2% não possuem faixas laterais.
- 77,9% das estradas tem problemas de geometria (curvas mal feitas, inclinação ao contrário, desníveis em pontes e viadutos, etc.)
- 40,5% não possuem acostamento.
- 56,7% das estradas onde há ocorrência de curvas perigosas, não há placas de advertência nem defensas.
A situação
só não é pior por termos 15.873 quilômetros de rodovias sob concessão (pedagiadas), dos
quais 84.4% foram considerados como bom ou ótimo pela pesquisa da CNT.
Os gastos
do governo federal com rodovias são cada vez menores: em 2012 foram incluídos
no Orçamento Federal verbas de R$18,7 bilhões, mas só foram efetivamente
utilizados R$9,4 bilhões.
Em 2013
estavam previstos investimentos de R$12,7 bilhões, mas só foram aplicados R$4,2
bilhões.
Os
investimentos em rodovias tem diminuido muitos, nos últimos 30 anos. Na década
de 1970, com toda a crise provocada pelo aumento substancial do preço do
petróleo, o Brasil gastou 1,8% do PIB em rodovias. Nos últimos 10 anos, o
investimento tem sido na ordem de 0,8% do PIB.
Se fossem
mantidos os mesmos índices de investimentos na rodovias, feitos pelo governo
federal nas décadas de 1970 e 1980, deveríamos aplicar R$86 bilhões na
manutenção e construção de rodovias no Brasil, por ano. Não fazemos nem 10%
disto, nas últimas décadas.
Segundo o
Instituto ILOS, Instituto de Logística e Supply Chain da UFRJ, para que nossas estradas fossem consideradas boas ou ótimas
(como na América do Norte e na Europa), seria necessário investir R$64,7 bilhões em
recuperação e R$747 bilhões em pavimentação das estradas já existentes. Sem investimento na construção de novas estradas!
Só para
comparação: a Índia, que tem 35% da extensão territorial do Brasil, tem 1,5
milhão de quilômetros de rodovias asfaltadas, o equivalente a toda a malha rodoviária
brasileira!
Rodovia Mumbai-Pune, na Índia. |
Mas, nem
tudo está perdido: vamos ter estádios de futebol no padrão FIFA. Oba!
Nada como uma (carreata de moto? como chama?) grande, barulhenta e bem organizada num ano de eleição pra fazer nosso legislativo pensar melhor a respeito. Quem topa?
ResponderExcluirConcordo com o cara ali (anonimo), até onde eu sei a lei ja passou pela primeira etapa de aprovação. Alguem tem mais informações a respeito?
ResponderExcluir