A bola
descendo de um mastro, no topo do edifício Times Square One, com a contagem
regressiva dos segundos que faltam para o início de 2017 foi assistida por
dezenas de milhões de pessoas, em todo o mundo.
A bola, uma
esfera de cristal Waterford que pesa 6 toneladas e é coberta com 32.276 luzes
de LED, é uma tradição nesta praça, formada entre a Broadway e a Sétima Avenida,
entre as ruas 45 e 47, na cidade de New York.
O edifício Times Square One, em 1907. |
A bola foi
arriada pela primeira vez em 1908 e se tornou uma tradição, um ícone do Ano
Novo desde então.
Mas, de
onde veio esta idéia? Na realidade esta prática se iniciou em 1819 e tinha como
objetivo ajudar os marinheiros a ajustar os cronômetros dos navios.
A posição
precisa de um navio em alto mar era obtida por cálculos de astronomia náutica ou navegação eletrônica de superfície até 1983,
quando o presidente Ronald Reagan liberou o uso do GPS (desenvolvido para uso
militar desde a década de 1970) para uso civil, sem qualquer custo.
Esta
posição, determinada por duas coordenadas (latitude e longitude), era obtida
através da observação astronômica do sol e das estrelas para definir a latitude
(distância do objeto na superfície da terra em relação aos polos) e pelo
horário astronômico da observação em relação à Hora Média de Greenwich, obtida
pelo cronômetro marítimo, para determinar a longitude (fuso horário do local, em relação ao Observatório Real de Greenwich).
O primeiro
cronômetro marítimo confiável foi desenvolvido pelo inglês John Harrison e
outros, na segunda metade do século 18, depois de 31 anos de pesquisa e experimentação. Mas para que a posição em longitude
esteja correta, é necessário que o cronômetro esteja corrigido ou a diferença
que apresente seja conhecida.
Cronômetro de John Harrison, de 1735 |
Hoje há várias
maneiras de se determinar a hora correta, quando se está à bordo de um navio.
Mas nos séculos 18 e 19 a coisa não era assim tão simples.
Em 1819, o
Comandante Robert Wauchope, da Marinha Real, inventou a “bola do tempo”. Era
uma bola de grandes dimensões, içada no topo de um mastro em um edifício alto e
visível do mar, no porto de Portsmouth, Grã-Bretanha. O bola era arriada
exatamente ao meio-dia. Quando um navegador observasse a bola a ser arriada,
poderia comparar com seu cronômetro e determinar sua precisão.
Ilustração incluída no pedido de patente da "Bola do Tempo". |
Bola do Tempo em Portsmouth, Grã-Bretanha, nos dias atuais. |
Em 1833 uma
bola do tempo foi erguida no teto do Observatório Real de Greenwich, nos subúrbios
de Londres. Em 1845 fizeram o mesmo no Observatório Naval dos Estados Unidos,
em Washington, DC.
Observatório Real de Greenwich, Londres. |
Observatório Naval dos EUA, Washington, DC. |
Vários
outros lugares no mundo adotaram formas semelhantes de indicar o ponto preciso
do meio-dia.
No Brasil, especificamente no Rio de Janeiro, a torre do edifício
Mesbla, na Rua do Passeio dava a previsão do tempo.
Edifício Mesbla, na Rua do Passeio, Rio de Janeiro. |
Com o
advento dos sinais de tempo por rádio, nos anos 1920, as bolas do tempo ficaram
obsoletas.
Entretanto, as bolas do Observatório Real de Greenwich e do Observatório
Naval em Washington, continuam a serem
arriadas precisamente ao meio dia local, todos os dias até hoje.
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