Duas notícias, veiculadas hoje, mostram um panorama sombrio no horizonte energético no Brasil.
A primeira é relacionada à produção de energia elétrica. Deu na Veja.com:
De acordo com dados da Associação Brasileira dos Produtores
Independentes de Energia Elétrica (Apine), os reservatórios das hidrelétricas
do Sudeste e Centro-Oeste estão no mais baixo nível para o mês de janeiro desde
2001, ano do último racionamento de energia elétrica no país. No Sudeste, que
responde por 70% da capacidade de armazenamento do país, os reservatórios estão
em 28,6% da capacidade - isso equivale a 72% da média histórica para janeiro.
No Nordeste, os reservatórios estão com 30,6% da capacidade preenchida, o que
significa apenas 31% da média histórica, de acordo com dados do Operador
Nacional do Sistema Elétrico (ONS).
O nível dos reservatórios das hidrelétricas está abaixo do
patamar de segurança estabelecido pelo governo para evitar o racionamento,
todas as térmicas estão acionadas - e, mesmo assim, os níveis dos reservatórios
continuam caindo. Com isso, os olhos se voltam agora para duas soluções: as
chuvas ou a diminuição do consumo.
Do lado das chuvas, as estimativas tampouco são otimistas,
conforme mostram dados do próprio ONS no índice ENA (Energia Natural Afluente),
que mede a expectativa de chuvas a caírem nas cabeceiras dos reservatórios, com
base na média histórica. No relatório desta semana, o ENA esperado para o
Sudeste em janeiro está em 72% da média (ou seja, abaixo da média histórica,
que seria 100%); para o Nordeste, está em 31%; para o Norte, 57%; e para o Sul
(127%).
A segunda é referente às dificuldades da Petrobrás, assunto já abordado várias vezes no blog. Deu no Estadão:
A Petrobrás deve ter registrado, em 2012 - os dados finais
ainda não foram coligidos -, a terceira queda de produção de petróleo em 59
anos de operação.
Também no ano passado, no segundo trimestre, a empresa
registrou prejuízo de R$ 1,35 bilhão, o primeiro resultado negativo em 13 anos.
Financeira e tecnicamente incapaz de realizar todos os
investimentos que programou, sobretudo por pressão política do governo Lula, a
empresa negligenciou aplicações em áreas essenciais para a geração de recursos
necessários à sustentação desses programas, especialmente a de produção.
O declínio é a consequência natural do modelo de gestão
imposto pelo governo lulo-petista à empresa.
A primeira queda de produção da Petrobrás ocorreu em 1990,
no primeiro ano do governo Collor, que desorganizou a economia brasileira; a
segunda, em 2004, no governo Lula, foi provocada por problemas de manutenção e
atraso na entrega de equipamentos.
A do ano passado é a síntese de um conjunto de problemas que
a empresa acumulou desde a chegada do PT ao poder, em 2003. Desses problemas se
destacam o loteamento de cargos entre aliados políticos, o estabelecimento de
metas irreais de produção, o encarecimento brutal das obras de refinarias, o
atraso nos serviços de manutenção das plataformas e na entrega de equipamentos
para a exploração do pré-sal e, nos poços já em exploração, notável queda de
eficiência operacional.
As consequências são graves. Como mostrou o jornal Valor
(7/1), com base em dados da Agência Nacional do Petróleo, a produção diária
média de óleo e condensado em agosto de 2012 foi de 2,006 milhões de barris,
inferior à média de agosto de 2011, de 2,052 milhões de barris.
Descontada a produção dos novos poços que entraram em
operação no período, de 500 mil barris diários, constata-se que a produção dos
poços antigos diminuiu 26,6%, ou mais de um quarto, entre um ano e outro, bem
acima da média histórica de redução, de 7% a 10% ao ano.
Estima-se que, só com a queda da produção de petróleo da
Bacia de Campos, a Petrobrás tenha perdido cerca de R$ 7 bilhões no ano
passado.
A rápida queda da produção dos campos em exploração levou a
empresa a anunciar, em meados do ano passado, um programa de aumento de
eficiência dessas unidades, que foi incluído em seu Plano de Negócios 2012-2016.
Trata-se de uma tentativa de correção dos efeitos nocivos da
decisão, tomada na gestão anterior da empresa, chefiada por José Sérgio
Gabrielli, de - como queria o governo Lula, por interesse político-eleitoral -
concentrar investimentos na área do pré-sal, o que reduziu as disponibilidades
para aplicações em manutenção e recuperação de equipamentos dos poços já em
exploração e para o aumento da capacidade de refino da empresa.
Por causa da queda da produção, que talvez não seja
revertida em 2013, e da estagnação por muitos anos de sua capacidade de
processar o petróleo, a Petrobrás passou a importar diesel e gasolina em
volumes crescentes, às vezes superiores à capacidade da empresa de distribuir
adequadamente os derivados, o que provocou a escassez temporária em algumas
regiões do País.
Pior ainda, do ponto de vista financeiro, essa prática tem
sido altamente danosa à empresa, por causa da contenção dos preços dos
combustíveis no mercado interno, que aumenta a defasagem em relação aos preços
internacionais.
A Petrobrás compra a preços do mercado internacional, mas
vende mais barato do que paga, o que só pode resultar em perdas.
Com a produção em queda e a capacidade de refino estagnada,
diante de um mercado em constante crescimento, e ainda acumulando prejuízos por
causa da política de preços de combustíveis do governo, a Petrobrás reviu
metas, congelou diversos programas de investimentos, vem tentando vender ativos
no exterior e tem sua imagem cada vez mais corroída no mercado.
Na atual gestão, chefiada por Graça Foster, parece ter
abandonado a prática de vender ilusões. No ano passado, o primeiro à frente da
diretoria da empresa, Graça Foster diz ter feito a "arrumação da casa".
2013 deverá ser o ano de "acomodação". Se for, pelo menos a Petrobrás
não ficará pior.
Vamos ver como ficam estas duas fontes fundamentais de energia, para a economia do país.