A Califórnia é o estado mais populoso dos Estados Unidos, com 37 milhões de habitantes (São Paulo tem 41 milhões). É também o terceiro de maior área (depois do Alaska e do Texas), com 404.000 km² (São Paulo tem 248.209 km²). A Califórnia é o estado mais rico dos Estados Unidos, com um PIB de US$2.200 trilhões (São Paulo é o maior do Brasil, com um PIB de US$5,9 trilhões – e os paulistas pensam que são ricos . . .)
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Parque Nacional das Sequóias - Califórnia |
Com um clima bem ameno na parte sul do estado, rodovias e estradas com paisagens magníficas, não é surpresa que a Califórnia seja o estado americano com mais motocicletas registradas (como São Paulo, no Brasil).
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Próximo a Visalia, Califórnia |
Também não é surpresa constatar que a Califórnia tem o maior índice de acidentes com motocicletas (igualzinho a São Paulo).
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Esta são as más notícias. E até onde vai a comparação entre os dois Estados.
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Daí por diante, não há nada em comum entre a Califórnia e São Paulo ( e por consequência entre os EUA e o Brasil) no que diz respeito à segurança nas estradas.
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As boas notícias (para os americanos) é que o número de acidentes involvendo motocicletas tem diminuído drásticamente na Califórnia e nos Estados Unidos, em geral. Desde 2008 o número de acidentes fatais com motocicletas tem diminuído a cada ano, de acordo com um estudo estatístico realizado pelo Departamento de Segurança do Trânsito da Califórnia. Durante todo o ano de 2010, 394 acidentes de motocicleta, com morte, ocorreram na Califórnia.
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Em todos os Estados Unidos, menos de 4.000 acidentes fatais com motocicletas ocorreram em 2010.
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Segundo dados não oficiais morrem 4 motoqueiros diáriamente, apenas na região metropolitana de São Paulo. Isto representa 36% do que acontece em todos os Estados Unidos.
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Os dados oficiais não são confiáveis nem atualizados. Os últimos disponíveis publicados pelo DENATRAN, indicam que em 2008 um total de 200.499 acidentes com motocicletas resultaram em mortes ou ferimentos graves. Como sempre, as mortes só são imputadas aos acidentes se a vítima morre no local. Mortes posteriores não são consideradas. A grande maioria dos acidentes ocorrem nos estados de São Paulo e Goiás. No total, o número de acidentes graves no Brasil superam os do Estados Unidos em apenas 5.000%!
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Ao sul de Big Sur, Califórnia |
Mas por que os acidentes tem diminuído na Califórnia e nos Estados Unidos, região com o maior número de motocicletas per capita do mundo? O que podemos aprender com isso?
Segundo os especialistas, são muitos os fatores que contribuem para este bom resultado.
- Campanhas de esclarecimento e educação tem sido considerada a maior contribuição para o declínio em acidentes fatais. Com muitos estados ainda permitindo o uso de motocicleta sem capacete, as campanhas tem sensibilizado os motociclista a usarem este equipamento de segurança, mesmo onde não seja legalmente exigido.
- Igualmente, campanhas tem sido veiculadas com os motoristas de automóveis e caminhões como alvo. Segundo as estatísticas americanas, dois terços dos acidentes involvendo veículos de quatro rodas e motocicletas são resultados da atitude dos motoristas, que não respeitam o direito dos motociclistas, tanto nas ruas como nas estradas.
- Desenvolvimento de Programas de Treinamento de Segurança para Motociclistas. Desde o ano 2000, muitos estados americanos desenvolveram cursos de treinamento de segurança para motociclistas. Em alguns estados, inclusive, portadores de certificado de conclusão de tais cursos podem receber sua habilitação diretamente, sem necessidade de provas adicionais.
- As estradas americanas são conhecidas pela qualidade da pavimentação e da sinalização visual. Melhorias nestes itens tem contribuído de forma marcante na diminuição de acidentes fatais involvendo motocicletas.
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Típica estrada secundária, numa zona rural dos EUA |
No nosso país, com a honrosa exceção do Estado de São Paulo, a qualidade das ruas e estradas, tanto na pavimentação como na sinalização, está abaixo da crítica. Estradas esburacadas, pavimentos irregulares, desníveis entre a pista e pontes/viadutos, falta de acostamento, inexistência ou falha nas sinalização vertical e horizontal contribuem, de forma vergonhosa, para as dezenas de milhares de acidentes fatais que ocorrem no Brasil, todos os anos ( números que englobam todos os tipos de veículos terrestres).
Segundo pesquisa da CNT (Confederação Nacional do Transporte), 69% da malha rodoviária do Brasil é péssima, ruim ou regular. Somente 31% dos trechos é considerado bom ou em ótimo estado. E quase todos estão concentrados nos Estados de São Paulo e Paraná.
Com o aumento da capacidade de compra das classes C e D, o número de motocicletas de pequeno porte (menos de 150 cc) vendidas no Brasil tem aumentado consideravelmente. Nos últimos cinco anos o crescimento foi de 88,5%, de 797.673 unidades em 2005 para 1.504.357 motocicletas em 2010.
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Pilotadas por motociclistas jovens, mal treinados e inexperientes, aliados ao péssimo estado das ruas, avenidas e estradas brasileiras, o resultado é trágico.
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Segundo dados da Segurada Líder, que administra o DPVAT (Seguro obrigatório), acidentes com motos representaram 60,7% das indenizações por acidentes no Brasil, em 2010. Foi o percentual mais alto dos últimos 5 anos. Estes números representam um aumento de 1.000% nos últimos 10 anos. 85% das mortes são de homens entre os 18 e 25 anos.
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Não há dinheiro público nem vontade política para reverter esta situação.
Há recursos federais para uma quantidade incrível de outros programas, inclusive aqueles de ajuda a Cuba, perdão de dívidas de países tipo Bolívia, etc.
Mas, para poupar a vida de jovens cidadãos, os recursos são sempre escassos . . .