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domingo, 19 de setembro de 2010

Excesso de Velocidade

Sempre há dois lados de toda história (bem, na realidade há três: a sua versão, a versão da outra pessoa e a verdade).
Excesso de velocidade é um problema, mas não pela razão que a maioria das pessoas pensam. Exceder o limite de velocidade é só um lado da história.
Nas rodovias federais e estaduais duplicadas, qual é a velocidade que você espera que a maioria dos veículos trafeguem? 100, 110, 120 km/h? Se um veículo está trafegando a 50 km/h, é a diferença em velocidade que causa um perigo?
Estudos conduzidos nos Estados Unidos, indicam que colocar limites de velocidade abaixo da velocidade 85% , agrava os problemas relacionados com variação de velocidade, aumentando o risco de acidentes.
O que é “velocidade 85%”? Simplesmente a velocidade em que 85% dos veículos trafegam naquela rodovia.
Em outras palavras, numa rodovia como a BR-101, no Paraná (velocidade máxima 110 km/h), nenhuma redução de velocidade deveria estar abaixo de 90 km/h.
E no entanto, naquela rodovia, há pontos que obrigam a redução para 60 km/h e até 40 km/h (inclusive as absurdas reduções em frente aos postos da Polícia Rodoviária Federal)
Se as reduções de velocidade, imposta pela sinalização, forçam os veículos a velocidades abaixo dos 85%, a possibilidade de acidentes é muito maior. A maioria dos motoristas não acatam limites de velocidade desnecessárias ou sem aparente motivo, o que leva ao desrespeito à sinalização.
O correto seria não permitir construções próximas das rodovias, que venham a se constituir em um risco ao tráfego. Todo mundo conhece aquelas famosas placas “Consulte o xxx antes de construir próximo desta rodovia”, que existem em toda parte, no Brasil. No entanto, vemos de tudo: de bairros residenciais de baixa renda até escola de ensino básico (outro absurdo).
Daí, o veículo que vem trafegando a 110-120 km/h vê uma placa limitando a velocidade a 40 km/h. Uma redução de quase 60%!!!!!!
Na maioria dos países onde o respeito pela vida é prioridade (o que não é o caso do Brasil - veja a questão de segurança pública e saúde), estradas de alta velocidade (rodovias, freeways, etc.) tem as seguintes características básicas:
  • Pavimentação impecável
  • Sinalização perfeita
  • Acesso limitado

O que chamamos de “sinalização perfeita”, além do óbvio?

Uma sinalização inteligente, onde a necessidade de redução da velocidade seja avisada MUITO ANTES de se chegar ao local. Não é uma pequena placa dizendo “reduza a velocidade” ou “obras a 100 metros” ou, pior ainda, um pobre operário de empreiteira balançando uma suja bandeira vermelha.

Naqueles países que mencionei, 1 a 2 quilômetros antes do evento já há painéis luminosos, de tamanho considerável, indicando a necessidade de redução de velocidade.

No nosso país, quando a sinalização está 200 metros antes, já é um feito considerável. Muitas vezes a sinalização está junto com o obstáculo (obra, falha na estrada, acidente, etc.).

O acesso limitado (veja as rodovias estaduais de alta velocidade de São Paulo, como os únicos exemplos corretos no Brasil) evita a entrada de veículos em baixa velocidade, num fluxo de tráfego de alta velocidade.
O mesmo se aplica às saídas da rodovia. Na maioria das BRs, uma placa (quando há uma) indica “Saída a 200 m”, como se alguém pudesse reduzir a velocidade em 60%, para sair da pista principal, sem provocar freadas bruscas nos veículos que estão atrás.

E os limites de 40 km/h em frente dos postos das Polícias Rodoviárias (Federal ou Estadual)?

Quantas vezes você vê, realmente, um policial de pé, ao lado da pista, olhando os carros que passam e, eventualmente, parando um deles para fiscalização? Não sei no resto do Brasil, mas no Sul e no Sudeste, quase nunca.

Muito mais importante e de maior resultado, seria a construção de balanças para controlar o excesso de peso nos caminhões. Na Serra do Mar, sentido Sul, no Paraná, quase todos os dias há acidentes com caminhões que não conseguem fazer certas curvas (sempre as mesmas). Por que? Porque a curva é mal construída e os caminhões estão com excesso de peso e não conseguem diminuir a velocidade e completar a curva! Dois problemas, única e exclusivamente de responsabilidade das autoridades (leia-se DENIT e ANTT). E as balanças continuam fechadas ou operando precáriamente.

Mas, toda vez que há um grande acidente, o Inspetor da PRF ou o Oficial responsável da Polícia Rodoviária Militar sempre apresenta o condutor como o único responsável pelo acidente, por não ter “respeitado a sinalização”.

Sinalização?

Seja nas rodovias ou nos centros urbanos, sinalização viária no Brasil (horizontal ou vertical), é uma piada. De mau gosto.

Um comentário:

  1. velocidade e auto estrada são conceitos desconhecidos no Brasil.

    Enquanto continuarmos a ter a velocidade apontada como causa de acidente rodoviário, não teremos evolução significativa na prevenção dos acidentes.

    Já trafeguei muito na Europa, onde as velocidades máximas excedem os 110 km/h e praticamente não encontro acidentes na estrada, e quando acontece na maior parte das vezes é causada pelo falta de habilidade/consciência dos condutores.

    Estradas devem ser confinadas, impedindo que sejam cruzadas por animais de quatro ou duas patas.

    Velocidade deve ser calculada levando em consideração o projeto da estrada.

    Acidentes são evitados com educação e ações pró-ativas. Não adianta montar bloqueios para ver quem bebeu... isso deve ser feito na porta do bar antes do motorista sentar atrás do volante assim como não adianta parar o motorista imprudente no acostamento, ele deve ser retirado da estrada inicialmente e em seguida impedido de continuar dirigindo.

    Os absurdos acontecem porque são tolerados. A punição é o único fator eficiente na atribuição coercitiva do Estado e, infelizmente, é o único fator que a sociedade tem certeza que não existe.

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