sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

Capacete: restrição de liberdade ou segurança necessária?


Muita gente critica o Código de Trânsito Brasileiro pela exigência do uso de capacete por motociclistas. Argumentam que é uma atitude invasiva e que seu uso deveria ser opcional, respeitando a liberdade de escolha de cada um.

Eu usei capacete desde que comprei minha primeira motocicleta, uma Honda CB50, em 1971. Confesso que não usava capacete antes, quando passeava de Lambretta por Três Rios, RJ, onde morava na minha adolescência. 
Não me lembro quando foi tornado obrigatório o uso do capacete (acho que foi em 1991), mas eu reconhecia sua necessidade muito antes que isto acontecesse.

Estas reminiscências surgiram depois de ler um artigo sobre o que aconteceu no estado de Michigan, nos EUA.

Michigan revogou a obrigatoriedade do uso de capacetes por motociclistas em 2012. Agora, o primeiro relatório oficial sobre as consequências foi divulgado.

O números são trágicos. De 2013 a 2015 dobrou o caso de mortes e triplicou o caso de fraturas de crânio em acidentes envolvendo motociclistas. Este crescimento é assustador, quando comparado com o fato de que somente 24% dos motociclistas envolvidos em acidentes não usavam capacetes.

Vejam isto: uma redução de 24% no uso de capacete resultou em 100% de aumento de fatalidades nos acidentes e 200% no aumento de traumatismo craniano.

Este números falam por si só. E vejam que estamos falando dos EUA, onde as ruas e estradas tem pavimentação impecável e sinalização que é padrão para todo o mundo.

É uma tremenda sensação de liberdade, admito, mas . . . 
Agora imagine o que aconteceria no Brasil, com as péssimas ruas e estradas onde somos obrigados a trafegar, com sinalização precária e motoristas e motociclistas cometendo os maiores absurdos no volante e no guidão!

O uso do capacete não vai garantir que você vai sair ileso de um acidente. Mas as possibilidades de redução das consequências são incontestáveis.

Pense nisto e pilote sempre com segurança.

10 comentários:

  1. Em minha opinião e experiência (cai duas vezes com a minha) - Tem que usar!!. Wilson excelente abordagem. Parabéns.

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  2. Roque, como vc, uso capacete desde antes da obrigatoriedade, sou 100% a favor do uso, mas 100% contra a obrigatoriedade, por uma questão de princípio. A obrigação do Estado é se preocupar com a segurança ativa, ou seja, conservação das vias, sinalização, policiamento, etc. E é função do cidadão preocupar-se com a segurança passiva, manutenção do veículo, equipamentos de segurança, etc.
    O que vc mais se ve hj em dia é o Estado não fazer a sua parte e criar um monte de obrigações ao cidadão. Isso vale não apenas na questão da segurança viária, mas em quase todas as outras áreas como segurança publica, saude e educação. Para mim, a obrigatoriedade do uso do capacete é tão incoerente quanto a lei que obriga as motos a instalar antenas corta pipas ao invés de coibir o cerol. Abraços e parabéns pelo blog.

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    1. Jayme, concordo plenamento com você. Sou contra o Estado inchado e também acho que no Brasil o governo se mete muito na nossa vida, sem cumprir com suas obrigações constitucionais. Educação em casa e ensinamento nas escolas deveriam ser suficientes para conscientizar todos os cidadãos a cumprirem com sua segurança. Obrigado por acompanhar o blog.

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    2. Concordo com sua opinião, Jayme.
      Por princípio sou contra a obrigatoriedade. Na prática a lei não me atrapalha, já que uso (e usaria também sem lei). Fico ainda mais incomodado é com bobagens como selos e refletivos.

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  3. Parabéns pelo tema. Sou policial e motociclista, como estas estatísticas apontam, vejo na prática do dia a dia as sequelas deixadas em motociclistas e passageiros que não usam capacetes abotoados ou com a jugular fixada, pois soltam com facilidade em caso de acidente. Tragédias e sequelas irreparáveis acontecem no interior do Brasil, onde muitas prefeituras por questões políticas e eleitoreiras deixam de cobrar o uso do capacetes e de aplicar a lei. Desde do advento do novo CTB, o trânsito foi municipalizado, e cabe aos municípios aplicação desde, podendo a polícia fazê-lo só em caso de convênio com o município, exceto nas vias Estaduais ou Federais, mas como os município são maioria, se der uma volta pelo interior do Brasil, principalmente no Norte e Nordeste, verás que a obrigação do uso do capacete é relegada a segundo plano.
    É preciso conscientizar as pessoas sobre a importância do uso do capacete, e que este salva vidas!
    Abraço

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  4. Obrigado, Robson. E obrigado por seu trabalho como policial. É um absurdo o que fazem estes municípios. Uma vergonha!

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  5. Concordo com texto e comentários. Porém, se entrarmos na prerrogativa de que devia ser por uso uso consciente, e não por proibição, vamos cair em diversos outros posts do próprio blog, como o comentário sobre a Câmara dos Deputados.
    Apesar de contra, sou a "favor" da obrigatoriedade, pois somos uma sociedade em involução, onde o recomendado não é seguido e o proibido é criticado.
    Só é possível mais liberdade quando as pessoas são mais ponderadas em suas ações.
    Eu uso capacete por me sentir seguro, não usar capacete não é o panteon da liberdade e prazer, até imagino as vezes como seria sentir aqueles besouros que meu capacete esmaga se fosse direto na minha testa, rsrs.
    abs
    Rodrigo

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  6. Comandante, voto com o relator.

    Como já sabe, sou do tempo em que capacete era opcional e usava o capacete mais tempo no cotovelo (possibilidade de quebrar o braço em dois lugares em caso de queda) do que na cabeça, mas foram outros tempos com menos agentes envolvidos: menos carros, menos ônibus, menos caminhões, sem vans de transporte alternativo e menos pessoas na rua.

    Hoje, cobrar o uso do capacete é tentar diminuir o número de acidentados fatais e é uma questão de saúde pública, embora continue defendendo a tese de que se vou pilotar sem acidente não devo repassar o custo de acidente para o Estado, devendo (ou não) ter um seguro para isso.

    Medidas mais efetivas devem ser tomadas para aprimorar a educação dos agentes envolvidos no transito: mais cursos de pilotagem defensiva (incluindo nisso carros e veículos pesados), mais cursos de conscientização de ciclistas e pedestres e menos "picuinha" para defender pequenos cartéis como a exigência de transitar apenas com equipamento aprovado pelo Estado.

    Não se pode recuar na fiscalização do uso do capacete e precisamos de um amplo debate antes de tornar o uso facultativo.

    Abraço

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    1. Segundo a legislação (como se isto importasse alguma coisa . . .) a grande parte do arrecadado com multas deveria ser destinado à educação e conscientização no trânsito. Não me lembro quando vi uma campanha nacional de educação no trânsito. Acho que foi antes de ter ido morar no exterior (1995) . . .

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